trabalhar em uma tese de doutorado realmente afetou meu engajamento blogueiro; não me despedi de 2021 nem de 2022. despeço-me de 2023 com apenas 10 postagens no blogue principal (contando um comentário sobre como uma tese se desdobra inadvertidamente; um outro sobre um assunto da tese – os indiscerníveis, embora sob o ponto de vista mais relaxado da confeitaria; minha apreciação de steppenwolf, do hesse; uma reflexão sobre um concerto de 20 anos atrás em que bati palmas na hora errada). de modo que é de bom tom dizer que terminei-a (a tese), realizando a defesa em julho e o depósito final em outubro. “a música como arte: significação musical e a ontologia da obra de arte de Arthur C. Danto” pode ser acessada no repositório da UFMG. ademais um ensaio que acabou ficando de fora, comentando um pouco também sobre o trabalho da rrayen e do marco scarassatti, virou um capítulo de livro; outro, em cima da noção de modos de presença do rodrigo duarte, virou outro.
o blog 馬鹿, coitado, foi completamente abandonado. em 2022, entretanto, houve vários comentários, alguns interessantes, como sobre um certo prometeismo no anime bna, do imaishi; considerações metodológicas a partir de um filme de jacques tatit; uma apreciação generosa do matrix 4. em 2021, uma defesa do livro dos irmãos strugatsky contra o filme stalker, do tarkowsky; um texto-resumo apaixonado do genial episódio 1 do anime shin mazinger z.
e já que mencionei postagens dos dois anos que estive em falta, faço uma seleção de meu blogue normal, em 2022: teste da copa comenta sobre como a ideia do cancelamento não funciona com pessoas poderosas (neymar, por exemplo); capivara de espinoza se posiciona contra os arroubos perspectivistas (quanto à determinação da identidade); segredo critica um tropo comum do heroísmo – a escolha infernal; machado da restituição e harpa da perfeição é um belo texto sobre equipamentos mágicos. e em 2021: torrada, elaborando sobre ter e comer o bolo; assinamento, o contrário de cancelamento.
aproveitando o limbo acadêmico na segunda parte de 2023, lancei um pequeno álbum de paródias musicais concebidas em 2007 (incluindo o-bla-di o-bla-da), resgatando também o projeto da época de trabalhar a partir de músicas dos beatles, ao piano (mais sobre isso ano nesse ano). com bizzotto e scarassatti, gravamos ao vivo na casa fúnebre. o trio QI, além quartas de improviso temporada 16 se apresentou também no praça 6, que continua forte, duas vezes por ano. não obstante, meu trabalho mais importante mesmo foi lançado no final de 2022: palavra-palavra traz várias reordenações em ordem alfabética de clássicos do brasil (como faroeste caboclo, geni e o zepelim, diário de um detento, o hino com a fafá de belém…). (teve também o projeto insano de masterizar as 107 faixas da coletânea ceasefire now, em pról de uma associação de mulheres da região de gaza, como maneira de ajudar os selos envolvidos a ajudar essas mulheres)
dei duas oficinas do jogo musical cobra, relembrando os idos de 2014, quando o aprendi com o coletivo d’istante. encerramos no QI178, na casa fúnebre; o outro ocorreu na UFMG, como professor convidado de uma disciplina. toquei duas vezes na neu niterói, um dos mais ativos espaços da cena de música experimental carioca atual. a primeira com projeção ao vivo por tetsuya maruyama, a segunda fazendo uma versão ao vivo de meu vídeo dois improvisos duplos, de 2021. repeti esse show no lugar sem nome, em sampa, novo espaço sob o mário. em fevereiro já tinha estado por lá, em residência com o trio infinito menos e mostrando vídeo bug biziu, feito com a carol (ainda não publicamos na íntegra). aliás, em maio, mudei para morar com ela. demos voltas na pampulha de bicicleta. jogamos ping pong frequentemente (outros QIs aconteceram – houve um envolvendo ping pong inclusive, em colaboração com o música quente). organizei um ou outro boteco ruído, continuando a colaboração com a kasa invisível. continuei com meu grupo de estudos quinzenal de filosofia da música. continuei jogando futebol semanalmente aos domingos de manhã. continuei estudando japonês: consegui conversar com alguns nativos, no ICA aqui em BH – congresso internacional de estética.
li 83 livros, ou devo dizer – apreciei? (uma parte deles foi no formato áudio – aderi totalmente a esse tipo de fruição – e dá para acompanhar a guerra dos tronos, durante faxinas e caminhadas). o que mais gostei, de longe, foi blue mars (marte azul), do stanley kim-robinson. a trilogia de marte tomou o lugar, aliás, de melhor série de livros que já li (li green mars em 2022); a origem das espécies do darwin realmente vale a pena, mesmo para os ignorantes em biologia, como eu; tomasello foi o cientista da vez, dá vontade de ler mais; brandom e sellars são autores do coração; o ensaio do mishima brilha, apesar do conteúdo altamente duvidoso; bregman continua fofo e interessante; e forever peace é o melhor de handelman – ficção militar por pessoas com experiência militar tem realmente outro caráter – mais deliberação e reuniões, menos tiros e bravataria. dos álbuns e séries que recomendo acho que vocês terão notícia em breve.
