compras na ciudad del este

na entrada de ciudad del este umas barreiras de concreto mal feitas e hostis, passa-se com carro sem nenhuma revista e a ponte da amizade é cheia de grades, um grande rio lamacento embaixo e a volta congestionada, é domingo black friday, pessoas vão às compras nos edifícios-shoppings enfileirados, a entrada é como uma mistura de comércio japonês louco com letreiros coloridos, rosa brilhante e alguns LEDs, mas com cortiços cinzas semipixados com pressa, sem gastar muita tinta, espremidos junto, com os fios de energia elétrica por vezes indistinguíveis de gatos e com barracas de comércio informal de metal soldadas nas próprias ruas, e por ser dia de descanso, clima de faroeste abandonado, todos enfurnados nos prédios do consumo supremo, lá fora os que sobraram olham investigativamente sua cara, motos com 2 passageiros, rapazes nas traseiras de caminhonetes e carrões arrancando como mafiosos, comemos em um chinês simples, muita comida, acelga vinagrada e tilápia com gengibre e caramelo, vocês tem certeza que vão pedir isso, primeiro em chinês depois em espanhol, sim e sim de novo, aguentamos o azedume junto ao doce, vê um chá junto, jarra gigante e na volta meio perdidos, mas é só descer a lomba prédio a dentro, shopping paris uma loja de departamentos quilométrica, as compras em quatro moedas dólar real peso guarani, calculando 5517 no guarani, combinações para o melhor acerto o câmbio favorável a cerveja mais barata um vinho, um vaporizador comprado pela metade, vai ter de voltar lá outro dia, agora é lembrar onde estacionou o carro, nos muitos andares do estacionamento com clima de infiltração há letras, espere que eu vou ao banheiro, há um sensualismo na falta de cerimônias e no erre caipira das paraguaias mas não entendo nada, não fui abandonado, fico sabendo que assaltam ali na passagem, se vai a pé cuidado, uma embarcação ao longe, policiais brasileiros bancando macho óculos escuro carabina efígies passamos fingindo não ver.


postado em 20 de março de 2018, categoria crônicas : , , , , ,
  1. José Luis Bomfim disse às 19:26 em 9 de abril de 2018:

    Em agosto vou ao Paraguai, esta tua descrição envolvente e azeda me lembrou uma excursão que fiz quando criança.