assista aqui. [mas um daqueles vídeos que estavam e não estão mais no youtube]
documentário de eric darmon e franck mallet, 2006.
“a música concreta versa sobre a arte da escolha. é a arte da escolha. você escolhe um som depois de outro, e assim a composição começa.”
“eu senti a necessidade de revisitar uma obra clássica do meu próprio modo. foi nessa época que eu escolhi/resolvi escrever a décima sinfonia, inspirado pelas nonas sinfonias de beethoven. o que me importava eram os aspectos analíticos e musicológicos. eu criei um dicionário de sons ‘Beethovenianos’. // a décima remix é uma obra sobre a vida, eu penso. há a praia, a guerra, há os barulhos da cidade, as pessoas trabalhando. é um trabalho sobre a vida, como um filme. um super-documentário. uma visão do mundo que eu não conheço mas que eu imaginei.”
o ibrasotope, que inciou suas atividades em dezembro de 2007, na sua sede, agora se despede dela, em abril de 2012.
sobre o cartaz: achei curiosíssima essa foto (tirada por natacha maurer), bem ibrasotópica, e em mais de um aspecto/vertente: cadeira, bichos de pelúcia, caixa de som, livro do adorno sobre música, parede descascando…
números: com esse último evento são 6 churrascos/festas, 35 concertos da série especial [ibe], 35 da série exterior [ibx] – realizada fora da sede, 46 da série de concertos regulares [ibr], 11 palestras e/ou conversas com artistas [dpc], 13 oficinas [ofc].
jorge garcia apertou o pedal e o som de aspirador se fez um estrondo: o público inteiro pulou de susto, jorge também; ele e tiago, que estava a filmar, olharam para mim. eu estava sentado na lateral esquerda, controlando o som da platéia, e estremeci. como poderia estar tão alto? e era preciso fazer algo. vacilei por um instante, mas baixei em seguida o volume. jorge olhou receioso pro pedal e apertou de novo: novamente um barulho dos infernos. eu olhei para
sou bastante orgulhoso desse cartaz, mas sei que mário não gostou, por achar demasiado brincalhão, especialmente a inscrição de “herói da guitarra” (ele preferiria algo mais sério e/ou obscuro). na época, dado nosso plano de realização de 6 ou 7 concertos de formatura, mantendo algumas semelhanças gráficas entre cartazes diferentes, lembro que mário se comportou bem durante a sessão de fotos – com a objeção de que seu cabelo encobrisse seu rosto.
1. mexendo nas minhas coisas, sou incapaz de não selecionar; esse meu impulso rumo a sempre selecionar e resselecionar: jogar coisas fora, separar coisas para doar, para dar de presente, para vender em sebos.
2. a partitura da versão para piano da abertura da ópera o guarani, de carlos gomes, estava sendo devorada por traças. introduction to the theory of statistics, de mood, graybill e boes, não.
3. fenerich me avisou que caixas de papelão e livros não combinam: os livros são pesados e com o peso as caixas rasgam. nas caixas de papelão vão coisas mais leves, como eletrodomésticos pequenos e barras de chumbo.
4. cada estante de metal tem 44 parafusos (para desmontar e montar).
nesses últimos dois dias tive a oportunidade de assistir a trechos de shows recentes das bandas the who e ac/dc, na tv a cabo na casa de minha mãe e projetado na casa de melina scialom, respectivamente.
não gostei do show do the who. as músicas eram os velhos sucessos, e o the who era o the who, mas velho. por mais que tocassem há pouco, só na aparência estavam empolgados; havia indícios de nostalgia, da sensação de um olhar para trás, ou ainda, segundo a fórmula de zizek, de “olhar o olhar que outrora via”: o palco era grande demais, a voz e os movimentos sem aquele brilho juvenil e sobretudo os timbres não eram os mesmos; os equipamentos não eram os mesmos: a timbragem parecia resultar dantes de uma modernização tecnológica, longe do <som> que levaria a garotada à loucura. a música era a mesma, no que há de notado nela. o espírito não.
já no caso do show do ac/dc, mesmo sem gostar das músicas em si, pude assistir com entusiasmo: gritos roucos e corridinhas de uniforme pela plataforma, suor e vibração. claro que são cinquentões, mas continuam lá, fazendo o mesmo, de modo que, se tocaram músicas como black ice, de 2008, eu nem ao mesmo pude distingui-la das outras. o sempre novo ac/dc, sempre o mesmo.
“i´ll pick up my guitar and play like i did yesterday.”
nosso equipo é tão negro nossas botas tão lustrosas / a blitz vermelha à esquerda à direita a estrela negra / nosso grito tão intenso nossa dança tão selvagem / a nova dança demoníaca / todos contra todos
levante balance os quadris bata suas mãos e dance o mussolini / dobre à direita e bata palmas fazendo adolf hitler / dance o adolf hitler / mova sua bunda o seu jumento e bata palmas dance o jesus cristo / dance o mussolini
(a mera lembrança desse pedido provoca calafrios: é um símbolo do pertencimento a um estado nação; do aprisionamento do indivíduo, entre a corrupção e a violência)
((a autoridade, visando a prática da maldade, brinca de “seguir regras”))
schastye moyo (ucrânia, 2010), de sergei loznitsa, com viktor nemec.
quando alguém diz “na matemática as coisas são certas; a vida, por sua vez, é incerta”, e exemplifica algo do tipo “veja, 12/4=3: quantas coisas na vida são tão certas quanto isso?” certamente esquece que precisaram existir 4 indivíduos e 12 batatas antes de tudo isso; que as batatas tiveram de ser contadas, usando os dedos e os olhos; que precisaram ser reconhecidas como batatas; que os indivíduos todos se consideravam do mesmo tipo (humano?) e que uma das batatas estava estragada, e que um desses indivíduos, ao final da partilha, só comeu duas batatas.