postado em 29 de janeiro de 2024, categoria comentários : 2023, ano novo, remendo-caos, retrospectiva
2019 teve essa característica marcante de nos comprovar a vocação de nosso querido estado nação (ouçam essa maravilhosa versão do hino) de vir a ser uma jesuscracia, estado fundamentalista religioso neopentecostal, com uma vanguarda nazista acoplada a uma elite entreguista, a acelerar o apocalipse. rumo ao futuro da década de 80, md geist ou cyborgue. imaginem se deus realmente existisse. quem diria. mas estava tudo aqui, ao mesmo tempo. com direito a um saudosismo 70, década que, a julgar pelo zero do loyola-brandão, não era nada animadora. e uma falta de pés no chão dignas de cenários de anime. o sobre o psl pode-se dizer muita coisa, acusar principalmente, mas que eles tem cumprido o que prometeram, ou o que era evidente que tentariam ou acabariam empurrando, disso não há reclamações. (há, óbvio, reclamações de que eles estejam cumprindo o que prometeram.) é um desastre. mas só está começando. como joão, antes de ser felpudo, só começamos a deixar as unhas crescerem. e claro, é bem mais fácil estragar e fazer na irresponsabilidade do que o contrário, então tampouco há mérito nisso.
estamos, portanto, longe do comunismo de luxo totalmente automatizado. mesmo assim, já tomei meu tempo para elaborar aqui uma lista de sugestões de edificações. enquanto isso, continuo enfrentando problemas mundanos mais diversos e tirando conclusões sobre porque as operadoras de comunicações oferecem telefonia quando queremos comprar serviço de internet. isso porque o cachorro rufo morreu e eu mudei para uma casa bem mais modesta, de fundos. tentei inovar e fazer as faxinas ouvindo audiolivros. os 4 primeiros do duna. o ciclo completo de cthulhu. o guia dos mochileiros da galáxia.
em que pese o cenário político, continuei na batalha por uma boa vida. pela primeira vez fizemos, eu e matthias koole, quartas de improviso com patrocínio, temporada 11 no teatro espanca e 12 na galeria mama cadela. também toquei um show bonito com os colegas hartmann-josé-koole-scarassatti. houve um do epilepsia impressionante no poderes do som, em florianópolis, mas sem registro. quem sabe ano que vem não desenvolvemos e lançamos algo. temas comuns ao dia nacional do combate à humanidade desse ano: morte e código morse via micropausas. também toquei no encerramento da mostra de cinema de tiradentes, com koole-carneiro-depeauw-koole e convidados. e na virada cultural bh, com 1mpar-cyrino-koole-rocha. já o infinito menos fez um showzaço no fosso, com meu sistema de cartas de improvisação, e depois uma inusitada apresentação sobre o que supostamente seriam nossos esportes prediletos. espero ano que vem lançarmos algo.
contra a municipalidade de bh, consegui realizar mais dois praça 6, música de ruído em praça pública, com shows de criptido e doppel (#5) e paulo dantas seguido de nanati francischini (#6). gravei mais 5 blitzkrieg noise‘s, mas só o do fefo foi ao ar. o clipe da daphine jardin também esperará 2020. comemorei os 36 anos com minha primeira exposição (solo) retrospectiva, tudo junto separado, num esforço grande de mostrar quase tudo e tocar, inclusive uma nova versão de mor moning just m a (que espero retomar em 2020). também prometo aos colegas a versão com 64 playlists diferentes de solo discoteca, que tanto demora a sair.
finalmente publicamos, eu e outros três, a revista sobre as experimentações pedagógicas em arte e tecnologia realizadas na escola oi kabum! bh. embora já um pouco passada a hora (a escola fechou em 2016), várias considerações são pertinentes. cada vez mais precisamos repensar o ensino. também meu álbum de improvisação musical solo saiu, verãozão, gravado em janeiro de 2018. duas peças gravadas em 2015 e 2016, também finalmente sairam, nas coletâneas eram os deuses terra-planistas? (quando da revolta terra-hiberbolista), e noise invade vol. 4 (sobre como edificar um prédio abandonado).
foram 35 postagens no meu blogue raiz, e mesmo com a idade (do blogue, não a minha), interessante notar que ainda não tinha relatada a anedota sobre a cachaça e o bem em si, de meu avô eizaburou. já sobre mim, rumo à meia idade, só agora descobri o que é um chupão. de 2013, resgatei ao menos três boas histórias do undo. daí lembrei dos meus vizinhos de são paulo, de antes. as pessoas em geral não gostam, mas eu acho que francisco alvim descobriu algo, nos poemas mini-crônicas. uma forma. gosto de experimenta-la e no ano vindouro continuarei. de uma prosa de adília lopes, tirei uma lição sobre a beleza, elogiando a mediocridade, especialmente ao ouvir de uma amiga que esta queria ser como a mulher que viraria a sereia das pernas tortas.
vire e mexe, vocês sabem, me acometem coceiras anti-anti-generalistas. cansa-me aquela desautorização das caixinhas que é a maneira ainda mais geral de criticar algo sem entrar em pormenor algum. na arte, uma irritação relacionada surge ao presenciar defesas da inefabilidade contra a determinação. talvez os argumentos lembrem algumas colocações de wittgenstein, como às vezes me acontece. certamente, as considerações contra a ideia de que não ter regras seja uma regra caem nessa categoria. outra contenda no campo musical esboçada é aquela em favor da complexidade na música conceitual, recusando os ultrapassados clamores por simplicidade. ainda outra contrariedade, já perdurada, também obteve expressão, a da ordem dos elementos no sexo, drogas e rock’n’roll (sempre aplicada erroneamente).
