como por exemplo, saber qual o recheio do salgado. de fato, é preciso primeiro não saber para poder cutucá-lo com a espátula. observá-lo com desdém, como se este não respondesse por capricho. e só então virar preguiçosamente e perguntar a outrem, com a boca quase fechada, como quem sente-se obrigado a perder tempo.
como por exemplo, fotocopiar um livro. pois o livro em questão é um livro mesmo, isto é, um objeto físico, com páginas físicas, páginas que são efetivamente folhas. e fotocopiar não é simplesmente imprimir. e é quase impensável que se tenha de fotocopiar e também procurar preservar o livro. não que se pense assim, de modo teórico, mas afinal, não se pode depois baixar um pdf desse livro e pronto? se não for para dobrar apertadinho um lado contra o outro, então não vou nem tentar. e a dona da papelaria olha compreensivamente pra jovem e diz, deixa que eu faço.
1. o motorista do uber disse que no brasil a instituição que funciona é as forças armadas. o porquê? são disciplinados. não ocorreu a ele que disciplina deve servir a propósitos, que a disciplina não é exatamente um valor em si…
2. pós-pandemia é como todo pós. quando há algo realmente posterior, o que veio antes some e não usamos mais prefixos. a carol bem disse, não há vergonha alguma em usar seletivamente e talvez até incongruentemente máscara. sou daqueles contra relaxar de verdade. mas há as forças do social, em combate.
3. talvez a conjunção da volta aos poucos com as eleições dê essa impressão meio surreal de um hiper-brasil, ou uma hiper-belo horizonte, brasil brandão (do loyola, não verás país nenhum e tal). imersos no brasil profundo, das figuras, dos personagens. descobrir-se personagem do brasil profundo.
4. thomas pynchon é isso mesmo, o inventor do hipsterismo? em dúvida se acho bom o crying of lot 49. não que obras hipsters sejam necessariamente ruins. adoro tatami galaxy e o filme da garota que sai para beber (mas daí, a narrativa estaria arraigada numa vivência mais universal – de estudante sem grana, e não num existencialismo champagne, “mas não tão caro”). acho que me divertiria se fosse um filme (não sei se virou filme; certamente viraria um bom filme. por falta de cultura cinematográfica, arrisco – do wes anderson, ou algo como o grande lebowski). o livro foi convoluto e pernóstico.
5. ter de lidar com a cemig é estar no pior que o brasil brandão pode oferecer. lembra aqueles filmes pós-stalinistas de “comédia” em que o personagem principal, de abuso em abuso, de esculacho em esculacho, vai ficando atônito ao ir aceitando sua impotência. acho que estou lembrando de um filme específico… de toda forma, você espera horas pelo serviço (literalmente, horas), chegam três rapazes da empreiteira, um tomando café, outro de óculos escuros, todos sem um pingo de consideração, todos surrealmente tranquilos, dizendo estarem muito atarefados e sem os equipamentos (lembra também o brazil com z – estou hoje cinematográfico, ao que parece). mas vão pegar, voltam, um abre com pé de cabra a tampa, outro puxa, o outro fica o tempo todo só olhando. um puxa o cabo, o outro prende, o outro olha. falam rápido, jogam as coisas e não testam nada, tentando ir embora antes que eu possa reclamar.
6. o praça 6 é um evento muito legal (vide #7 e #8), do ponto de vista do show. mas a gente vai sentindo o peso da municipalidade e instituições, que fazem de tudo para dificultar. a função deles, função pós-ditadura, aliás, é bloquear a boa vida (a vida interessante), já que não mais se censura como antigamente. e isso é algo supra-partidário, imbuído em “como as coisas funcionam”. surra de “realismo”.
7. terminei de editar barriga de largar (largar de barriga da mc carol, em ordem alfabética e depois em ordem alfabética inversa). confesso que tive muitas dificuldades. o motivo é que me parece impossível ouvir “largar” sem ouvir entre um largar e outro um “de” (barriga), assim como “vai” cognitivamente implica “rolar” (uma pentada). tentando lidar com isso, horas passaram. irritado, escrevi isso, eximindo-me dos erros.
