não pude colocar essa bela citação de lyotard na outra postagem: de um mesmo ponto de partida, os múltiplos caminhos ora entrecruzam-se, ora não, aparentam incompatíveis. e o quão estou longe desse bem aventurado vagar em colono.
“ao contrário, após descobrir que matou o pai e desposou a mãe, o músico experimental ‘moderno’ começa a caminhar sem tentar concluir e resolver suas experiências. ele esforça-se mais por alcançar uma vacância tal que ele possa se manter aberto para a vinda dos acontecimentos sonoros.”
(peregrinações. são paulo: estação libertade, 2000, p. 45)
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e duas visões do trágico: sócrates e o estrogonofe; burroughs e a maçã. no segundo casa há o episódio em colono, no primeiro, apenas o destino.
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e recomendo o livro: “hölderlin e sófocles; observações sobre édipo e observações sobre antígona”, de friedrich hölderlin e jean beaufret. rio de janeiro: jorge zahar editor, 2008.
se é preciso dizer algo sobre a aura trágica que recobre esse novo ano de 2012, então acredito que isso baste, de friedrich schiller [em sobre o sublime, in: do sublime ao trágico, autêntica editora, 2011, pgs. 60-1, 63], seguido de canção da damares:
“Será que gostaríamos de ser lembrados da onipotência das forças da natureza caso não tivéssemos uma reserva de algo além daquilo que elas nos podem roubar? Nós nos regozijamos com o sensível-infinito, pois podemos pensar o que os sentidos não apreendem e o que o entendimento não concebe. Ficamos entusiasmados com o que é temível, porque podemos querer o que os impulsos repudiam e rejeitar o que a eles apetece. De bom grado deixamos a imaginação ser conduzida no reino dos fenômenos, afinal, trata-se apenas de uma força sensível que triunfa sobre outra força sensível, mas o que há de absolutamente grande em nós, a natureza, em toda a sua falta de limites, não pode alcançar. De bom grado submetemos o nosso bem-estar e a nossa existência à necessidade física, pois isso nos recorda justamente que ela não pode dispor de nossos princípios. O ser humano está nas mãos dela, mas a vontade humana está em suas próprias mãos.
Assim, a natureza aplicou até mesmo um meio sensível para nos ensinar que somos mais do que seres meramente sensíveis; ela própria soube utilizar sensações para nos conduzir ao rumo da descoberta de que não estamos submetidos como escravos à violência das sensações. (…) No caso do belo, a razão e a sensibilidade se harmonizam, de modo que apenas em função dessa harmonia ele tem seu atrativo para nós. Portanto, apenas por meio da beleza nunca experimentaríamos que estamos destinados a nos mostrar como puras inteligências, e que somos capazes disso. No caso do sublime, em contrapartida, a razão e a sensibilidade não se harmonizam, e justamente nessa contradição entre as duas reside a magia com que ele toma nosso ânimo.
(…) Essa descoberta da faculdade moral absoluta, que não está ligada a nenhuma condição natural, dá ao sentimento melancólico pelo qual somos tomados ao nos depararmos com um homem assim [trágico] o atrativo único e indizível que nenhum prazer dos sentidos, por mais enobrecidos que seja, pode disputar com o sublime.”