continuei a ter sonhos banais, incluindo dois um pouco mais interessantes, sobre despertar com despertadores. comecei a usar o goodreads, com um grupo de leitura de ficção, aberto a inscrições, café com livro. (o site deletou duas discussões, pediu desculpas, mas não as colocou de volta, então, ainda não sei o que dizer sobre lá. mas participem…). confirmei que continuo lendo entre 40 e 50 livros por ano. dado que entrei na ufmg, doutorado em filosofia da música, e lá tive aulas e estágio, li muitos livros a trabalho. dei uma aula sobre o fragmento das máquinas de marx e duas outras em cima da questão da técnica de heidegger (daí a aparição de algo do ser e tempo no comentário sobre kimetsu no yaiba e lupin o terceiro). por essas e outras (como a aparição da dialética do esclarecimento num texto sobre caroline & tuesday), e com uma aula sobre o realismo capitalista do mark fisher, gastei um bom tempo escrevendo e revisando 6 artigos. só que o tempo é outro e ainda não posso compartilhar nenhum. das leituras, recomendo o absurdamente incrível cyberpunk-pornô copacabana santa clara poltergeist, do fausto fawcett, e o cheiro do ralo, em linguagem laminada e cruel, do lourenço mutarelli, obra prima. hqs: não havia lido ainda antes do incal, do jodorowski. preciso procurar o depois e os tecnosacerdotes. apesar do esquematismo lutinha e história estou num pesadelo, blame me impressionou pela arquitetura do seu mundo. (para os melhores álbuns e animes, sigam o outro blogue, em breve).
no blogue baka foram 20 postagens. finalmente vi a terceira temporada de twin peaks e comentei sobre a catatonia de dougie jones. reclamei do silmarillion do tolkien, porque não entrei no espírito. comentei sobre a debilidade do simbólico, em ano hi mita hana; sobre a necessidade de conexão social em sarazanmai; sobre a ideia de segundo sexo em gokudolls; sobre uma das inversões de samurai flamenco. da série redescrições – “escancarando” (tradução para spoiling), tentei agora o absurdo, pornográfico e tão ruim que interessante, trem bala da luxúria zetsu rin-oh. comentei sobre nonsense em animes, e listei algumas quase obras primas, com seus impedimentos.
postado em 1 de janeiro de 2020, categoria reblog : 2019, remendo-caos, retrospectiva
mais um ano passa. continuo estudando japonês, com certo afinco. o colega paulo dantas já me cantou a bola: o próximo passo é entender que japonês não se aprende rápido. ainda chego lá. continuo a traduzir canções: o hino, yokohama das luzes azuis, coisas de idols adolescentes acompanhadas de banda de new nihon pop complexity, indie nipônico e a canção do devilman crybay (um anime bastante battaliano, por sinal). também tentei entender o artigo de 1983, em que pela primeira vez figura a palavra otaku (agora incorporada por mim – passei dos 500 animes no mal, vendo muita coisa dispensável ou quase). traduzi do inglês o encarte do álbum um expediente desesperado, do thomas bey william bailey, que cortesmente me enviou seu novo livro (sobre sinestesia). também, uma transcriação de um curioso texto sobre responsabilidade masculina no aborto (de outro modo, também re-escrevi a história do bizarro o perseguidor maculado). a novidade mesmo foi ter começado a jornada pelo francês (voyage voyage, ella elle l’a), traduzindo uns textos do le monde. mas por uma decisão judicial estranha, a prova de línguas passou a ser eliminatória na ufrj e eu com 10 meses de estudo apenas fiquei enfurnado lendo paul virilo pra me preparar, o que me levou estranhamente a comentar sobre a animação de miyazaki, laputa o castelo no céu.
meu blogue esteve medianamente ativo com 29 postagens, mas meu blogue baka esteve bastante ativo, com 29 postagens. somadas as 58 fecha-se 60 com os sonhos sessentistas de obras com pernilongos e vagalumes (uma delas dedicada à amanda costa) e 53 sons não-intencionais (que eu queria que algum dia matthias executasse). tons nietzscheanos estão aqui e ali (nietzsche, o blogueiro original). o julgamente vespertino aparece duas vezes, uma no filme arábia e outra no adeus da paixão. a qualidade total comparece como charlatanismo, e são dois os tipos de eugenia, vide os cachorros. o desprezo ao dinheiro é certamente uma virtude adolescente. a situação política tosca e irracional me levou a elaborar sobre as eleições, misturando extrema ingenuidade com sobriedade local. sempre fiquei indignado com a simplicidade das narrativas como a de heróis galácticos, mas agora acho que elas eram apenas realistas. tal como a situação no maravilhoso baronesa. inventei poucas coisas, mas recomendo fortemente que capitalizem minhas raquestes elétricas.
escrevi apenas um conto, envolvendo pesadelos com escovar os dentes; uns poemas sobre levar foras e passear por aí; sobre panelas de teflon. também uns provérbios de gente largada e mais uma tentativa fracassada de participar do carnaval. só há, e a culpa é do facebook, onde esse tipo de coisa é tão popular quanto fotos ensolaradas, uma boa crônica, situada na ciudad del leste. ao invés de meditar fiz muitas outras coisas; como baixar toda estranha que gostava do tumblr (oh, a decadência da internet).
