uma desavisada conversa com a amiga em meio a uma improvisação musical na kasa invisível, uma quinta de improviso. é logo repreendida por outra ouvinte. desaforada, responde: “mas isso não é tudo uma experimentação? minha conversa também pode fazer parte”. acontece que ela mesma, frente a um público silencioso e atento, não consegue realmente acreditar no que disse. queremos ser indulgentes sem que isso seja evidenciado socialmente. a desavisada sai da sala.
após a apresentação, no botequim vegano, gabi comenta o ocorrido e carol cita o episódio do irmão do jorel em que um legume fala: “tá achando que o reino do caos é bagunça?!”. é que, quando os músicos devem criar a música na hora, em meio à liberdade da experimentação, precisam estar concentrados, atentos uns aos outros. fazem música de câmara, no fundo, e interferências exteriores dificultam esse equilíbrio instável. em contraposição, em um show de rock, por exemplo, em que todos sabem o que devem fazer, o público pode cantar, beber e falar, que a música sairá incólume. de modo que
enquanto o império da ordem permite o caos, o reino do caos exige a ordem.
postado em 19 de julho de 2024, categoria crônicas, slogans : improvisação livre, irmão do jorel, kasa invisível, qi, reino do caos
é quarta-feira e matthias está preocupado com seu concerto na fundação logos com kobe: spahlinger, lachenmann, polansky. recebe então um e-mail que diz o seguinte:
oi cara tamo aqui tocando o an index of metals do romitelli tamo precisando de um guitarrista e sacamos que tu já tocou essa parada então bora cá quinta e sexta ensaio sábado é o concerto num festival maneiro diz aí se vem nóis paga é nóis velho ass noruga de bergen
matthias tem de tocar com iwao nessa sexta (qi020), mas gosta muito de tocar a obra de fausto romitelli; responde então que adoraria ir mas pode apenas no sábado. o norueguês (que obviamente escreve como um norueguês formal e não como um paulista pseudo-carioca demente) manda passagens para sábado 6h40 da matina, aeroporto de bruxelas.
postado em 19 de março de 2014, categoria crônicas : bergen, borealis, fausto romitelli, helmut lachenmann, kobe van cauwenberghe, larry polasnky, logos, mathias spahlinger, matthias koole, música contemporânea, noruega, qi
de 15 de maio de 2013 até 17 de julho eu e matthias koole realizamos a primeira temporada do evento quartas de improviso, vulgo qi, no bar nelson bordello, 22h, em belo horizonte, na região central. excetuando a ocasião em que a polícia militar impediu-nos de tocar, seguimos todas as quartas-feiras, convidando inúmeros artistas. as informações sobre a primeira temporada estão aqui, no blog do evento.
postado em 26 de julho de 2013, categoria apresentações : henrique iwao, improvisação, matthias koole, nelson bordello, qi, soundcloud
quando disse que manteria conforme agendado o show no nelson bordello, do qi, as pessoas me aconselharam a cancelar. disse que não, que não concordava de modo algum com ter de cancelar, ainda mais pelos seguintes motivos espúrios:
- que o governador prometera anestesiar toda a população, seja com futebol, seja com porradaria, tropa de choque, exército e não apenas a polícia militar;
- que o prefeito disse que (l)a merda era pouca, que as pessoas precisavam apanhar mais;
- que decretaram feriado na cidade, para que as pessoas pudessem ficar em casa;
- que disseram que iam diminuir a frota de ônibus, e também reduzir os horários de funcionamento do metrô;
mas fui obrigado a cancelar, com o perigo da pm e exército de depredarem o local, de danificarem nosso equipamento, com a possibilidade de ficarmos sem translado. tive de aceitar que o poder público realmente me proibiu de trabalhar. ou fico em casa lendo, ou vou pra rua temperar a cara e cheirar gás. trabalhar, não, não pode, nem à noite, muito depois do horário da manifestação.
postado em 26 de junho de 2013, categoria crônicas : antonio augusto junho anastasia, belo horizonte, governo, marcio araújo de lacerda, nelson bordello, poder público, polícia militar, qi, trabalho