1.
deprimido no bar
estudando lógica
um pint de capa preta
2.
camiseta do van daime
o cachorro
em casa mostro ao rai
cogitamos uma do rufo
3.
o dia é promissor
aprendi dois novos enlaçamentos
para os cadarços do meu tênis
e usei um de cada lado
4.
por que o coração se aperta
quando alguém não vem
seria falta de celular?
mas tenho facebook
postado em 12 de julho de 2018, categoria prosa / poesia : bar, cachorro, camisetas, celular, enlaçamentos, estudos, facebook, poesia
não são como aquela única panela, de teflon, que sempre esfregamos usando a parte verde da espuma?
postado em 25 de junho de 2018, categoria prosa / poesia : panela, precariedade, teflon
1.
A: você pensa que cachaça é água.
B: é pinga.
2.
A: minha cueca tava lavada:
B: meu namorado é um otário.
3.
A: olha a cabeleira do zezé.
B: sim, ele é careca.
4.
A: você vai ver a grande confusão.
B: só não mexa na minha poupança.
5.
A: mãmãe eu quero mamar!
B: quer teta ou piroca?
6.
A: mais de mil palhaços no salão.
B: e eu.
7.
A: uma vez.
B: sempre.
A: até morrer.
B: (dr.) eu não me engano.
8.
A: 2018.
B: sa-sa-saricando (a vida no arame).
postado em 11 de fevereiro de 2018, categoria prosa / poesia : carnaval, diálogos, marchinhas
1. a arte reduz/fixa
2. a ciência desloca/elimina
3. a filosofia circunscreve/delimita
postado em 1 de outubro de 2017, categoria aforismos, prosa / poesia : arte, ciência, definição, filosofia, poesia, sentido
1. um poema
barrar o devir
expiar a experiência
domar a loucura
arte contra a vida
2. são notórias as reclamações de bataille contra o (segundo) surrealismo, ou o “surrealismo estético”. não sei se ele teria previsto o quão rápido seria a apropriação ou o paralelismo publicitário nesta direção, produzindo um misto de arte e vida contra a vida. mas ele estava suficientemente consternado com um tipo de arte expressiva, a ponto de escrever:
se um homem começa a seguir um impulso violento, o fato de exprimi-lo significa que renuncia a segui-lo ao menos durante o tempo de expressão. A expressão exige que se substitua a paixão pelo signo exterior que a figura. Aquele que se exprime deve, portanto, passar da esfera ardente das paixões à esfera relativamente fria e sonolenta dos signos. Em presença da coisa exprimida, é preciso, portanto, sempre se perguntar se aquele que a exprime não prepara para si mesmo um profundo sono.
{georges bataille, a loucura de nietzsche, trad. fernando scheibe, editora cultura e barbárie, achephale vol. 5, p.9}
em relação à impostura de “um pesadelo que justifica roncos”, nada mais frouxo e distanciado da loucura, de tornar-se vítima de suas próprias leis. eis a potência da arte expressiva: normalizar.
postado em 24 de setembro de 2017, categoria aforismos, prosa / poesia : arte, expressão, georges bataille, loucura, surrealismo, vida
1. schellingians
2. schlegelians
3. schillerians
postado em 9 de setembro de 2017, categoria prosa / poesia : friedrich schelling, friedrich schiller, friedrich schlegel
todos os meus amigos viraram padeiros
todos meus colegas vão de uber
e eu, que nado mal e ando de bicicleta mal
não tenho celular e não sei fazer torrada
postado em 11 de agosto de 2017, categoria prosa / poesia : celular, ciclismo, crise, natação, pão, torrada, uber
sobreviver : talvez de fora não se veja
a opacidade da presença é também
a opacidade da ausência
cada pequena ação, como uma marionete
uma vitória sem sentido
entretanto
a barriga conduz o homem
e o tempo dissolve o drama
que mesmo com seu desejo de queda
e sonhos de lama e escuridão no abismo
a vontade soberana empurra
e seduz da pior forma possível
monotonia:
insista só mais um pouco
a melancolia de uma vida medíocre
o sorriso de uma nova chance
e de novo
postado em 9 de agosto de 2017, categoria prosa / poesia : abismo, depressão, desejo, lama, mediocridade, melancolia, produtivismo, vida, vontade
uma bomba de saúde
um ataque de calma
um míssil de empatia
nocaute de bem estar
postado em 2 de julho de 2017, categoria prosa / poesia : nocaute, oxímoro, saúde
quantas vezes os alvos do grande hipnotizador não pensaram: é melhor eu fingir estar hipnotizado e agir tal qual ele comanda; imaginem que fiasco seria, que papelão, ficar aqui e fazer algo estranho ou ainda comportar-me normalmente – o que pensariam dele, ou melhor – o que pensariam de mim? e não faltaram ocasiões em que seus amantes sonharam estar sob controle total, enquanto transavam exatamente como ele sugeria – nem performances exuberantes e inventivas, na qual os hipnotizados resolveram dar o seu melhor.
postado em 25 de junho de 2017, categoria prosa / poesia : comando, hipnose, livre-arbítrio, socius, volição, vontade