vendedora de canetas no floriana café
vendedora de canetas, você é bonita, esguia, veste roupas que não chamam atenção mas lhe caem bem, vendedora de canetas, você vende canetas, várias cores, e toda sua atenção está voltada para mim, exceto um indulgente arrumar do coque, vendedora de canetas, as mãos leves passando por sobre o cabelo preso, e um leve toque, vendedora de canetas, para conferir, mas é claro que está preso, você sabe, vendedora de canetas, um gesto mágico, e você as vende, as canetas, para ajudar sua igreja, mas comprar uma caneta seria como um primeiro beijo, uma promessa, vendedora de canetas, e estou inebriado, sou um homem como um homem qualquer, vendedora de canetas, facilmente influenciável, enamoro-me assim de ti, sorrio junto, abobalhado, esqueço do mundo e fico contemplando, vendedora de canetas, seu rosto, mas hoje não, vendedora de canetas, a sua igreja está bem e como disse meu amigo w.b.: “melhor matar um bebê em seu berço do que acalentar desejos irrealizáveis”.
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epílogo: e por isso, e porque sou um bom cristão, digo-lhe: comprar uma caneta evocaria o pecado original, vendedora de canetas, a sua igreja não percebe, eu não quero caneta nenhuma, eu quero saber seu nome, me dê uma caneta azul, simples, esferográfica, vendedora de canetas, prazer, meu nome é adão.
postado em 10 de dezembro de 2011, categoria Uncategorized : adão, cafés, floriana café, igreja, mulheres, william blake