diz adorno que se as obras de arte fossem intuitivas, estas seriam, segundo wagner, efeito sem causa. e portanto, ideológicas no mais alto grau.
postado em 29 de outubro de 2019, categoria aforismos : arte, ideologia, intuição, obra de arte, richard wagner, theodor wiesengrund adorno
a uns anos atrás a diatribe é impossível ser deleuziano circulava na minha bolha. o argumento era: ser um especialista, um entendedor de deleuze, era ser um acadêmico – era explicar deleuze, ou ainda pior: era hipostasiar suas noções e fixá-las como “é assim que se aborda algo”; nada mais a contra-gosto do autor, a bradar pela criação de conceitos e pela “cópula forçada por trás”. de modo que, ao menos no meu entendimento, a partir disso, os dois deleuzianos verdadeiros que conhecia eram nick land e manuel delanda, seguindo a regra fácil do “possivelmente isso irritaria ao próprio autor”. mas, como era de se esperar, deleuze não era o único filósofo de posto renomado a lutar contra os operários da filosofia.
pois adorno, em suas admoestações contra o pensamento da origem e os estilos que dão suporte à apresentações passo a passo, acaba por também se colocar contra aqueles que apresentam seus conceitos na forma de definições e explicações, segundo uma didática das partes. seria antes necessário, para manter-se com o autor, escrever ensaios nos quais os conceitos aparecem em constelações e cujas ideias são atualizações que tanto recolocam preocupações e termos conhecidos como avançam pontos, mantendo-os entretanto, igualmente perto do centro do discurso. nesse sentido, nada mais vão que um dicionário a dizer o que seria a indústria cultural, a regressão da escuta etc.
talvez seja útil então distinguir três aspectos, quanto a um epigonismo: conteúdo, forma e espírito. aqueles que tomam apenas o primeiro aspecto são os estudiosos; um seguidor que toma os dois primeiros mas não o terceiro é um imitador; aquele que toma os três aspectos é um verdadeiro discípulo, contanto que exista um abandono (parcial) do primeiro, mas no caso deleuze, a predominância do terceiro poderia deslocar a necessidade do segundo.
postado em 28 de março de 2018, categoria comentários : academia, conteúdo, epígonos, espírito, filosofia, forma, gilles deleuze, theodor wiesengrund adorno
numa carta para michel cressole, autor de deleuze (eu não li), deleuze enfatiza a noção de transversalidade. parece sincero, tal como um adorno frente ao ativismo nas ruas: prefiro o grande hotel abismo. adorno também estava a praticar a transversalidade e hume diria que é de fato possível ter os mesmos efeitos por meios totalmente outros. frente à frente homossexual de ação revolucionária, o importante ainda é o importante – que cada um consiga aceitar sua própria solidão.
certo. mas então por que preciado insiste em chamar seu texto, no manifesto contrassexual, de a filosofia como modo superior de dar o cu? o que num momento irritado me permitiu escrever a um grande amigo “e depois, à lá deleuze, você diz que é devir-mulher ou então hermafrodita molecular. e eu como radfem-molecular digo que transversalismo é um grande engodo patriarcal.”
postado em 29 de agosto de 2015, categoria comentários : beatriz preciado, cu, david hume, filosofia, gilles delezue, grande hotel abismo, homossexualismo, michel cressole, molecular, radfem, theodor wiesengrund adorno, transversalidade
1. nossa, que rizominha legal.
2. por causa da micropolítica do poder.
3. ele vive numa mônada nua.
4. essa heteronomia é minha.
5. tá lá, no seu momento (de verdade).
6. ela está cheia de vontade (de potência).
7. retornei, é o eterno-retorno.
8. na estação de taxi sublunar.
postado em 2 de agosto de 2012, categoria Uncategorized : aristóteles, frases de efeito, friedrich nietzsche, geraldo azevedo, gilles deleuze, gottfried wilhelm leibniz, michel focault, pensamento, theodor wiesengrund adorno