ontem, por acaso, encontrei o pessoal da residência do ja.ca e em algum momento conversamos sobre o exacerbamento no discurso de preconceitos variados, durante o último período eleitoral. quando estávamos saindo do maletta, um sujeito alto, bêbado, barbado e de óculos escuros tipo raul seixas, do nada, aproximou-se do círculo, que decidia para onde ir, e disse:
“seus comunistas. (feministas). eu não. eu sou um nazista molestador de mulheres.”
parece dirigir-se a nós como público, como um ator que não consegue ver quem está sentado na platéia – tanto faz se são homens ou mulheres – etc. faz uns gestos patetas de afasta-fantasma-estou-metendo-bronca.
“eu sou lindo.”
chega perto de novo. olhares pra ele de o que é esse cara?, com sobrancelhas franzindo.
“vocês são uns comunistas de pau pequeno. eu sou um nazista de 25 centímetros.”
se afasta, pega um cigarro, que de repente parece já estar aceso; vai indo embora enquanto diz:
“eu sou um comedor. até a luana piovani chupou meu pau.”
postado em 16 de novembro de 2014, categoria crônicas : comunista, cordialidade, edifício maletta, ja.ca, luana piovani, nazista, pau, preconceito
não quero eleição, quero criatividade (thaís di marco)
eu, um socialista pela liberdade, voto no psol, legenda 50. meu principal argumento é bem simples (e anti-realpolitik): o psol vota consistentemente contra os salários astronômicos e regalias para os políticos. há uma ideia efetiva de combate à desigualdade sócio-econômica e valorização de processos educacionais. ademais, alguns destaques dentro do partido são pessoas que gostariam de viver bem nas cidades e regiões em que atuam (recentemente, por querer viver bem em são paulo, ao prefeito haddad foi dado um enorme destaque. o fato é que grande parte dos políticos não vive a cidade em que atua).
eu decido meu voto antes do período de campanha eleitoral, não especificamente para não ver debates ou peças publicitárias, mas para combater o pensamento de que “a publicidade move o mundo” (outro argumento simples – eu sou parte do mundo e ela não me move – embora sua influência seja tão grotesca que seja necessário situar-se negativamente em relação a ela). isso não é algo forçado, e sempre me atraiu a ideia de que gastar dinheiro com publicidade deveria diminuir as vendas/o efeito daquilo com o qual se gastou dinheiro. antes eu tinha certa indiferença pelas eleições e anulava (na verdade – votava PAU, legenda 00, partido anarquista da união (braço ativista do partido anarquista oligárquico, subseção do PCP, partido contrapragmático do brasil)). como não tenho tv e nem hábitos jornalescos, essa postura me veio sem esforço algum.
não obstante, algumas produções eleitorais merecem destaque (destaque e não voto – campanha eleitoral está, conforme acima, completamente dissociada de intenções de voto).para assim me recusar a ver debates; é também o modo mais seguro de se recusar de toda a forma a valorizar o dinheiro gasto em campanha, porque independentemente da campanha, eu já havia pré-decidido o voto. anti-publicitarismo à parte, do pouco que vi, o paulo batista de longe merece destaque (digo destaque e não voto – campanha não tem a ver com votos, lembram?).
1. pela ambiguidade (é sério? / trata-se de um maconheiro? de um marombado amigo do bonde da stronda? / o vídeo foi feito por estudantes da usp? etc) e pela desenvoltura audiovisual tosca e piadas e vocalizações de paulista: paulo batista 1, paulo batista 2.
2. inúmeros memes envolvendo geraldo alckmin. destaco “os alckmistas estão chegando” e, aproveitando a deixa de paulo batista, “o raio neoliberalizador”.
3. programa deseleitoral, iniciativa anarquista cujo finaé surpreende, com gráficos de crescimento do número de não votantes e meme do coxinha.
4. o humor como forma crítica / crítica da forma, nas campanhas de marcelo adnet 1, marcelo adnet 2.
5. suplicy e balde de gelo, no melhor estilo “o homem simpático com o pior senso de humor do mundo”, como tenho dito.
6. adicional relembrar é viver, com weslian roriz defendendo a corrupção.
7. fidélis e um funk; me lembra dos tempos da minha antiga banda o “mundo” entre aspas…
8. você me conhece, do porta dos fundos. vale muito a pena ver.
postado em 4 de outubro de 2014, categoria comentários : anarquismo, balde de gelo, eduardo suplicy, eleições 2014, estetização, fidélis alcântara, geraldo alckmin, marcelo adnet, pau, paulo batista, pcp, porta dos fundos, programa deseleitoral, psol, publicidade, thaís di marco, weslian roriz