A princípio Juuni Taisen parece um série que, mais ainda que Fate, coloca o elemento de interesse narrativo nas apostas sobre quem será o sobrevivente, vencedor do torneio, e quais guerreiros morrerão, e em qual ordem. Mas isso é falso. O que é verdadeiro é que um dos temas do anime é exatamente a futilidade de apostar em algo cuja ordem de chegada já está decidida de antemão. E pior, mitologicamente, como numa fábula antiga.
Se estamos habituados à expectativa de surpresas e reviravoltas, o recado de Juuni é: não sejam como os apostadores que, no episódio 5, acham que são jogadores – a introdução desastrada deles serve como reflexo de um público que se esforça futilmente na disciplina do auto-engano e que não quer admitir que ali, spoilers são muito improváveis. Doze Guerreiros busca aquela sensação de que não faz sentido esconder o final e os detalhes da fábula, contada em tom leve e com ares de pedagogia, às crianças, ou do mito, repetido do velho ao jovem, para ser repetido quando o jovem torna-se velho.
Vejam como os 3 episódios seguem com o esquema: um provérbio, a forma anedota, com morte desastrada. O adiamento de outras mortes e variações apenas preparam a imagem debochada dos apostadores. A ordem das mortes ainda é a dos capítulos, mostrada desde o primeiro episódio na canção de finalização (ED) do anime. Mas ainda mais: a fábula da grande corrida, do horóscopo chinês. Uma história em que apenas o boi é diligente, embora acabe enganado, enquanto os demais, exceto o rato, que já é de cara incapaz, vacilam.
Mas não pode ser que depois do episódio 6 a série mude de rumo? Sim, certamente, mas apenas se ela for inconsistente com o que já construiu, se bem que a serpente sem cabeça e a necromancia do coelho sejam algo que zomba dos espectadores nesse sentido. Eu mesmo certamente preferiria um percurso inteiramente esquemático, como nos primeiros episódios: às vezes nada mais criativo e surpreendente que manter um esquema até o final. Por fim, o uso seguido de provérbios japoneses é um dos pontos altos, o que dá mais ainda a ideia de um roteiro montado em cima de pequenos jogos.
{十二対戦, série de animação 12 episódios de 24 minutos, 2017}