1. existem mais deuses do que coisas.
2. para cada coisa, a probabilidade de que mais de um deus correspondente seja necessário, é muito grande.
3. a conquistada aparência de homogeneidade se dissipa frente a heterogeneidade complexa e abundante de causas últimas.
4. tales de mileto, o mesmo que disse da água, que ela era a causa material de todas as coisas (mas o que ele quis dizer por <água>?), também escreveu: “todas as coisas estão cheias de deuses”.
postado em 8 de maio de 2015, categoria comentários : água, deuses, filosofia, substância, tales de mileto, teologia
no dia 13 de dezembro será lançado meu álbum éter 2, pela seminal records, no seguinte endereço: www.seminalrecords.bandcamp.com/album/eter2. abaixo, um dos textos do encarte.
Comecemos pela possibilidade de colocar um objeto nu (4’33”, de John Cage). Depois, de usá-lo, dizendo: é preciso escutar. E então ampliar esse ato disciplinado de atenção (0’00”). Esfumaçar as fronteiras entremundos. Ou estabelecer e habitar fronteiras: Mieko Shiomi pedindo o som mais sutil. Muito tempo depois, o grupo Wandelweiser.
Brincar com a possibilidade de indiscerníveis. Dizer: a ocorrência no tempo diferencia as partes, as músicas. Ou ainda, o toca-CDs é um relógio de quatro minutos (70’00″/17, de Jarrod Fowler). Dizer: a duração e a autoridade diferenciam as partes, as músicas: o convite de Guilherme Darisbo para coletânea DADA do selo Plataforma Records.
Querer, como Cage, silenciar um pouco a presença humana (Silent Prayer), seus sons, suas imagens. No estilo o melhor da internet, usuários postam uma, cinco ou dez horas de nada e/ou de “absolutamente” nada. Zen for Film (Nam June Paik) ampliado, planificado. Se a conexão é estável, muito pouco ruído. ‘Se seu computador dormir, acordará sem pedir a senha. Desculpe-me não estar em qualidade HD’ (SpritePix). Alguns desses vídeos usam tela branca. Mas o transparente não deveria aparecer como preto, em um vídeo para internet? Erro conceitual? – Uso expressivo do branco/fala em Hurlements en Faveur de Sade, de Guy Debord.
Seguindo Raquel Stolf (Assonâncias de Silêncios), é possível empilhar silêncios? E se pensarmos em termos de mascaramento: não estariam os sons mascarando um silêncio subjacente? Um negativo de substância, vazios e nadas permeando. Ou então: soterrados. Tal qual a noção de espaço, quando lhe tiramos todos os objetos. Que inexistência e omnipresença sejam homoefetivas não garante que suas ideias correspondentes também sejam.
postado em 11 de dezembro de 2014, categoria obras, textos : 0'00", 10 horas de nada, 13 horas de nada, 4'33", álbum, artigo, assonâncias de silêncios, boundary music, espaço, éter 2, guy debord, henrique iwao, homoefetividade, hurlements en faveur de sade, jarrod fowler, john cage, lançamento, mieko shiomi, nam june paik, raquel stolf, seminal records, show, silêncio, silent prayer, substância, vazio, wandelweiser, zen for film