comprovação da falsidade da ciência

ele mata quem iria dizer se ele realmente morre quando se suicida
mas como ela iria dizer pra ele e ele mata ela e depois se mata
então os dois vivem
e comprovam que a morte é um engodo

***

(por ocasião da abertura da exposição casa para um animal, de carolina botura e pelo fato de eu estar a tomar a vacina contra a febre amarela, resolvi tomar também a antitetânica. algumas horas depois estava de cama, convalescendo. um dia depois, um pouco melhor e dopado de ibuprofeno, converso com j.-p. caron, chegando a conclusão de que o melhor a fazer quando estiver manuseando pregos enferrujados, é esburacar o meu braço e pegar tétano. cqd sqn)


postado em 7 de abril de 2017, categoria prosa / poesia : , , , , , , , , , ,

suicídio e panelaço

dorothé depeauw gentilmente me contou a história do técnico do teatro que, no dia seguinte à apresentação de o brasil não chega às oitavas em belo horizonte, comentou com ela:

“ontem foi muito doido, né? a peça do panelaço. primeiro eu achei que não ia aguentar, mas fui ficando. foi me dando um sentimento de morte, como se a morte habitasse. e fiquei até o final, com vontade de morrer. eu gostei muito.”

e nesse momento ele estava ajustando a iluminação para a dança de dorothé e ela começou a ficar preocupada porque ele estava a pelo menos 6 metros do chão.

 


postado em 25 de setembro de 2015, categoria crônicas : , , , , ,

lendo cabrera, a ética e suas negações, #1

1. a vida e obra. escolher compor ou não compor: ‘seria melhor não compor uma obra’. a violência do nascimento, tanto quanto da morte; da criação, tanto quanto da destruição. porque eu deveria preferir produzir a não produzir?

2. jogos mortais: “A morte por gás e morte nuclear são maneiras de fazer que o horrível da morte seja coisa nossa, esteja, de alguma maneira, sob nosso controle. É possível imaginar alegria mais intensa que do controle da morte? Pareceria como se o projeto, consciente ou inconsciente, do homem fosse fazer deste mundo um mundo socialmente horrível, para não perceber que ele é horrível.” [88]

3. camiseta com os dizeres ‘PELA APOLOGIA ACRÍTICA DA VIDA’; outra, menos efetiva, com ‘PELA MORTE {suicídio, abstenção, aborto}’.

4. para serem consistentes as éticas afirmativas não poderiam ser afirmativas. contra nietzsche e sua gritaria em pról da vida, cabrera indica o caminho de uma ética negativa e autodestrutiva. (um cristianismo ético-crítico, deve abarcar a possibilidade do suicídio, da abstenção, e eventualmente dos pequenos assassinatos)

5. “O suicida seria perdoado se ele partisse com algum rumo. Mas o que o suicida radical quer é, simplesmente, sair daqui. / O suicida é um viajante kafkaniano.” [57]

{cabrera, julio. a ética e suas negações. rocco, 2011}


postado em 29 de abril de 2014, categoria resenhas : , , , , , , , , , , ,

fim do mundo (de novo), a piada

não se preocupem, antes que ele acabe, eu me mato.


postado em 21 de dezembro de 2012, categoria Uncategorized : , , ,

ainda sobre os feitiches relacionados a viagens no tempo

alguns devem ter-se perguntado seriamente sobre porque não há grandes feitiches da viagem no tempo quando se vai ao futuro. para todos os que não pararam para pensar sobre isso aqui vão três exemplos. espero que a leitura destes possa tornar clara a inutilidade do tipo de empreendimento que descrevem.

1. um sujeito vai ao futuro para assistir à sua propria morte. quando morre, pensa: “a morte é justamente onde eu não estou, mas cá estou”. alternativamente: “há vida após a morte, só que não após a segunda morte”, ou “o gato morre sete vezes, e eu duas”.

corolário: se é concedida a possibilidade disso, então fica indicado o fato dos gatos viajarem para o futuro. 

2. um sujeito vai ao futuro assistir a sua morte. quando se empolga e comete a atrocidade, diz não poder ser preso por assassinato. na verdade se trata de suicídio doloso.

3. imagine-se viajando no tempo para o futuro com uma máquina portátil, com o objetivo de pentelhar-se por todos os dias de sua própria vida. convence-se, após pentelhar-se por um dia inteiro, a viajar para o dia seguinte e pentalhar-se por um dia inteiro, convencendo-se a pentalhar-se no dia seguinte por um dia inteiro etc. 

***

explicações: se ainda não entendeu onde deve-se chegar, leia abaixo.

1a. o sujeito chega no horário e local previsto pela cartomante para sua morte, afim de presencia-la em vida. só que daí morre.

1b. o sujeito chega no horário e local previsto pela cartomante para sua morte, só que não há ninguém lá. a cartomante sabia disso e enganou-o por um bom bocado. isso porque, justamente, ao viajar no tempo para o futuro, ele viajou no tempo para o futuro (e não envelheceu).

2. mesmas ressalvas a 1, com a adicional de que se suicidar é crime grave e inafiançável na maioria dos países do mundo.

3. pense sobre o propósito disso. faça um diagrama. não é muita estupidez?

***

corolário ortografia: eu escrevo feitiche com esse “i” antes do “t” mesmo. algumas pessoas tem me indicado que isso é errado, mas eu falo com o “i”. 

corolário futuro encontro: enquanto é fácil se encontrar no passado, no futuro isso não é tão simples. o modo mais garantido é voltar ao passado e se convencer a não voltar para o passado. aí sim, viajar ao futuro, e se encontrar mais velho. isso pode ser paradoxal, mas não chega a ser um feitiche.

corolário assassinato: voltar ao passado afim de se convencer a não voltar ao passado para ver sua própria morte no futuro pode ser problemático, especialmente se o caso for o do ponto 2. afinal, você não quererá ser morto, a menos que já seja suicida. se assassinar (ou suicidar-se-a-si-outro) no futuro não chegará nunca a ser tão emocionante quanto comer-se-enquanto-bebê no passado.


postado em 12 de novembro de 2012, categoria Uncategorized : , , , , ,

resquiat

existem dois músicos prematuramente falecidos, ao meu ver: franz schubert (1797-1828) e kurt cobain (1967-1994).

suas mortes foram típicas, em suas épocas: sífiles e febre tifóide contra depressão, drogas, e suicídio.


postado em 18 de maio de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , , ,