ao invés de meditar

você pode

  1. olhar se há mensagens
  2. fazer café
  3. buscar na net
  4. matar mosquitos
  5. beber café
  6. ver mais um episódio da série
  7. se masturbar
  8. pular cordas
  9. zapear
  10. preencher a lista
  11. passar com o dedo
  12. dar um oi
  13. ver se
  14. exercitar angústia
  15. pensar e se
  16. ter mais uma ideia

postado em 6 de abril de 2018, categoria comentários : , ,

pedagogia #2

como não nos percebemos aprendendo e como para nós saber é sempre uma aposta a se verificar, estudar é conviver com as trevas, é se alimentar das trevas, é acreditar na incerteza da escuridão.

ao caminhar pelas ruelas mal iluminadas da cidade do conhecimento entrevemos aqui e ali janelas em que lâmpadas estão acesas e os habitantes no conforto. mas preferimos o sereno. alimentamos, com a esperança da alegria, a angústia do tatear de quem se recompõe, após um tropeço.


postado em 16 de outubro de 2016, categoria aforismos : , , , , ,

sensação

elaborei duas frases para irritar as minhas colegas da dança, quando estudava composição musical na unicamp (2001-6):

sensações matam o pensar.
quem se exercita muito, emburrece.

meu objetivo era perguntar, enquanto elas olhavam de volta para mim com desprezo, “quantos livros você leu nesse último mês?”. com uma média superior a um livro por semana, minha vitória era garantida (mesmo que elas descontassem nas práticas que fazíamos juntos, mandando eu subir e descer a porcaria de uma rampa do tamanho de um quarteirão, seguidas vezes). é óbvio que eu tinha em mente um sentido específico de “inteligência” e “pensar”, mas não importa – a dificuldade de leituras aprofundadas era geralmente suficiente para estabelecer o ponto. e ainda havia o fato de que, no período em que eu fazia aulas de balé (moderno, três vezes por semana, com a holly cavrell), e tinha de entender do mundo das “sensações” para fazer trilhas para dança, minha capacidade (isto é, vontade, concentração, disposição) de leitura, diminuíra consideravelmente.

de fato, sensações em demasia dificultam ou impedem o pensar. mas ter pensamentos não é tudo nessa vida; na falta de coisas que te forcem a pensar, eles simplesmente não ocorrem – e nada melhor pra sensibilizar o corpo e a mente a si mesmos que exercícios físicos.

***

acho que sempre associei esses momentos mais sentimentais a aproximações com o caos impensável. pequenas incursões que, no estilingue da existência, pa reenchem de sentido para depois atira-la ao nada da angústia (às vezes, perde-se o alvo e atinge-se o vazio produtor da autocriação).


postado em 3 de março de 2016, categoria comentários : , , , , , , , ,

sublime

às vezes bate aquela angústia mortífera de ter tanta coisa boa no mundo, mas já passa. é o tal do moderno sentimento do sublime.

às vezes dá aquela angústia mortal de ter tanta coisa ruim, tosca, torta no mundo. logo passa.

ossos do ofício.


postado em 8 de agosto de 2013, categoria aforismos : , , ,

duas angústias da criação

a angústia que eu sinto quando componho uma nova obra musical é diferente da que sinto quando escrevo um texto acadêmico. a primeira é uma espécie de pânico do tipo como?. a segunda é uma agitação que pergunta por que

nos piores momentos da primeira, sinto-me incapaz. nos piores momentos da segunda, sou um frouxo.

mesmo agora a pouco, tive de retirar da minha dissertação uma frase similar a: “a percepção a partir da ideia de uma ideia que permeia várias de suas aparições”. 


postado em 29 de julho de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , , , ,