três autores superestimados

lovecraft: a ideia de um mal inumano e inapreensível é evidentemente mais interessante que seu estilo pomposo, esquemático e verborrágico, para falar pouco do seu tom permanentemente racista e xenófobo. sua mitologia sobrevive seus contos. (uma vez tendo lido as obras mais citadas, é muito mais interessante ler nick land falando sobre, ou usando de elementos retirados de lá)

sacher-masoch: os excessos românticos e sentimentalismo transbordante não fazem de fato juz às imagens evocadas e aos arquétipos subjacentes (par não falar no ritmo de confessionário da vênus das peles, e os jogos intermináveis de gato e rato). deleuze exagera, ou desloca, mas assim consegue mais.

sade: a escrita é insípida e nela atua moralismo de quem se acha acima (e ainda, sendo vítima!) bem como a falta de interesse em cativar de quem acha que choca muito. antes fosse tudo seco e preciso. não, há que dar aulas! sorte termos um bataille após. sade tem méritos, embora a leitura de modo algum ajude. que ele fique obnublado é melhor.

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1. penso em phyl-undhu, ou a dirty joke, e as figuras que aparecem através do dr. barker.
2. digo que tudo que há de bom no livro está na música do velvet underground, com a vantagem desta ser uma das grandes canções da história do mundo.
3. não apenas o bataille dos contos, mas o erotismo e o ideal do delírio por vias do enfadonho.


postado em 16 de agosto de 2015, categoria comentários : , , , , , , , , , , ,
  1. henrique iwao disse às 11:32 em 29 de agosto de 2015:

    steven shaviro postou http://boingboing.net/2015/08/24/lovecraft-with-adjectives-sim.html

    J-p Caron ” it shows that eliminating metaphors and adjectives makes Lovecraft descriptively uninteresting. It eliminates precisely those stylistic features that you highlight in your book. To flatten Lovecraft in this way is precisely to get rid of the dynamic of a narrator trying to describe something that is indescribable.”

    Henrique Iwao mas continua pomposo, lento…

    Henrique Iwao para atualizar o lovecraft o primeiro parágrafo deveria estar escrito: “The black aperture obscured obscured parts of the walls. an odor arose from the depths, and maybe a sound. Everyone and it squeezed its immensity through the doorway out to the city. Hawkins was there.”

    Henrique Iwao corrigir significa amputar o estilo, condensá-lo, deixando a loucura aparente em cortes na escrita. assim, dispensaríamos os adjetivos, a lentidão, o clima de “pompa e no entanto estou doidão”.

  2. henrique iwao » Blog Archive » adeus 2015 disse às 14:30 em 3 de janeiro de 2016:

    […] seu opúsculo phyl undhu: abstract horror, terminator (outra resenha aqui), uma espécie de h.p. lovecraft melhorado, com uma teoria do grande filtro embutida. para não perder o costume, li também o […]