pato

lucas araújo escreveu esses dias, sobre o pato da fiesp

Confesso que acho o pato intrigante. Primeiro, é um pato infantil, um pato de banheira (de uma infância americana estilizada nos filmes, aqui dificilmente se tem banheira e pato), tem algo de inocente no pato. Mas aqui, é um pato cego e gigante, com um sorriso ausente, que diz que não pagará a si mesmo. O pato ficou gigante mas não cresceu, continua um patinho. O pato não quer se assumir, não quer crescer, quer continuar na banheira. Francamente, acho o pato meio mimado.

agora, como complemento, imaginem que as indústrias, ou outra instituição, manda fazer um pato, mas não quer pagar por ele. certo, mas ela também manda fazer o pato, e diz que não vai pagar o pato. não é um bom modelo de responsabilidade. mas é um modelo que diz, e não é  “não queremos ser responsáveis” mas sim não seremos de modo algum responsáveis. assim, nada mais natural e sensato que, num mundo capitalista em que nem tudo é puro cinismo, alguém de fato ameaçar a processar essa instituição, por inadimplência.

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corolário: é curioso como o modelo do direito autoral permite, tal como o direito à terra, noções de propriedade estranhos. afinal, a quem pertence o pato? não que a fiesp esteja bradando isso em favor dos sem-teto e as invasões de prédios abandonados. a voz do ganso era mesmo um desacato.

 


postado em 2 de abril de 2016, categoria comentários : , , , , , , , ,

32

no meu trigésimo primeiro aniversário, faço trinta e dois anos.

explico: não há porque o número de aniversários estar diretamente implicado no número de anos do aniversariante. e não por motivos nipônicos (como exemplificado aqui). o fato é que em 2014 não aniversariei. mas como o tempo não deixa de passar…

tinha um plano que me deixaria 10 anos sem fazer aniversário, e dos 30, pularia imediatamente, 11 anos depois, para os 41. mas só cumpri o primeiro período ano da proposta.

há algum tempo, discutia com araújo formulações de aniversário alternativas, não propriamente aniversarísticas (isto é, não pertencentes à classe daquelas que tomam o ano como medida-base – vide mesmo elo acima designado). havia uma proposta feita por ele de uma progressão logarítmica simples. lembro que a velhice era compreendida entre os 9 e 10 loganos. cada vez mais, os tempos entre cada loganiversário expandiam-se, procurando uma proporcionalidade significativa em relação ao sentimento de tempo interno médio de uma vida humana tranquila e consciente. a ideia era, portanto, que os (log)aniversários fossem datas de fato importantes, cheias de sentido, que exigiam preparativos, almoços elaborados, espírito sonhador, planejamento, lista de convidados restrita e cuidadosamente construída.

(admito, entretanto, uma possibilidade mais modesta (leia-se, medíocre): a partir dos 30, fazer os (bi)aniversários bienalmente. a partir dos 44, trienalmente)

 


postado em 22 de março de 2015, categoria comentários : , , ,

o brasil chegou às oitavas (e às quartas)

lucas araújo perguntou-me: “e agora que a mandinga performática não deu certo?”. o brasil passou às quartas de final da copa do mundo; minha performance-álbum-anti-musical se resumia a um evento de primeira fase. então o quê? bem, resta terminar a outra performance, “não assistir a/à copa do mundo de futebol 2014”, continuando a desviar o olhar de todas as televisões ligadas e evitar locais com imagens de jogos. para quem ainda não arriscou uma escuta do álbum, ele pode ser baixado aqui. abaixo, a resenha (ao meu ver excessivamente dramática) escrita por blu simon wasem, que presenciou #obrasilnãochegaàsoitavas 3:

Fiquei muito comovido quando recebi a mensagem notificando sobre este disco/performance, pois eu também não gostaria de ver nenhum jogo da seleção brasileira. Estava em São Paulo nos dois primeiros jogos, mas não fiz minha própria audição lá, pois estava me ocupado em filmar imagens da avenida Paulista vazia com o exército ao fundo. Mas aí calhou de estar na própria casa do compositor na ocasião do jogo Brasil x Camarões. Então eu pude experienciar a sua peça sob a maior potência. Hoje tenho minhas dúvidas sobre o meu pseudo-radicalismo anti-copa, sobre minha saúde mental após esta escuta da peça, e sobre as intenções pervertidas do artistas. Não pude permanecer no jardim após o intervalo, e mesmo a 2 quarteirões ainda ouvia o ódio, o pânico, o desespero que essa peça emana, que nada mais é do que um reflexo da situação atual do país.

 

2014-06-12 #obrasilnãochegaàsoitavas 2

#obrasilnãochegaàsoitavas 1, 2014-06-12, 17h: domicílio de iwao, belo horizonte.

2014-06-17 obrasilnãochegaàsoitavas (gzm)

#obrasilnãochegaàsoitavas 2, 2014-06-17, 16h: georgette zona muda, sede antiga, belo horizonte.

2014-06-23 #obrasilnãochegaàsoitavas 3 01

#obrasilnãochegaàsoitavas 3, 2014-06-23, 17h: domicílio de iwao, belo horizonte.


postado em 30 de junho de 2014, categoria gravações, resenhas : , , , , , , , , , , ,