adeus 2019
2019 teve essa característica marcante de nos comprovar a vocação de nosso querido estado nação (ouçam essa maravilhosa versão do hino) de vir a ser uma jesuscracia, estado fundamentalista religioso neopentecostal, com uma vanguarda nazista acoplada a uma elite entreguista, a acelerar o apocalipse. rumo ao futuro da década de 80, md geist ou cyborgue. imaginem se deus realmente existisse. quem diria. mas estava tudo aqui, ao mesmo tempo. com direito a um saudosismo 70, década que, a julgar pelo zero do loyola-brandão, não era nada animadora. e uma falta de pés no chão dignas de cenários de anime. o sobre o psl pode-se dizer muita coisa, acusar principalmente, mas que eles tem cumprido o que prometeram, ou o que era evidente que tentariam ou acabariam empurrando, disso não há reclamações. (há, óbvio, reclamações de que eles estejam cumprindo o que prometeram.) é um desastre. mas só está começando. como joão, antes de ser felpudo, só começamos a deixar as unhas crescerem. e claro, é bem mais fácil estragar e fazer na irresponsabilidade do que o contrário, então tampouco há mérito nisso.
estamos, portanto, longe do comunismo de luxo totalmente automatizado. mesmo assim, já tomei meu tempo para elaborar aqui uma lista de sugestões de edificações. enquanto isso, continuo enfrentando problemas mundanos mais diversos e tirando conclusões sobre porque as operadoras de comunicações oferecem telefonia quando queremos comprar serviço de internet. isso porque o cachorro rufo morreu e eu mudei para uma casa bem mais modesta, de fundos. tentei inovar e fazer as faxinas ouvindo audiolivros. os 4 primeiros do duna. o ciclo completo de cthulhu. o guia dos mochileiros da galáxia.
em que pese o cenário político, continuei na batalha por uma boa vida. pela primeira vez fizemos, eu e matthias koole, quartas de improviso com patrocínio, temporada 11 no teatro espanca e 12 na galeria mama cadela. também toquei um show bonito com os colegas hartmann-josé-koole-scarassatti. houve um do epilepsia impressionante no poderes do som, em florianópolis, mas sem registro. quem sabe ano que vem não desenvolvemos e lançamos algo. temas comuns ao dia nacional do combate à humanidade desse ano: morte e código morse via micropausas. também toquei no encerramento da mostra de cinema de tiradentes, com koole-carneiro-depeauw-koole e convidados. e na virada cultural bh, com 1mpar-cyrino-koole-rocha. já o infinito menos fez um showzaço no fosso, com meu sistema de cartas de improvisação, e depois uma inusitada apresentação sobre o que supostamente seriam nossos esportes prediletos. espero ano que vem lançarmos algo.
contra a municipalidade de bh, consegui realizar mais dois praça 6, música de ruído em praça pública, com shows de criptido e doppel (#5) e paulo dantas seguido de nanati francischini (#6). gravei mais 5 blitzkrieg noise‘s, mas só o do fefo foi ao ar. o clipe da daphine jardin também esperará 2020. comemorei os 36 anos com minha primeira exposição (solo) retrospectiva, tudo junto separado, num esforço grande de mostrar quase tudo e tocar, inclusive uma nova versão de mor moning just m a (que espero retomar em 2020). também prometo aos colegas a versão com 64 playlists diferentes de solo discoteca, que tanto demora a sair.
finalmente publicamos, eu e outros três, a revista sobre as experimentações pedagógicas em arte e tecnologia realizadas na escola oi kabum! bh. embora já um pouco passada a hora (a escola fechou em 2016), várias considerações são pertinentes. cada vez mais precisamos repensar o ensino. também meu álbum de improvisação musical solo saiu, verãozão, gravado em janeiro de 2018. duas peças gravadas em 2015 e 2016, também finalmente sairam, nas coletâneas eram os deuses terra-planistas? (quando da revolta terra-hiberbolista), e noise invade vol. 4 (sobre como edificar um prédio abandonado).