8. quando bandas da adolescência resolvem lançar músicas novas quando você está na meia idade há uma curiosa conjunção entre reconhecimento e descoberta, e o sentimento é da nostalgia do que não foi. mas diferentemente de uma estética pop do nostálgico, em que é como se imaginássemos adolescentes vivendo paixões ou melancolicamente sentados em alguma calçada, aqui o nostálgico do não vivido é pessoal, aqui o não ser vivido encontra se.
1. no começo da avenida brasil, em sua primeira esquina após a praça floriano peixoto, existe a gruta, lanchonete lendária por seus pastéis. entre as 7h e as 8h e entre as 9h e as 10h, aproximadamente, eram produzidos pastéis de queijo e de carne, de sabor e leveza ainda hoje não superados. como era o melhor pastel da cidade e a gruta nunca deixou de ser uma lanchonete muito modesta, o item barato e incrível acabava em minutos. de modo que já me vi, em ocasiões, sentado a ler, tomando café queimado, esperando pela próxima sessão. depois do fatídico anúncio do abandono da função de pasteleiro pelo encarregado, há quem tivesse tentado lançar #voltapastel como uma exigência necessária, mas eram poucos. o funcionário permaneceu impávido. não admitindo fazer menos que o perfeito, atribulado pelas exigências da excelência, optou pela aposentadoria contra continuar a angustiar-se com uma arte tão efêmera e ao mesmo tempo, que ele mesmo considerava simples demais, em sua excessiva humildade.
2. recentemente a padaria ping pão santa rosa anunciou que deixara de fabricar o biscoito de fécula de mandioca em formato de ferradura. fomos eu e carol bradar indignação, alternadamente, evitando sermos identificados como um casal, e comunicando a funcionários diferentes. o ferradura, melhor biscoito já produzido em toda a belo horizonte, combinação perfeita da força da textura com a sutileza na gustação, em uma forma robusta, até mesmo um pouco bruta na sua secura, mas que por isso mesmo era toda uma experiência. disseram, nas repetidas vezes, que ele não saia, ao contrário do palito. mas os pequenos palitos, por forma e tamanho, acabam se assemelhando demais a derivações do pão de queijo, além de promoverem a insaciabilidade do que pede sempre por mais um. seríamos os únicos a perceber isso? decadência do paladar mineiro, a recusar cada vez mais categoricamente tudo que não é de fácil mastigação?
3. existe algo muito peculiar em chegar no bar do nelson, no bairro santa inês e pedir o famoso torresmo, cortado em tiras retangulares precisas e finas, em um formato não apenas surpreendente mas impensável para quem nunca teve a oportunidade de pedi-los com sucesso. creio que ainda hoje se pode ir lá, mas como matthias, que morava perto, mudou-se para berlin, perdi o costume. a questão, entretanto, é que era preciso chegar cedo. muito cedo. pois quantas vezes pudemos ouvir, na voz caracteristicamente rouca, quase esofágica do garçom, que já tinha acabado? seria preciso agendar o torresmo? se já saia um, entoávamos, que venham logo três. e noite adentro, a corrida contra o tempo. acabado o torresmo (três porções era o deleite), outros itens, não tão impressionantes mas bastante apetitosos, iam, um por um, esgotando, até que na formulação afônica do simpático atendente nada restasse. não tem mais nada, dizia. nada, isto é, pra comer. continuávamos, ao estilo da marina, na cachaça.
na segunda descubro que a vacinação avança em belo horizonte. 57, 58, 38, 27 e 28 anos podem ir se vacinar. três gerações quiçá? o que aconteceu com o 47, queria saber.
chego no posto são geraldo, vou a pé, na chuva. tudo é muito tranquilo e fácil. à noite entretanto, pouco antes do encontro virtual com paulo para jogar papo fora, 話をかける, a dor no braço faz-se nítida. logo intensifica e na hora de dormir está intensa a ponto de forçar insônia. a febre bate e dura um dia inteiro. a dor intensa no braço, três.
comento com paulo no segundo dia de pfizer e ele diz que há um lado bom: está funcionando. comento com carol e lembro que havia tirado onda das suas queixas quando da primeira dose. digo: talvez seja reflexão kármica, minhas primeiras doses foram coronavac.
vou à farmácia e o farmacêutico confirma: é isso mesmo, acontece. tenho dipirona vencida (jogo fora), pomada analgésica (passo duas vezes ao dia) e compro salompas (minhas costas sempre travam nessas situações). na hora de explicar, entretanto, solto um: tomei uma vacina da pfeifer.
agora, notem, pfeifer, referente à sílvia pfeifer, grafa-se assim mesmo. michelle pfeiffer, entretanto, tem na grafia um efe a mais. na praia de copacabana mítica cyberpunk de fawcett (de santa clara poltergeist) é a primeira que tem seu rosto projetado em telões de 300 metros, a fim de acalmar o populacho.
em junho de 2020, o que agora é visto como parte do início da pandemia, eu escrevi uma postagem imaginando um devir otaku do mundo, pra mencionar a expressão da christine greiner.
