claro que burroughs falava sério sobre a linguagem ser um vírus. em o terceiro homem, erik bünger acrescentou: as melodias. susan blackmore completou: “não pense em inteligência, pense em replicância“; memes são melodias visuais. temes vêm do futuro para colonizar o presente rumo a singularidade tecnocientífica.
o livro de rodolfo caesar sobre sua música homônima {círculos ceifados, 7 letras, 2008} sofre justamente de academicismo: está a todo tempo defendendo-se, buscando aliados, justificando suas escolhas – como se houvesse um modo acadêmico sendo transgredido; como se o texto precisasse ser resguardado. mas nesse movimento, justamente esse modo é reforçado e recolocado a todo tempo. não que ele pretenda ser diferente, mas ouvindo numa ocasião acadêmica, muitos anos atrás (2004? ou ainda antes), a palestra equivalente, tinha a impressão viva de estar em presença do contrário – de uma rota para fora da universidade, estando dentro. hoje, fora, mesmo que goste da música e do livro, pesa-me o tom autoirônico, quiçá cínico.
o texto, portanto, deixa claro: não deve ter uma força que possa ser equivalente à da música; sua fabulação está entre aspas, como “fabulação”. não é como the third man, de erik bünger, palestra-vídeo que eu fiquei de traduzir para o português mas não o fiz.