a daphine jardin lançou seu primeiro álbum, supostamente em uma festa do tudos, primeira tentativa bem sucedida de música relógio, embora fantasmagórica. marco scarassatti foi a um show e disse que foi o melhor do ano. o epilepsia finalmente soltou seu álbum de estúdio, gravado em 2013: death raving. eu gosto muito dos nomes que dei para as faixas: delirando mortes, ovo negro, sonhos na xerodrome, pombas sexo hipnose, tripofobia. há coisas que tomam tempo, mas valem quando deslancham. pedro durães, pela primeira vez mixando noise, me colocou do seu ladinho, pra ir aprovando seu trabalho. o que você acha? tentaí. (o que me lembra a moça carioca da prova sem questões de filosofia em que fui o único a relutantemente levantar a mão e posar a questão: “mas e a pergunta, não tem?”, ao que ela disse “escreve aí”. [taca-lhe pau, mete bronca, quebra tudo mermão.])
em janeiro, tive a oportunidade de participar da residência verãozão, mas as histórias vão ter de esperar eu chegar a alguma conclusão sobre o álbum duplo de improvisação que lá gravei (que ao meu ver, está de alguma forma chato). o dia nacional contra a humanidade foi cancelado. a compilação musical das quartas de improviso não saiu, mas o vídeo comemorando 101 edições sim. fizemos apenas 9 nesse ano, por dois motivos. concentramo-nos nas séries com convidados, boteco ruído, com as extensões domingo titânico e arquipélago: concerto para fones de ouvido, além do solo do campello. depois, ganhamos finalmente um edital, para 6 temporadas com dinheiro, desde que aconteça a captação. então, ficamos na expectativa de 2019. ademais, ficar parado pra quê: a pedido do felipe lopes e com sua produção, organizamos os shows de música de ruído em praça pública – o praça 6. com isso resgatei uma ideia antiga de intervenção musicais urbanas, com câmera parada e sem combinação prévia – o blitzkrieg noise (panzer vor!), um pouco filho dos microshows de 2011-3. tinha ganho o a cidade e a cidade, do mieville, e escrevi:
Há uma cidade oculta dentro de BH. Uma cidade sobreposta na cidade. El Orizon é seu nome. Escondida, mas visível a olho nu. Invisibilizada por uma barreira MENTAL. Em El Orizon a música não se organiza através de melodia e harmonia. Pode se dizer que aqui, pop é ruído. Os músicos chegam à Praça 6 (tudo em EO é menor) e atacam texturas, jogos gestuais, sonoridades e caminhos energéticos. Para os Belo Horizontinos talvez isso pareça Caos, e eles não entendam de onde vêm essas buzinas e motores esquisitos, não conseguindo ver os ruidistas. Mas os El’orizones se reunem, jubilam, exultam. Há uma praça dentro da praça.
diminuímos o ritmo de lançamentos da seminal records, com 11 esse ano, com direito a um vídeo retrospectiva dos primeiros 61. em dezembro o novas frequências me pediu algo sobre a tropicália, então finalmente ouvi um álbum da gál do caetano dos mutantes do gil inteiro. toquei também na série dupl•s no sesc consolação, onde fiquei em um hotel que não podia me dar curativo apesar da porta do elevador ter macerado minha mão e no qual estava escrito grande que quem fumasse pagaria multa de r$300, mas o meu vizinho não. passei pelo ex tre ma, com um protótipo de nova música do epilepsia (micropause abuse). antes disso, de outras coisas, só zapata mesmo, cortesia natacha maurer-mário del nunzio. concebi o nome: GrRrRrR. outro nome, pra um espetáculo da dorothé depeauw e do matthias – bols & warp (pensei no mercier & camier, do beckett).
sobre a cultura pop, comecei com uma explicação de porque acompanhar listas de álbuns do ano, seguida da própria lista de 2017 (aguardem; sairá a de 2018, e já publiquei sobre anime do ano, um teatro de bonecos de porcelana tailandeses). continuei a odiar live actions, mas elaborei sobre. também opinei sobre o pior final de livro de todos os tempos e porque abandonar o jogo de filhinho papai de minha academia de heróis.
de temática vaporwave, de futuro perdido, megazone 23 mostra o descobrimento do que está debaixo do tapete, um tema platônico [da caverna]. ovo do anjo tem uma cena fantástica sobre o papel da esperança. kaiba diz muito sobre a desigualdade enquanto ideologia. santo seiya, lá da minha infância, já apontava a paixão por listas e a ideia da luta sem luta ser uma espécie de jogo de xadrez.
editei os vídeos da tábua mobile e sua queima de 2016 em duas partes; eu e matthias koole sentamos e improvisamos umas duas trilhas pra vídeos descontraídos da dayane gomes. a queridíssima andrea krohn, lá das alemanhas, me pediu algo: rebutei a trilha de augury pra ela. queria assistir ao patema invertida de cabeça pra baixo, invertido. tomei uma infração de copyright (leia-se: “permissão para advogados impedirem alguém de ver algo”). por algum erro do algoritmo do youtube, ainda está funcionando no meu blogue. a compilação de todos os finais de episódio de berserk continua sem denúncias, oh o destino.
