ladainha do nome de deus

deus não tem nome. deus não é o nome de deus. deus é como o nome de deus é chamado. o nome do nome de deus é deus, porque é como o nome de deus é chamado. não há nome possível para o nome de deus. o nome de deus não é o nome de deus. o nome do nome de deus não nomeia deus, nem o nome nome de deus.


postado em 15 de maio de 2015, categoria prosa / poesia : , , , ,

quatro mantras

eu sou (apenas) um fragmento do todo
tenho toda a tranquilidade que preciso
eu mergulho no vazio, não no caos
a energia do mundo passa por mim


postado em 20 de abril de 2015, categoria prosa / poesia : , , , , ,

maximun jailbreak

earth a trap
storm the heavens
conquer death

maximun jailbreak

 

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a terra, uma armadilha
invada os céus
conquiste a morte

desbloqueio máximo


postado em 8 de janeiro de 2015, categoria prosa / poesia, reblog : , , , , ,

a morte e o colecionador de livros

dizem que a morte é a sina do colecionador de livros cujas estantes não têm mais sequer um livro não lido. como a grande maioria dos colecionadores têm o hábito da aquisição constante, a chamada maldição da biblioteca conhecida não chega nem mesmo a ser um tópico de debates e profilaxias, exceto em obscuros compêndios e sociedades de livreiros sovinas. e no entanto, dado o mútuo interesse, as trocas de indicações e as especulações sobre paradeiros de edições raras, acabamos ouvindo comentários dispersos aqui e ali.

de um certo senhor de gante soube-se que a vida inteira só comprou livros usados, todos, segundo ele, devidamente lidos – o senhor supostamente  certificava-se fazendo perguntas inconvenientes sobre os conteúdos aos vendedores, além de conferir rasuras e trechos sublinhados. mas o que ele não se lembrava era de um antigo e pequenino livro, do espólio do avô e escrito pelo próprio, edição limitadíssima, capa dura, costura, páginas grossas, amareladas e com manchas em marrom, cheirando mofo. é dito desse senhor de gante que ao comemorar o aniversário do avô, morreu. no mesmo dia encontraram o tal livro aberto na cabeceira de sua cama. as páginas a mostra descreviam supostas propriedades terapêuticas ligadas ao consumo regular de produtos derivados da semente da mostarda.

dizem: nunca subestimem a capacidade de um ser humano ser imprudente. a imprudência humana não tem limites. se a maioria esmagadora dos colecionadores tem pelo menos um terço de livros não lidos e um quinto intocado, há de se observar os tempos de escassez monetária, as aquisições em sebos – usados, isto é, com grande chance de estarem já lidos -, além dos empréstimos repentinos. o pior tipo de amigo ao qual se empresta um livro é aquele que rapidamente lê e o devolve. felizmente, a maioria dos emprestadores se contenta em pegar o livro e esquecê-lo em sua própria estante, ou ainda jogado dentro do armário, na sessão de roupas de inverno.

em tempos de desespero, lembrem-se de observar o ávido hóspede que se embrenha na sala de estar, retira os exemplares mais brilhantes, das páginas mais alvas, e quando você menos espera – quando vai ensaiar o final de semana em são paulo, quando resolve passear a tarde inteira no zoológico, quando vai visitar um colega afim de produzir uma cerveja tipo ale – senta-se no sofá e devora os livros apenas folheados, deflora aqueles ainda virgens.

ler você mesmo todos os livros da estante é um difícil e elaborado ato suicida, de tom franciscano, de um empenho e força de vontade ímpar. mas deixar inúmeros livros não lidos não significa de modo algum uma vida longa e próspera.

atualmente, na minha estante pequena estante de belo horizonte existem 129 livros. acredito que 36 destes nunca foram lidos.

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para matthias koole por ocasião de seu aniversário.


postado em 21 de dezembro de 2014, categoria prosa / poesia : , ,

3 transcrições, 25 nov 2014

1.
pedagogia do excesso; maria não é xingamento; mas o fim é o começo.

2.
algo deu errado
te vejo ano que vem
ok?

3.
a: então sou de cara excessivo. pedagogia do excesso.
h: é um filtro.

a: é como contato improvisação.
g: tipo maria vai com as outras.
h: maria não é xingamento!

g: está por 100 reais.
a: é o fim então.
h: mas o fim é o começo.
a: não é.


postado em 27 de novembro de 2014, categoria prosa / poesia : , , , , , ,

cinco poemas-plágio roubados de júlia de carvalho hansen

1.
acordo em estado de parede
metade da vida é faxina
a outra metade?
regresso do pó

2.
comigo o amor é o cavalo (eu sou apenas um cavalo)

3.
naquela época eu acordava mais cedo do que eu porque
era a aventura social do mundo

4.
como eu faço para ter aquilo que já tenho?
penso o destino como um queijo suiço
escrevo sem parar que é para amanhã não ter ideias

5.
tua ausência fertiliza o importante
os perigos da solidão a dois

{de alforria blues ou poemas do destino do mar, de júlia de carvalho hansen. belo horizonte: chão de feira, 2013}


postado em 2 de setembro de 2014, categoria prosa / poesia : , , , , , , , , , ,

poema para carou araújo

uma vez vc me beijou, lembra?
aqueles fósforos da transa acabaram.
agora estou sem fósforos.


postado em 23 de agosto de 2014, categoria prosa / poesia : , , ,

sobre a morte #4

ainda no referido site (nine million ways to die) encontro a seguinte descrição:

((•••)••)

homem assassinado por mulher. relação heterossexual.

queria “afogar-se até morrer naquela peitaria pesada”. posicionou a cabeça e ela o prendeu com seus braços fortes. efeito similar ao de asfixia com um travesseiro. homem relutando mas sem forças. pouco antes de morrer, desesperado, morde o seio esquerdo. sangue, morte, dor. o filho da puta.


postado em 23 de junho de 2014, categoria prosa / poesia : , , , , ,

sobre a morte #3

imaginando cenários de morte, encontro em um site intitulado nine million ways to die algo que me interessa:

(((•)•)((•)))

homem assassinado por mulher. relação heterossexual.

seu grande amor, ao fazer sexo, enforca-o até o quase-sufocamento. as mãos largam no momento imediatamente ante-gozo. assim que ele (gozo) vem, então, sincronicamente, ela profere o golpe fatal, impacto de punho cerrado no pomo de adão.


postado em 19 de junho de 2014, categoria prosa / poesia : , , , , , ,

um poema-plágio roubado de nick land (non-standard numeracies: nomad cultures)

Secretamente, alimentando premonições de matanças,
Gêmeo Superior enterrou Absoluto atrás de um espelho.

Seu Número não é Um.

Se Deus não existe então não há nada que o impeça de acontecer.
Pois para qualquer coisa que possa aparecer quando quer, o melhor lugar para se esconder é a não-existência.


postado em 17 de abril de 2014, categoria prosa / poesia : , , , , , , , ,