1. 仮面ライダーの変身 (poses dos kamen riders). 2. dancinhas ridículas. 3. babymetal (turning japanese). 4. offline 自殺 (suicídio-desconexão).
como naqueles memes em que o que se espera é meramente uma projeção fantasiosa do real, eu me vi começando a cultivar um jardinzinho, aprendendo a tocar flauta 尺八, preferindo os encontros dos grupos de estudo e seminários virtuais do que os presenciais e pedindo vegetais orgânicos pra entrega.
então, para dar conta desse descompasso, fui impelido a fazer algo que o expressasse. “quando a vida não entrega, temos a arte”. e essa é a explicação da cena do pandinha dançarino no QI147. stay home and パラパラ.
tenho horário marcado no bhresolve. é a segunda vez que vou. na primeira, apenas solicitei a data. fui tudo bem, exceto que não levei envelope. precisa sempre levar o envelope não se esqueça, está anotado no site, vou quebrar seu galho, mas precisa, pra colocar os documentos dentro viu? então, esperei a aprovação da solicitação. aprovada a solicitação, fui ao primeiro batalhão da pm, solicitar, dessa vez, policiamento. mesmo sendo evento mínimo, você deve solicitar policiamento. lá, a delegada (?) me perguntara, é praça 7 né, e eu distraído sim, mas não, não é, o evento é praça 6, a localização é que é praça 7 (aquela coisa da “minoração”). enfim, não, não risque o nome do evento no documento de solicitação de policiamento, por favor, e ela rabisca de volta 6 em cima do 7 rabiscado em cima do 6. depois, guias gam e comprovantes de pagamento das guias gam. sim, pra prover arte pro município a gente tem de pagar e enfrentar a prefeitura, cuja tarefa aparente é cobrar e dificultar o fornecimento de arte e cultura ao município. agendamento e aqui estou, já confirmei minha senha na fila para atendimento de confirmação de senhas. agora é só esperar (costuma ser rápido). srr09 guichê 11, uma loira cara de seleta (terceiro reich mineiro). entrego papéis, por que não deixou já tudo organizado e separado? e também dou-lhe o envelope pra colocar todos os documentos dentro. olha, são dois eventos e não um, precisa de duas documentações, você não trouxe, agende outra data e venha com duas, pera lá, mas eu não entendi isso, é um evento, praça 6, 17 e 24 de agosto, um evento em duas datas. rapaz, leia as informações, praça 6 #5 um evento, o outro praça 6 #6, esse é o significado de evento,volte quando estiver tudo lido e preenchido (eu li e preenchi, ao meu ver), então sem duas cópias do rg, do autocad da praça, da solicitação de policiamento, e os formulários e gams e comprovantes de pagamento gam, esses estão aqui mas as cópias não. precisa de dois envelopes também? não. então você vai colocar coisas duplicadas num envelope só. é, então você agende de novo e no próximo dia traga todos os documentos. mas moça, por favor, por favor etc, só vou até ali e xeroco, e ela reluta mas diz que sim, vai abrir uma exceção, mas olhe lá e preencha e separe absolutamente tudo antes de voltar no guichê dela (de modo algum seria impertinente de sugerir que ela use a foto-copiadora logo atrás dela, não sou louco). eu desço e é claro, especulação foto-copista, três páginas, a 1$50 ou no mínimo 90 centavos, é o quarteirão do esqueci a cópia disso e daquilo, no entorno do bhresolve, muita demanda, mas saco a moeda grande pago e subo, separo com um clips e entrego. ela aponta, isso aqui não tá preenchido, é o maldito x do “não temos gerador de energia”, espero muito que não tenhamos de ir ainda à cemig, pra eles, como diz meu colega, cobrarem caro pra fazerem um “gato legal” e assim liberar um ponto de energia, gosto muito mais da ideia da banquinha. ok, x, e agora bom humor, já é outra pessoa, seria a dose de sadismo burocrático diária necessária, já passou a cota, agora é só um trabalho, pegar, digitar, fazer piadas com as colegas, que bom, eu penso, se bem que ser mal humorado num ambiente daqueles é ruim pra mim mas eticamente correto, não? e enquanto pego os protocolos olho que ela usou um outro envelope, não o meu.
