1. paravam o carro na frente de sua casa. um dia, basta! pegou uma marreta e marretou o carro da vez. “esse nunca mais para aqui”.
2. como sua tia era sapatona e ele perturbado pelo diabo, de tempos em tempos via sua casa como morada do demônio. era bombado e cocainômano e esmurrava o portão, gritando. em algum ponto seu pai começava a resmungar, em um paulistano carregado, “que é que eu fiz pra merecer isso”. a polícia vinha. a família desistia de prestar queixa. a polícia ia embora. o sujeito acalmava. tudo voltava ao normal. mas era preciso desentortar o portão.
3. a casa tinha um muro à lá índia, 4 metros de altura. acima dele, cerca elétrica. do alto, câmeras de segurança observavam os transeuntes. a empregada, entretanto, possuía a chave, os roubou e nunca mais apareceu.
4. era um sábado especial e estávamos fazendo mais barulho que o habitual. mas pararíamos às 23h. então, contravenção pouca, passaríamos apenas uma hora das dez. só que de repente, já no último show, há uma senhora de óculos e pijamas de pé na sala, com cara de indignada e procurando algo. achando, a vizinha segue até a tomada que tem mais coisas ligadas e puxa a extensão, desligando todo o som.
5. havia um mandato policial contra a posse de animais de estimação por parte dela. ainda assim, a tentação era grande, as ruas repletas, e ela não resistia e acumulava cachorros. o gradual aumento do coro de latidos nos indicava como ia a matilha.
6. a infiltração nos anexos estava brava. subimos na escada. o vizinho havia colocado uma estaca, deslocando o rufo entre os muros. preso à estaca havia um fio, para estender roupas. de lá víamos o lixo acumulado do restaurante japonês. talvez nossos ratos fossem lá comer. provavelmente.