dei uma comunicação e toquei no colóquio mark fisher: realismo espectral; participei da exposição coletiva abdzr com harry & tom e umas fotos; baby tocou no rádio. estudei robert brandom com a patrícia kauark e o thiago decat. sequelas vocabulares podem ser encontradas nos meus comentários sobre o filme wittgensteinino assassinatos em oxford, bem como nos comentário que me senti obrigado a fazer, quando da atuação verbal absurda do presidenciável eleito (a criar um apito de cachorro à brasileira, ou burro ou completamente anômalo inferencialmente, a falsa sirene). aliás, a nuvem amnésica em vanguarda de guerra circulação sanguínea é uma questão de intencionalidade. estive antes disso estudando o básico de lógica, o que refletiu na formulação da anti-orgia, bem como em preocupações com negociações salariais que tive, e na formulação do amor assintótico de onara gorou. cheguei à conclusão que o grande problema do jornalismo é sua lida deletéria com os quantificadores existenciais.
parei com as resenhas na linda, exceto uma de um ao vivo 8 bits da rrayen. meu artigo fim do noise: pop como ruído, foi publicado. reestudei o danto, tentando doutorado. tenho ainda de ler descartes, pela primeira vez, pra ver se consigo uma bolsa. enquanto isso, 3 meses como oficineiro no arena, gravação e edição de som. poucas horas, pegando grana emprestada. quem sabe isso muda (sim). os convites para cafés em casa devem continuar. nos piores dias artistas e escritores sentem-se como um super sentai na chuva.
postado em 31 de dezembro de 2018, categoria reblog : 2018, remendo-caos, retrospectiva
2017 foi um ano estranho. saio dele querendo ser mais vencedor que herói. talvez minha arte pudesse ser mais cultura. o mundo, sempre voltando a pedir “as tarefas de casa”. um dia, plantei mais de 30 sementes e nenhuma germinou. meus horários de avião foram péssimos. aprendi a fazer coisas tendo dormido pouco. dos 18 editais mandados entre janeiro e março, passei apenas nas duas oportunidades que não fazia questão (uma delas, a estréia de uma versão comédia-free improv do livro da certeza, de wittgenstein, sem ganhar um tostão). então, reclamei. como percebi que não ganharia dinheiro algum, dada a estratégia política pateta dos gestores para a área de cultura, pedi para colegas me convidarem a trabalhar, em troco de viagens. assim, fui à joão pessoa, tocar o brasil não chega às oitavas, com c.h. malves. passei por recife, e toquei com o hrönir, na série rumor (a mixagem desse show segue as lições de karkowski). também estive pela unila, para uma oficina de edição de som e um show. gravei um passeio às cataratas do iguaçu, lado brasileiro. de trabalhos, pude receber algo muito próximo do mínimo permitido, ao editar as 10 horas do impeachment para o manifestação pacífica. no sesc, com uma obra absurda do infinito menos (3-tríade-∆-trio), ganhei bem mais, mas na fea, quando tocamos mesma coisa e dependíamos de bilheteria, aí nem conta. ademais, fui curador no fime desse ano, e escrevi um texto sobre o processo de seleção dos artistas.
senti que estava velho, com provérbios envolvendo sabedoria (da boca pra fora). tirei 68.5 numa prova de doutorado da qual passaria se tivesse tirado 70 (cuja base era esse artigo sobre o fim da música). fiquei gripado pelo menos 8 vezes. finalmente expliquei o meu amor pela coleção particular, de georges perec. e também o episódio de odisseu e as sereias, que tanto me fascinava. aproveitei e falei sobre um episódio bíblico, tanto curioso quanto enervante. escrevi dois bons poemas: arte contra a vida e todos os meus amigos. escrevi um belo conto sobre repressão e dinheiro. quis comentar sobre assuntos atuais, mas felizmente, a pós-verdade durou pouco (a hype do star wars, por outro lado, tenderá à eternidade, com novos e novos filmes). a mel, a gata que morava comigo morreu, mas deixo os pêsames pra outra postagem. uns artistas, meus conhecidos, quase viraram memes de satanismo. os humanos (e os evangélicos andam muito humanos), afinal de contas, são animais. mas isso não muda nada. ou então – sou um pouco mais feliz com protetores auriculares de titânio (evitando, de quando em quando, a nicole). se um alienígena enorme aqui chegasse, a questão não ia ser cognitiva, mas sim a diferença de tamanho.
dos trabalhos grandes, realizei o harry and tom, coleção de todas as aparições de nomes dos personagens harry potter e tom riddle, durante a filmografia do herói. ninguém deu bola. eu gosto muito do filme. também montei uma vídeo-instalação, dead and dying pixels, no luthier bar. estivemos eu e matthias por lá, com mais duas temporadas das quartas de improviso, com 22 edições e chegando ao número 110, além de 5 noites de boteco ruído, com artistas convidados. o apê amarelo da maria e do miguel deram o apoio inestimável. o 4e25 assumiu os cartazes, e esse ano o matheus colaborou no dia nacional contra a humanidade, executando também o logo do homem-cão que mija. o luthier fez um ano glorioso, mas acabou fechando as portas (há continuidade para os bares legais e aventurosos ou o capitalismo alcóolico é pura mediocridade?).
finalmente terminei meu álbum coleções digitais. demorou umas 600 horas de trabalho, em 8 anos. alguns amigos deram bola, mas passou quase desapercebido, embora sem sombra de dúvida, tenha sido o melhor álbum do ano, do planeta terra (mais sobre isso em breve). mas foi sofrido (leiam o encarte). queria morrer ao ver que a faixa que coletava todos os gritos do michael jackson tinha 36 minutos. a solução foi transformá-la em um outro álbum (espero ansiosamente a malware pra retomar o plano de lançar em k7) e depois retrabalha-la, amostra por amostra, retirando trechos melódicos, diminuindo a música para 19 minutos. após isso, ainda masterizar, sempre estranho quando se está saturado de escuta.
