felicidade

escreve ursula le guin, em a mão esquerda da escuridão:

(…) Lá fora, como sempre, a vasta escuridão, o frio, a solidão da morte.

Em tais momentos afortunados, enquanto adormeço, sei, sem sombra de dúvida, qual é o verdadeiro centro de minha própria vida, aquele tempo passado e perdido, no entanto permanente, o instante duradouro, o coração do calor.

Não estou tentando dizer que fui feliz durante as poucas semanas que passei arrastando um trenó por um lençol de gelo, em pleno inverno. Estava faminto, fatigado e muitas vezes ansioso, e tudo só piorou com o passar dos dias. Certamente não estava feliz. felicidade tem a ver com a razão, só pode ser conquistada pela razão. O que ganhei foi uma coisa que não se pode conquistar, não se pode manter e, muitas vezes, não se pode nem reconhecer no momento; falo de júbilo.

talvez isso explique o por quê de que, quando me perguntam se estou feliz, eu tenha que pensar.


postado em 19 de setembro de 2015, categoria comentários : , , , , , , ,
  1. henrique iwao » Blog Archive » adeus 2015 disse às 14:43 em 3 de janeiro de 2016:

    […] li o clássico de phillip k. dick e digo que vale muito a pena. a aleph publicou em português a mão esquerda da escuridão, de ursula le guin (que já li) e também tropas estelares, de robert heinlein (que ainda não). […]