onde agora eu descarrego minha raiva? (a raiva em música não é uma questão de ruído/barulho, mas de uma exacerbação da fisicalidade.)
onde agora eu perco tempo? (nem mesmo livros de filosofia enfadonhos são tão improdutivos quanto as sonatas de mozart.)
onde eu passo meus dias de veraneio? (se ao menos eu conseguisse de fato tomar gosto pela jardinagem e pela culinária.)
postado em 14 de dezembro de 2015, categoria crônicas : música, ócio, piano, raiva, veraneio, wolfgang amadeus mozart
uma das questões que me atormentava quando eu estava aprendendo a tocar piano, por incrível que pareça, era se era realmente possível tocar duas notas ao mesmo tempo. de algum modo, entre a chamada pré e a própria adolescência, me parecia que, por mais que eu tentasse, era altamente improvável, para não dizer impossível, que elas coincidissem em um ponto temporal, dado que o tempo se dividia infinitamente, ou melhor, infinitesimalmente. talvez isso fosse uma versão precoce minha para o que eu lembrava como o conto de aquiles e a tartaruga, mas como eu sentia que isso era uma questão séria, eventualmente olhava para os meus dedos, a priori impedidos de qualquer precisão maior. a peça número 71 do mikrokosmos vol. 3 que o diga.
postado em 13 de fevereiro de 2015, categoria crônicas : aquiles e a tartaruga, béla bartók, mikrokosmos, piano, triades, zenão de eléia
1. o cachorro até pode ser o melhor amigo do homem, mas o homem é o melhor amigo do rato.
2. é uma máquina de autozerar.
3. a vida com tocar piano é bonita, mas a vida sem tocar piano é mais bonita.
postado em 17 de agosto de 2014, categoria aforismos : cachorro, frases, máquina, piano, rato, zero
1. eu gosto da ideia da decadência: você vai até a cozinha e algo de não muito importante não está mais lá; algo que faz falta (por exemplo, a fruteira).
2. no meu quarto, adeus harry potter. e cada dia um quadro a menos, uma caixa a mais. planejamento melancolia.
3. meu piano não cabe nesse elevador.
4a. a vida sem fenerich 1: que ele se mudou, que virô professor lá na juiz de fora.
4b. a vida sem fenerich 2: procuro uma edição de bolso da 1ª sinfonia de mahler. acho a da sexta. “wie die naturlat“, em pdf mesmo.
5. da série traduções: “nós nos afastamos” = “estou me afastando de você”; “pense sobre isso” = “tome uma atitude”.
postado em 21 de abril de 2012, categoria Uncategorized : alexandre fenerich, casa, decadência, elevador, gustav mahler, harry potter, melancolia, mudança, piano, traduções
um dos gestos que me perseguem: mãos nos extremos do piano, movimentos quase ou totalmente cromáticos, das extremidades para o centro; melodia martelo, basicamente cromatismos, ao centro. depois: uma pontuação rítmica pulsando, suingue atravessando a grade.
tentem imaginar quando tenho que tocar no piano com a cabeça e com o pé direito: se voltar ao projeto de ser um “compositor sério”, quem sabe não trabalho anotadamente uma versão de 15 minutos desse tipo de coisa, mas aí: escritura-partitura.
postado em 19 de setembro de 2011, categoria Uncategorized : henrique iwao, improviso, piano