outros álbuns que masterizei foram o casa acústica, do scarassatti, sob a orientação de paulo dantas, no @nll, e o 3 solos, do mário del nunzio. e o sr 3 anos, que coordenei, com o louco projeto da versão 24 horas (e haverá edições limitadas físicas do livro-zine, com arte gráfica da sanannda).
continuei estudando japonês. é um projeto de anos, coisa lenta (não consegui nem dar uma palhinha com um dos meus ídolos, otomo yoshihide). dei uma pesquisada na escrita chinesa li um pouco de gramática. comecei meu blogue 馬鹿, projeto de crítica do pop. as melhores resenhas de animes foram as desventuras do pão queimado (こげパン), assassinos de ninjas da animação (ニンジャスレイヤー フロムアニメイシヨン) e gurren lagann e o prometeanismo (天元突破グレンラガン), três séries que não posso deixar de recomendar. o filme que me empolgou foi o clássico de terror japonês pulso (回路). acabei usando cenas dele no videoclipe de 16h07, da daphine jardin (que de resto, é uma busca por implementar esse programa, como no seu especial de natal).
tanto pulso quanto ghosts of my life informaram minha apreciação sobre o álbum eccojams vol.1, de chuck persons e puderem se transformar numa visão minha sobre o que seriam os fantasmas do capitalismo, sob a ótica do vaporwave. na linda, escrevi bem menos. indico minhas resenhas sobre o álbum do eue, improvisos com um alto-falante alterado, e o triplo da eliane radigue, adnos i-iii.
os livros mais legais foram ghosts of my life, de mark fisher, para o qual coletei as músicas citadas (o autor se suicidou). inventing the future, de srnicek-williams, que consolidou o meu entendimento sobre o neoliberalismo e me deu vontade de traduzir e presentear. na onda da renda básica universal, panaceia mundial, li também o divertido utopia for realists, do rutger bregman – o capitulo sobre a par nixon-freeman é bem pitoresco.
finalmente li synners, da pat cadigan. prometi a mim mesmo que ia escrever sobre o uso da palavra porn, no livro, usando o beyond explicit, da helen helster como referência. ataquei o clássico da zoeira cyberpunk ancap, snow crash (neal stephenson), em que ocorre a tatuagem na testa: sem controle emocional. em uma coincidência, o tradutor, fábio fernandes, acabou, via facebook, recomendando a série de ficção inteiramente positiva que eu tanto ansiava, e assim li code blue – emergency (a sector general novel), do james white. que todos os seres sapientes sejam bons e tenham boas intenções não é desculpa para que não existam problemas. concluo então que deverá existir arte pós-utopia – adorno está errado. aliás, quem diria, em a arte e as artes, ele fala da importância do enlaçamento das artes (a tradução é do rodrigo duarte, com o qual tive meu primeiro curso de filosofia completo na vida). por fim, esse ano saiu em português o segundo livro da trilogia de cixin liu, a floresta sombria. o primeiro é o problema dos três corpos, e há algo muito interessante no fato do autor ser chinês, as referências e problemas, em meio a perspectiva de invasão alienígena (que deve acontecer no terceiro livro, ainda não traduzido).
é isso. remendando-caos, vejo que no todo não foi um ano perdido. 2018 estamos aí e se eu puder desejar algo para acompanhar os votos de 明けましておめでとうございます (feliz ano novo), seria: que possamos nos ajudar a discutir e reclamar melhor no ciclo vindouro.
postado em 1 de janeiro de 2018, categoria reblog : 2017, remendo-caos, retrospectiva
em 2016 publicarei, contando essa e a do ano novo 92 postagens, isto é, um tiquinho a mais que uma a cada 4 dias. entre elas, um dos números mágicos ocorreu. os assuntos variaram como sempre; a adição estranha no conjunto: 3 resenhas de animes. de fato, comecei a estudar japonês – um curso online que segue preceitos do linguista stephen krashen. e tenho visto inúmeras séries animadas. é natural que comece a falar delas. mas tento sempre ser curto, porque entendo perfeitamente que o interesse não seja compartilhado. ainda no âmbito “japonês”, pude formular dois provérbios abordando a noção de criatividade e imitação e ainda mais 4, existencialistas, mesclando lovecraft e bataille. ademais, voltei ao aikido: 前受身と後受身.
os provérbios ainda aparecem aqui e ali, separados ou misturados, e às vezes como poesia e na ocasião dos poemas do urso contra o cachorro, em inglês. há comentários váriados, por exemplo: sobre a essência do fogo, a memética, coisas demais para fazer em um mesmo dia e uma proposta para a construção de um museu das traças. o terror aparece ligado a interstício e a exploração de tipos alternativos de sublime; na análise de dois destinos e em uma linha narrativa alternativa para o belo my work is not yet done, do thomas ligotti. às vezes as coisas ficam tão crípticas que eu mesmo tenho dificuldade de lembrar do que queria dizer, como no caso da paródia marxista e do comentário sobre o fato da black friday não ter nada a ver, historicamente, com racismo (um texto confuso).
continuo atrapalhando me com burocracias. desajustando-me no carnaval. relatando os incômodos do transporte público em belo horizonte, chegando até mesmo a comparar certas situações com cenas do madmax. esse ano até em uma briga me meti, recebendo de brinde um soco na cara. meus cachês frequentemente não dão conta do supermercado.