como me falta aquela empatia que me tornaria susceptível de enfrentar a morte com calamidade ou tristeza, restam me os pequenos momentos de melancolia, das situações habituais contrariadas. não que a morte em si não seja insólita. o recolhimento e a recusa à alimentação, o resultado que torna a espera e a inação distantes e incongruentes, o endurecimento do corpo, o som das varejeiras que o rondam, o seu peso tornado puramente físico, sem tônus, sem resistência a favor ou contra. tudo isso conta para como que uma suspensão da experiência na experiência. mas daí, justamente, não há propriamente sentimento, entendido como emoção sedimentada.
só que depois os pequenos acontecimentos acumulam: chegar em casa e não ter ninguém a esperar, ou então andar no corredor e não vê-lo deitado ao lado, preguiçosamente; então, não chamá-lo para que siga vagarosamente, com o excesso de prudência característico. devo segurar o olhar, retesar o dedo que estalaria, engolir o nome não proferido. a estranheza de abrir e fechar as portinholas da varanda, na falta da necessidade de demarcar e impedir. a bacia seca que nunca dará mosquitos, os pombos que não visitam a ração não comida que não mais há, e a raiva que deles eu tinha, em mim ameaçando mas tão logo dissolvendo-se ao não achar objeto. a súbita lacuna e a desistência de ler na rede, sem ele a rondar, em sua perturbação indecisa; o chão vazio, limpo, sem esperneios bizarros, interessantes; os lugares mais frescos, deixados aos tatus bola. sobretudo o silêncio noturno, a ausência de roncos, o sono desacompanhado, a escuta a procurar o ritmo ressonante e só encontrar desconfiança, a imaginar seres que preencheriam sua falta.
1. paravam o carro na frente de sua casa. um dia, basta! pegou uma marreta e marretou o carro da vez. “esse nunca mais para aqui”.
2. como sua tia era sapatona e ele perturbado pelo diabo, de tempos em tempos via sua casa como morada do demônio. era bombado e cocainômano e esmurrava o portão, gritando. em algum ponto seu pai começava a resmungar, em um paulistano carregado, “que é que eu fiz pra merecer isso”. a polícia vinha. a família desistia de prestar queixa. a polícia ia embora. o sujeito acalmava. tudo voltava ao normal. mas era preciso desentortar o portão.
3. a casa tinha um muro à lá índia, 4 metros de altura. acima dele, cerca elétrica. do alto, câmeras de segurança observavam os transeuntes. a empregada, entretanto, possuía a chave, os roubou e nunca mais apareceu.
4. era um sábado especial e estávamos fazendo mais barulho que o habitual. mas pararíamos às 23h. então, contravenção pouca, passaríamos apenas uma hora das dez. só que de repente, já no último show, há uma senhora de óculos e pijamas de pé na sala, com cara de indignada e procurando algo. achando, a vizinha segue até a tomada que tem mais coisas ligadas e puxa a extensão, desligando todo o som.
5. havia um mandato policial contra a posse de animais de estimação por parte dela. ainda assim, a tentação era grande, as ruas repletas, e ela não resistia e acumulava cachorros. o gradual aumento do coro de latidos nos indicava como ia a matilha.
6. a infiltração nos anexos estava brava. subimos na escada. o vizinho havia colocado uma estaca, deslocando o rufo entre os muros. preso à estaca havia um fio, para estender roupas. de lá víamos o lixo acumulado do restaurante japonês. talvez nossos ratos fossem lá comer. provavelmente.
