Albúns do Ano 2019

¢) Extract From Field Recording Archive, por Toshiya Tsunoda, são 5 CDs, os primeiros três relançamentos de gravações feitas entre 1993 e 1999, o quarto gravações do mesmo período, e o quinto gravações oriundas de uma revisitação dos locais das primeiras, península de Miúra e porto de Nagaura, agora entre 2007 e 2018. São coleções de vibrações específicas, mais retratadas do que detectadas ou documentadas. Pois há tanto observação combinada a intervenção que traz os sons à tona, com uso de microfones de contato e objetos ressonadores, além da microfonação mais usual. A coisa toda é uma fascinante sequência de drones, sons parados, mas vivos.

∞) Vai deixar de ser surpreendente que Eliane Radigue, já na terceira idade, tenha começado a colaborar com outros músicos e assim a produzir composições instrumentais. Occam Ocean II, para o grupo orquestral ONCEIM, é mais uma composição que se desenrola lentamente, como uma caminhada em estado de graça. Os meios mudam, a essência é a mesma.

¶) Jute Gyte continua com sua exploração musical, ao aplicar esquemas composicionais serialistas e pós, de música contemporânea, a um arcabouço black metal. Birefringence (“refração dupla”) segue sua tendência de estabelecer contextos metaleiros bem definidos, inserindo contraposições mais paradas e eletroacústicas; tecendo desenvolvimentos precisos, contrastados a elementos e finais arrastados. Mas as coisas aqui são menos esquemáticas. Há uma balada meio eletrônica e um final inteiramente eletroacústico. E uma incrível canção pseudo-pop, Dissected Grace, com suas harmonias dedilhadas que soam como paródia, e as entradas tortas dos chimbaus.

µ) Roque: The St. Pierre Snake Invasion lançou um álbum grunge (Caprice Enchanté); Otoboke Beaver um punk (Itekoma Hits); Girl Band, um alternativo (The Talkies). Não roque (eletroacústica): Photophonie, um compilado de lados-b do Luc Ferrari.

÷) Nesse ano finalmente lancei, eu, Henrique Iwao, meu solo de improvisação musical Verãozão, gravado em janeiro de 2018, na residência São João. Toco meu instrumentário de “música concreta bem humorada ao vivo”, alternando faixas em ambiente controlado e outras tocadas junto aos sons da fazenda, com um número de objetos reduzidos e amplificadorzinhos de pilha. A coisa toda tem um ar de fita k7, porque foi gravada parcialmente nesse meio. Participam pássaros diversos, cachorros, moscas, sapos e indiretamente, um touro, cavalos e morcegos. Mas não Matthias Koole, com qual toquei inúmeras vezes no ano. Por isso ele disse que era uma rara oportunidade de meu ouvir sem que ele estivesse atrapalhando a música. Pois bem, mas a recíproca então deve ser verdadeira. Já em dezembro, lançou 34:46, seu álbum de improvisação solo. Com sua guitarra retroalimentada, explora com um lirismo crítico as idiossincrasias do modo como amplifica e capta seu próprio som.

π) “Da diretoria” tivemos também o zEros, da Sanannda Acácia e J.-P. Caron, batalha romântica no-input, e Crônicas Sonoras de Cabo Verde, do Marco Scarassatti, que ouvi em fita, espécie de documentário sonoro afetivo de uma viagem nas terras de lá.

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