fui despedido e até fevereiro ganho um salário desemprego. a escola oi kabum!, mas deixei de comentar isso, por algum motivo. quanto a preocupações pedagógicas, a incompletude e a escuridão são temas queridos.
um colega morreu. uma colega faleceu. peguei dengue. possivelmente o ponto alto do ano, o dia em que, após cessar febre, estava exausto e sozinho, e pude chorar à tarde inteira. isso foi antes das coceiras horrorosas.
eventualmente publiquei gravações: rufo cansado, passarinhos no bom fim, fungadas e falatório com música, os áudios documentais da mostra de performance vespa f(x^2) inteira, uma manhã de binauralidade, o ciclo de uma máquina de lavar. continuo indicando coisas. álbuns de música, por exemplo, ou prefácios. um dos melhores livros que li foi o senhor das moscas, de william golding.
às vezes cedo aos assuntos em voga. zizek vota em trump, impeachkitsch, sobre votar ou não, e uma tentativa de sincretismo: poke-tinder (go). naturalmente, a política aparece aí, seu cinismo atual, comentários sobre o estado oligárquico, o pato da fiesp e o patriotismo “grande mídia”; mas há também interesses mais estruturais, como os que levaram a tradução do mini-artigo do peter wolfendale: plataformas sócio-cognitivas. traduzi também uma postagem do terence blake sobre feyerabend.
as postagens com preocupações analíticas continuam: datas do natal, posturas quanto ao aborto, deus e seus referentes. prometo ainda mais p e ~p e confusões numéricas no futuro.
o melhor texto que escrevi foi sem dúvida meu artist statement, que tive a coragem inclusive de incluir no meu portfólio (sim, eu fiz um), junto à outra declaração de artista, mais correta, e que consta na plataforma nendu. forneci uma lista de referências e compilei comentários sobre uma palestra que dei no seminário livre do sô(m) sobre arte sem experiência. fiz algo parecido, facilitando o acesso das referências, para o artigo na linda impressa 2 sobre música de ruído e forma. acabei compilando também, uma sequência de capas de álbuns com gatinhos, os clássicos mais populares do mundo. também há uma lista de performances radicais, indicadas por elos nos pontos e vírgulas, com o objetivo de mostrar como minha própria arte é inofensiva.
ao fim, mais um ano se foi, com 82 rascunhos guardados.
postado em 29 de dezembro de 2016, categoria reblog : 2016, caospatch, pingback, remendo-caos, retrospectiva
não mexi na peça para flauta. não terminei meu álbum de colagens musicais. não revisei a peça para guitarra e eletrônica. não arrumei meus currículos [*, *] nem criei meu portfólio. não mixei os álbuns já gravados do epilepsia (estou a averiguar se pedro durães aceita essa incumbência) nem do infinito menos (espero que matthias possa começar esse trabalho).
os álbuns dos melhores momentos do qi não saíram, mas eu e matthias koole continuamos a organizar as quartas de improviso, com duas temporadas (05 e 06) e um especial na casa do jornalista, chegando ao número de 62 apresentações (18 nesse ano). agradecemos a todos os convidados pela disponibilidade de improvisar conosco.
não lancei nenhum álbum meu. entretanto, participei de três coletâneas da plataforma records: a natalina jesus los odia, a petrolífera oil, blood, hate (para a qual também fiz um videoclipe), e a mastodôntica operation test.
estreiei o brasil não chega às oitavas ao vivo, no festival perturbe, em curitiba, e toquei o mesmo panelaço de um homem só (ou o homem que carrega tralhas na mala) em belo horizonte (mostra novos coletivos), rio de janeiro (sr showcase), campinas (encun xiii). realizei um videoclipe para um trecho desse solo. toquei também o outro solo, éter 2 (faixa 8), em são paulo, estúdio fitacrepe.
na seminal records tivemos 14 lançamentos, alguns deles disponíveis em versão física na loja da brava. destes eu masterizei o de herbert baioco e o de marco scarassatti, usando a ideia de que menos é mais.
a partir do ano novo em copacabana, produzi um vídeo que pouca gente viu, e esse foi meu principal desenvolvimento nessa área (31|01). em janeiro, produzi dois vídeo-exercícios, da janela e estudo de autofoco, além de um gif (que preguiça, só um!). em dezembro, resgatei uma pequenina velharia que me agrada, azul.
fiz dois vídeo-convites. o do mostra novos coletivos: noite de música experimental, aplicou “colocar imagem de ponta cabeça” e figura eu e matthias levemente alcoolizados. preocupado em ser mais sério, o do bhnoise 2015 envolveu queimar uma réplica de ossadura de cabeça de cachorro, e usar gelatinas como filtros de cor, filmando filmagens (ao invés de alterá-las via software).
após um 2014 sem, o bhnoise aconteceu em 2015 (documentação em áudio, texto e fotos aqui, em vídeo aqui). desta vez, na casa do jornalista, me preocupei explicitamente em (1) incluir mulheres na programação e (2) incluir artistas vindos da área da performance. em 2016 seria bom tentar aproximar esses fazeres/pessoas e de fato, ter uma cena desse amálgama ruído em belo horizonte.