foram 35 postagens no meu blogue raiz, e mesmo com a idade (do blogue, não a minha), interessante notar que ainda não tinha relatada a anedota sobre a cachaça e o bem em si, de meu avô eizaburou. já sobre mim, rumo à meia idade, só agora descobri o que é um chupão. de 2013, resgatei ao menos três boas histórias do undo. daí lembrei dos meus vizinhos de são paulo, de antes. as pessoas em geral não gostam, mas eu acho que francisco alvim descobriu algo, nos poemas mini-crônicas. uma forma. gosto de experimenta-la e no ano vindouro continuarei. de uma prosa de adília lopes, tirei uma lição sobre a beleza, elogiando a mediocridade, especialmente ao ouvir de uma amiga que esta queria ser como a mulher que viraria a sereia das pernas tortas.
vire e mexe, vocês sabem, me acometem coceiras anti-anti-generalistas. cansa-me aquela desautorização das caixinhas que é a maneira ainda mais geral de criticar algo sem entrar em pormenor algum. na arte, uma irritação relacionada surge ao presenciar defesas da inefabilidade contra a determinação. talvez os argumentos lembrem algumas colocações de wittgenstein, como às vezes me acontece. certamente, as considerações contra a ideia de que não ter regras seja uma regra caem nessa categoria. outra contenda no campo musical esboçada é aquela em favor da complexidade na música conceitual, recusando os ultrapassados clamores por simplicidade. ainda outra contrariedade, já perdurada, também obteve expressão, a da ordem dos elementos no sexo, drogas e rock’n’roll (sempre aplicada erroneamente).
continuei a ter sonhos banais, incluindo dois um pouco mais interessantes, sobre despertar com despertadores. comecei a usar o goodreads, com um grupo de leitura de ficção, aberto a inscrições, café com livro. (o site deletou duas discussões, pediu desculpas, mas não as colocou de volta, então, ainda não sei o que dizer sobre lá. mas participem…). confirmei que continuo lendo entre 40 e 50 livros por ano. dado que entrei na ufmg, doutorado em filosofia da música, e lá tive aulas e estágio, li muitos livros a trabalho. dei uma aula sobre o fragmento das máquinas de marx e duas outras em cima da questão da técnica de heidegger (daí a aparição de algo do ser e tempo no comentário sobre kimetsu no yaiba e lupin o terceiro). por essas e outras (como a aparição da dialética do esclarecimento num texto sobre caroline & tuesday), e com uma aula sobre o realismo capitalista do mark fisher, gastei um bom tempo escrevendo e revisando 6 artigos. só que o tempo é outro e ainda não posso compartilhar nenhum. das leituras, recomendo o absurdamente incrível cyberpunk-pornô copacabana santa clara poltergeist, do fausto fawcett, e o cheiro do ralo, em linguagem laminada e cruel, do lourenço mutarelli, obra prima. hqs: não havia lido ainda antes do incal, do jodorowski. preciso procurar o depois e os tecnosacerdotes. apesar do esquematismo lutinha e história estou num pesadelo, blame me impressionou pela arquitetura do seu mundo. (para os melhores álbuns e animes, sigam o outro blogue, em breve).
no blogue baka foram 20 postagens. finalmente vi a terceira temporada de twin peaks e comentei sobre a catatonia de dougie jones. reclamei do silmarillion do tolkien, porque não entrei no espírito. comentei sobre a debilidade do simbólico, em ano hi mita hana; sobre a necessidade de conexão social em sarazanmai; sobre a ideia de segundo sexo em gokudolls; sobre uma das inversões de samurai flamenco. da série redescrições – “escancarando” (tradução para spoiling), tentei agora o absurdo, pornográfico e tão ruim que interessante, trem bala da luxúria zetsu rin-oh. comentei sobre nonsense em animes, e listei algumas quase obras primas, com seus impedimentos.
postado em 1 de janeiro de 2020, categoria reblog : 2019, remendo-caos, retrospectiva