Duas frases coroam o tema da primeira temporada de Avanço dos Titãs (que é como eu traduziria): a esperança (希望). O cabo Rivaille, ao perceber que Eren está incerto quanto a se transformar em titã e proteger ele mesmo seus colegas ou então obedecer as ordens do agrupamento e seguir cavalgando, diz: não há como prever o resultado das nossas decisões; apenas toma-las, premeditadamente, com cuidado e planejamento, ou não.
No mesmo arco da história, há uma inversão: o agrupamento espera que Eren vire titã, mas este é incapaz de se transformar, por não se conformar quanto à identidade do inimigo. Armin, nessa ocasião, diz: só aqueles capazes de abandonar sua humanidade podem contribuir decisivamente para a salvação da humanidade.
Um tipo de esperança: olhando para o passado e para os colegas mortos, a esperança de que houvesse uma decisão melhor, que permitiria um resultado mais favorável; a esperança de que então, no futuro, possam haver escolhas que resultem em melhores resultados. Em todo caso, as decisões devem ser tomadas para que seus resultados possam ser comparados com os objetivos. Não ter planos é sucumbir.
Mas se não ter planos é sucumbir, os titãs continuamente forçam a retração das estratégias em táticas: de planos de ação em manobras de dispersão e sobrevivência (o começo da segunda temporada é exemplar nesse sentido). Só que não será possível abandonar a ideia de que alguma revelação tornará um contra-avanço possível.
Há um constante mistério, permeando o horror e a carnificina. Se é certo que em quase qualquer situação pessoas morrerão, planos fracassarão, o mistério e o sobrenatural estão lá para, sutilmente, contra a desesperança, sugerir: já que não há motivo claro para a aniquilação, talvez também não exista para a salvação. E então, ao fundo, há a possibilidade do milagre da vida ocorrer onde antes apenas havia a maldição da morte.
Por fim, deixar a humanidade, modificando-se como titã, permitir lutas em plena cidade (danificando construções e causando a morte de inúmeros civis), arriscar a tropa em um plano incerto, sacrificar soldados como iscas e até mesmo mandar 25 mil pessoas para uma missão suicida: a esperança de que os fins justifiquem os meios.
{進撃の巨人, 25 episódios, 2013, nota 7/10}