comecei uma coluna de resenhas intitulada hora da peteca: grandes álbuns desconhecidos ou nem tanto, na revista linda [está fora do ar, mas volta em breve]. comecei com anton maiden, passei por raquel stolf, tetuzi akiyama, as mercenárias, dehors, thom johnson e caroline k.. para a edição impressa, escrevi sobre noise no brasil. ademais um artigo meu, antigo e caótico foi publicado numa revista acadêmica, circundando o tal do arreferencialismo, e outro eu republiquei porque era parecido; também participei de um congresso de estética para ver qualé, falando contra a noção de experiência, mais ou menos (ou talvez não), e deixei de participar de outro, na usp.
inventei moda, os tais dos duos. [1] trocando de facebook com aline besouro, [2] com miguel javaral lendo poesia, [3] e cozinha verde-vermelha, [5] e uma melancia desidratada, um show ruído-caipira com marco antônio gonçalves, uns lambe-lambes no 4y25, [9] um potlatch com felipe josé.
foi um ano fraco em termos de danças, mas eu cheguei a apresentar o inscrição-memória-rasura no ccbb bh, em pequenina temporada no vac, em janeiro, e nesse mês participei do festival internacional de contato improvisação de são paulo (inscrições abertas para 2016).
trabalhei uma trilha para a marcella aquila, usando amostras sonoras de varèse e participei da banca de mestrado dela, na parte artística da mesma (tocamos na fau maranhão, em são paulo). nem a trilha, nem a documentação está publicada pois a marcella ainda não me mandou a versão final de seu vídeo pós-lecorbusiano.
tirei fotos, mas publiquei apenas essas, embora as de melancia tenham sido expostas. quem sabe ano que vem a série cabos de força saia (bem como espero que a dos santos-ônibus da srta. alcântara também).
o livro mais interessante que li de filosofia foi o de manuel delanda sobre deleuze, o primeiro – intensive science and virtual philosophy; incrível como seu texto, usando estilo e exemplos caros à tradição da filosofia analítica, faz o que nem um outro comentador consegue – desobscurecer. o livro de filosofia mais divertido que li foi o manifesto contrassexual, de beatriz preciado, com um grande sorriso anti-heideggeriano na cara, exceto em seu comentário ambíguo sobre a filosofia como modo superior de dar o cu, que eu desafiei pessoas a me explicarem e até agora nada (o enigma do transversalismo). não posso deixar de destacar a cyclonopedia, de reza negarestani, que nas trilhas hipersticionais deixadas pelo ccru, elabora uma ficção-teoria geotraumática sobre o petróleo como agente rumo a manipulação da política humana para a desertificação da terra. vale lembrar também que nick land, no final do ano passado, lançou seu opúsculo phyl undhu: abstract horror, terminator (outra resenha aqui), uma espécie de h.p. lovecraft melhorado, com uma teoria do grande filtro embutida. para não perder o costume, li também o bom a pasteurização da frança, do latour, com sua segunda parte tractati-leibniziana, irreduções.
sobre artes reli o danto sobre o fim, e mais algum danto, redescobrindo jesus através de andy warhol e hegel. craig dworkin foi o que mais me influenciou, um livro que começa com um capítulo inteiro sobre diferentes livros em branco. os indiscerníveis parecem circundar esse tropo.
em termos de hqs, finalmente li na íntegra o incal, de moebius/jodorowski, e o texto do dia nacional do combate à humanidade foi inspirado claramente nessa história. ficções o que mais gostei foi um surpreendente livrinho de aldo buzzi. também atrasado, li o clássico de phillip k. dick e digo que vale muito a pena. a aleph publicou em português a mão esquerda da escuridão, de ursula le guin (que já li) e também tropas estelares, de robert heinlein (que ainda não). também: história zero, de william gibson, que li adorando – faz quase ser possível entender a possibilidade de gostar do mundo da moda. minha ideia para um museu é bastante tributária da trilogia blue ant.
no meu trabalho como educador, senti que fui melhor, porque menos idealista e mais experiente. desafio mesmo será o primeiro semestre de 2016.
no meu blogue escrevi um bom poema-plágio, ao menos uma sugestão socialmente útil e uma crônica empolgante, a do gabinete de leitura português (vejam também a do rufo, abaixo). esmeirei-me ainda mais para presentear paula (o que é um problema, porque elevam ainda mais as expectativas dela na próxima rodada).
certas ladainhas sempre voltam (é essa sua função, não?): aniversários que discutem cardinalidade e proporcionalidade, a não-unidade de deus, a batalha com a sexta-feira, a impossibilidade de tocar dois sons ao mesmo tempo, ou a dificuldade de ir no banheiro. ao final, resenhei star wars 7, recomendei álbuns de 2015 e alertei sobre 4 tipos de fatalismo.
achei o ano xoxo. como se faltasse. estive tristonho, desacreditando, mas nunca desistindo (usando de auto ajuda e meditação com mantras). minhas paixões foram mais moderadas, meu entusiasmo comedido. continuei um bom filho de família. fiquei 5 meses morando sozinho (e agora tenho de desacostumar). sozinho, isto é: com a gata mel, que continua viva, mais o cachorro rufo, que depois de velho veio habitar aqui.
fui feliz, por que não? para isso basta estar vivo. vi madmax 4 e branco sai preto fica. fui à exposição de kate mcintosh. vi uma quantidade não tão saudável de animes e avatar as 8 temporadas inteiras (aang e korra). comprei uma aero press, tentei emplacar um meme, estreiei uma peça de paulo dantas, e me apresentei no mesmo palco que maria bethânia. 2016 será melhor, isso é certo!
postado em 3 de janeiro de 2016, categoria comentários, reblog : 2015, remendo-caos, retrospectiva, trabalho