adeus 2014
1. jean-pierre conseguiu me contaminar a ponto de eu partilhar com ele a opinião de que descobrir os escritos de nick land foi um dos grandes eventos do ano. com um estilo que lembra o “economia libidinal” do lyotard, mas atualizado para os anos 90, um texto louco e ágil que não deixa de ser sóbrio e consistente, land substitui o que em deleuze/guattari é terrestre e vital por uma visão cyberpunk do solar e mortal . fanged noumena, a coletânea de artigos, vale a pena.
2. ainda sobre livros, não deixo de recomendar os de adília lopes (poesia descomplicada e divertida) e quentin melliassoux (filosofia descomplicada e divertida). the female man foi leitura destaque também, de joanna russ (ficção científica feminista). e, especificamente para os tempos atuais, em que colegas vão a manifestações e acabam encarcerados durante vários dias, o não verás país nenhum, de ignácio de loyola brandão.
3. o melhor show que vi foi o do yersiniose tocando curtos circuitos i, durante o encun 2014, no ibrasotope. a primeira parte da peça foi uma das coisas mais impressionantes: golpes sonoros, os graves faziam o nariz tremer, textura massiva, timbres bonitos, agudos controlados e harmonizados. eu pensei que ia escrever sobre, mas deixei passar.
4. finalmente colocamos no ar a seminal records, o meu selo de música experimental (mas não só meu). lancei dois álbuns de música conceitual por ele e meu prometido “coleções digitais” fica, de novo, para o ano que vem. também uma melhor divulgação e distribuição dos exemplares físicos dos álbuns fica para 2015, que eles merecem (1911 está na lista dos melhores do ano do bernardo oliveira; pupila apareceu em várias resenhas por aí, oco é um belo álbum, trombone é bastante desafiador).
5. sobre lançamentos – também consegui lançar o primeiro dvd pela escola onde trabalho, a oi kabum! bh. mar de brita, de ismael vaz de araujo.
6. escrevi algumas historinhas e causos engraçados:
- a morte e o colecionador de livros;
- pseudo-nazi na saída do maletta;
- do bom jovem; da perna de boneco; do idoso na fila;
e pelo menos uma postagem especialmente iluminada, a do ensinar a pescar (nada de novo: nos recentes meses muitas pessoas usaram argumentos parecidos. quando publiquei ainda parecia haver alguma dúvida quanto ao assunto). também o desenho de cubo pareceu a flávia fantini, em especial, uma ótima sacada a partir do par imanente/transcendente. se é uma boa explicação, eu mesmo não sei.
7. escrevi pelo menos dois bons artigos. 16 comentários sobre colagem musical e referencialidade foi escrito para a revista claves e desde julho aguardo publicação (a história é complicada. eu não ia mandar o artigo e preferia só postar no meu blogue. o editor tentou me convencer. eu disse que não e um dos argumentos era a falta de comprometimento com prazos do meio acadêmico em geral. ele me convenceu a mandar. eu mandei. até hoje não saiu). 7 parágrafos saiu na edição iii da revista de “cultura eletroacústica” linda, do selo/produtora nme, a pedido de tiago de mello. fiquei bastante feliz com o comentário de adriano monteiro sobre o sexto parágrafo e me dou a liberdade de torná-lo público aqui:
A definição de luteria digital é genial! Depois de ler dezenas de artigos para definir esse termo no meu mestrado entendo que, de longe, essa foi a mais precisa e honesta.
8. continuei a atuar e a organizar o quartas de improviso, junto a matthias koole. trabalhamos junto à georgette zona muda, espaço comum luiz estrela e agora, galeria ÿstilingue. chegamos a 41 edições do evento. convidamos muita gente pra improvisar conosco.
9. o cachorro lucky luke morreu de velho. a gata min, morreu envenenada (eu e blu a enterramos no jardim). fui até a bélgica para uma residência artística; tomei boas cervejas e comecei uma peça para flautas doces (katelijne lanneu, fica pra 2015, tomara!). de volta ao brasil, meu amigo edson fernando ganhou prêmios por suas cervejas artesanais. fui técnico de som na mostra retrospectiva da oi kabum! bh. conheci mais pessoas incríveis em belo horizonte. meus amigos foram grandes amigos. vi pouco minha família, mas quando vi, foi bastante prazeroso. toquei aqui e ali com o epilepsia, o coletivo d’istante e o infinito menos.
postado em 28 de dezembro de 2014, categoria comentários : 2014, retrospectiva