na entrada de ciudad del este umas barreiras de concreto mal feitas e hostis, passa-se com carro sem nenhuma revista e a ponte da amizade é cheia de grades, um grande rio lamacento embaixo e a volta congestionada, é domingo black friday, pessoas vão às compras nos edifícios-shoppings enfileirados, a entrada é como uma mistura de comércio japonês louco com letreiros coloridos, rosa brilhante e alguns LEDs, mas com cortiços cinzas semipixados com pressa, sem gastar muita tinta, espremidos junto, com os fios de energia elétrica por vezes indistinguíveis de gatos e com barracas de comércio informal de metal soldadas nas próprias ruas, e por ser dia de descanso, clima de faroeste abandonado, todos enfurnados nos prédios do consumo supremo, lá fora os que sobraram olham investigativamente sua cara, motos com 2 passageiros, rapazes nas traseiras de caminhonetes e carrões arrancando como mafiosos, comemos em um chinês simples, muita comida, acelga vinagrada e tilápia com gengibre e caramelo, vocês tem certeza que vão pedir isso, primeiro em chinês depois em espanhol, sim e sim de novo, aguentamos o azedume junto ao doce, vê um chá junto, jarra gigante e na volta meio perdidos, mas é só descer a lomba prédio a dentro, shopping paris uma loja de departamentos quilométrica, as compras em quatro moedas dólar real peso guarani, calculando 5517 no guarani, combinações para o melhor acerto o câmbio favorável a cerveja mais barata um vinho, um vaporizador comprado pela metade, vai ter de voltar lá outro dia, agora é lembrar onde estacionou o carro, nos muitos andares do estacionamento com clima de infiltração há letras, espere que eu vou ao banheiro, há um sensualismo na falta de cerimônias e no erre caipira das paraguaias mas não entendo nada, não fui abandonado, fico sabendo que assaltam ali na passagem, se vai a pé cuidado, uma embarcação ao longe, policiais brasileiros bancando macho óculos escuro carabina efígies passamos fingindo não ver.
1. desde julho uns livros sobre bataille não me chegam. há uma mensagem específica no bookdepository: “if you are ordering from brazil…“. ah, curitiba, curitiba, lar da receita federal.
2. finalmente o brasil mostrou que não é necessário monarcas. cervejeiros e banqueiros bastam. o 1% é nosso. depois da pesquisa que dizia que trabalhadores de fábrica chinesas ganhavam em média melhor que aqui, era essa a próxima mesmo. orgulho nacional.
3. no final era hitler. sempre ele. mas ele se travestia de pura energia, aparecendo como um samurai mágico. suas estátuas canhão indianas, na forma de mulheres buda de ouro, acordaram para a individualidade. bastou um “cogito ergo sum” para que elas começassem a destruir uma às outras, pois compartilhavam o mesmo programa e assim queriam ser cada uma, individualmente, única. descartes e a destruição que resulta na manutenção da paz no universo. (ep 39 de “space adventure cobra“).
4. o fim da neutralidade da internet é um daqueles assuntos em que eu sinto que devo comentar sobre. mas comentar o que? nunca vi um único usuário ser a favor de ser sacaneado e ter menos acesso, além de sentir se na mão de uns imbecis cheios da grana.
5, assim é. um bar fecha a rua com ajuda da polícia militar vira e mexe. os motoristas nunca sabem e de qualquer forma tem de pegar os passageiros e depois dar ré. a rota é tortuosa, e às vezes erra-se a curva. há sempre resmungos. no ponto, a 3 anos o teto rachou e desde então vai se deteriorando. as pessoas olham pra cima preocupadas, se e se escondem do sol do outro lado da rua. e resmungam. quando o ônibus para fora do ponto, em uma chuva do tipo “inunda rua”, a mulher grita ao motorista pra aproximar da calçada. ele finge que não ouviu. espera ela descer, só que ela não desce, então ele vai pro próximo ponto e para igualmente na rua. ela vai ficar imensamente encharcada. é uma senhora já idosa. a opinião se divide. mas ela quer o quê também, isso não é um taxi. às vezes eu acho tudo isso ofensivo. às vezes eu intervenho, vou até o motorista, argumento com os passageiros, ligo pra bhtrans pelo ponto. felizmente, há ainda antropologia. mas é cansativo.
6. domingo em belo horizonte e eu, por indocrinação paulista, procuro em vão uma cafeteria aberta. não há. não porque eu esteja em bairros afastados. não estou. a realidade vence a vontade. não deixo de ecoar um desprezo pelo suposto nível civilizatório inferior que isso indica a alguém cujo convite “vamos nos encontrar lá no café” é um exemplo de “pura ideologia”.