Playlist Dissonância x Consonância, por J.-P. Caron

“Eu havia prometido fazer uma playlist com algumas das coisas citadas. Fiz aqui:

https://music.youtube.com/playlist?list=PLTeLiwPrscPveda61Ww-Wtaw_IkECpJC0&si=862zbatnoxydG8Tv

Começa com Schoenberg,  que é a principal referência do Adorno com relação à emancipação da dissonância. 

Segue com Scriabin, que, para alguns, inaugura um pensamento do espaço sonoro, com acordes estáticos,  e da harmonia timbre.  A ideia do espaço sonoro desemboca em Wyschnegradsky,  discípulo direto de Scriabin,  que adotou a microtonalidade e uma concepção da consonância totalmente contraintuitiva, representada pelo ideal do espaço sonoro total, soando simultaneamente.  Coloquei duas peças dele na playlist.

E a ideia da Harmonia-timbre vai desembocar nos espectralismos- romeno e francês-, que encerram a playlist.

Mas antes disso proponho uma incursão pela música norte-americana em sua recuperação da afinação justa a partir da leitura de Helmholtz. Há 3 peças de Harry Partch, que escreveu o manual Genesis of a Music,  em que apresenta suas concepções harmonicas e estéticas. 

Há 2 peças de Ben Johnston, talvez o maior desenvolvedor do aparato da afinação justa.

Em contraste a isso coloco duas pecinhas de Easley Blackwood para temperamentos iguais em divisões diferentes da de 12 por oitava. Blackwood procura encontrar encadeamentos análogos aos da música tonal standard nesses novos temperamentos,  o que gera a estranheza das peças,  meio tradicionais, meio “tortas”.

Em seguida coloco mais 3 americanos, da música experimental,  que trabalham com afinação justa: La Monte Young, Tony Conrad, e Glenn Branca.

Finalmente chegamos aos espectralismos, com Radulescu. Uma peça para viola solo de sua fase microtonal, seguida de seu Concerto para piano e orquestra,  onde retorna ao temperamento igual, mas procurando aplicar técnicas de sua fase microtonal, e compõe por agregados harmônicos que aproximam fragmentos da série harmônica.

Segue-se obra de Ana-Maria Avram. Também romena. 

A qual se seguem duas obras clássicas do espectralismo francês,  Partiels de Grisey e Desintegrations de Murail. Aqui a oposição consonância dissonância é traduzida na oposição de origem timbristica entre som harmônico e inarmonico.

Encerro com peça de um compositor menos conhecido do grupo francês,  Levinas, para vozes. Uma favorita minha.”

05 de abril de 2024, J.-P. Caron.

Discussão do Grupo de Estudos Filosofia da Música sobre o assunto pode ser acessada aqui.

Post criado 123

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Posts Relacionados

Comece a digitar sua pesquisa acima e pressione Enter para pesquisar. Pressione ESC para cancelar.

De volta ao topo