Um filme que soube confirmar o seu argumento: quando começava a inventar eu mesmo uma história metafórica sobre a difícil relação do casal, ela confidenciava a seu colega o conto da vespa parisitóide a botar ovos em uma aranha ou uma formiga obreira. As larvas nascem e o hospedeiro é devorado de dentro, garantindo um desenvolvimento saudável de pequenas vespinhas. Nesse sentido, o final do filme não é meramente conciliatório: aquela enorme escultura diz “para a mulher independente o homem amado continua a ser uma antinomia perigosa”.
Aos criativos resta imaginar que ambos serão finalmente elogiados quando ela der vida às esculturas dele, dançando sobre elas, movimentando e as percutindo. “Incômoda vitória do patriarcado” e “Uma defesa do natural favorece a vespa”.
Um ponto de interesse pra mim foi a familiaridade com o tipo de pessoa e ambiente caracterizado lá como o do “artista em carreira”. Mas sinceramente, não deixo de pensar o quanto a cena subterrânea e marginal tem figuras e relações mais interessantes (mas daí, claro, os problemas médios são outros).
{Pendular, filme de 1h48, direção de Júlia Murat, nota 7/10}