Kabaneri da Fortaleza de Aço

Quando vi o primeiro episódio de Kabaneri, me perguntei se o o Wit Studio seria uma espécie de George Romero do anime, e depois de Ataque dos Titãs e Império dos Corpos, fui verificar se os vampiros de Serafim do Ocaso eram mesmo vampiros, ou se o vírus da série na verdade não matava pra valer os humanos (resultado: é uma série de roteiro inconsistente e decisões de condução ruim, sem zumbis).

Mesmo assim, há uma noção de especialização aí. E é louvável que pela primeira vez na história da minha vida eu tenha assistido, em Ataque dos Titãs, cenas de zumbis correndo e pulando que não são ridículas ou meramente apelativas: há um jeito desconjuntado na animação que não é simplesmente alguém correndo, fingindo que tem dificuldades, ou alguém pulando como um super-herói, mas pintado de zumbi (o que me lembra de cara a pavorosa, no mal sentido, aparição de nemesis em resident evil 2).

Diferentemente de Ataque dos Titãs, entretanto, Kabaneri da Fortaleza de Aço, opta por investir amplamente na velocidade, na categoria dos zumbis de ação, ao invés da lentidão e implacável ubiquidade dos zumbis de terror. E aí, a comparação é inevitável: contra o ritmo arrastado, mistérios e surpresas, e a exploração sentimental dos personagens da série dos Titãs, Kabaneri tem trens em movimento, ataques cronometrados, previsibilidade mas superação e personagens rasos.

E é aí, nessa contraposição, que Kabaneri deveria retirar sua força: dinamismo, tempo acelerado, apenas 12 episódios e cenas de ação cada vez mais exuberantes. Mas a série não consegue. E não consegue porque tenta introduzir na personagem cujo nome é “Sem Nome” 無名 (Mumei), conflitos emocionais, que levam a série a um segundo arco. E neste, falta confiança na velocidade, na potência da superficialidade. Há uma história com conflitos internos e uma resolução desastrada com pelo menos 2 erros crassos do shounen empilhados (“ganho poderes do nada” e “vilão indeciso”). E tudo isso soa bobo, ao invés de superficial / divertido. A história da “Comedora de Arroz” coroa isso.

Eu ainda não assisti Snowpiercer, mas diria que Unstoppable é bem melhor. E em termos de se ater a uma história mínima com conflitos rasos de modo genial, recomendo muito o Mad Max 4.

{甲鉄城のカバネリ, série de 12 episódios, 2016, nota 4.5/10}

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