mais impostos, menos pão

há um panelaço contra marcado para 20h30. sentindo-se inspirado, ele então marca outro, a favor, para 21h. em 20h30, fora bolsonaro, panelas, xingamentos. nada de muito efetivo ou revolucionário. mas confirma um clima. marca um limite para alguns. e se eventualmente se estender por meses, talvez gere um esgotamento mental difícil de se opor. 21h, como disse joão flor de maio, o som do corona vírus se espalhando. mas tem gente que diz que não. aqui e ali mito, aquela situação deprimente de ouvir um ridículo protesto que se auto-refuta, mas não se anula. fica esse resíduo do patético, do tacanho. e então lembro do início de sylvia & bruno do lewis carroll, na qual os cidadãos gritam: mais impostos, menos pão!

é possível pensar uma estratégia conceitualmente mais ousada: o oponente propõe que seu contra-panelaço seja no mesmo horário que aquele ao qual é contra. assim, existiriam dois panelaços às n horas, um contra e um a favor (ou contra o contrário). mas como distinguí-los? quem pensa nisso já se equivoca: o importante não é que sejam discerníveis, mas que possam ser mobilizados, uma vez que indiscerníveis.

[dos rascunhos, junho de 2021]


postado em 19 de maio de 2024, categoria comentários : , , , ,

feliz 2017


postado em 31 de dezembro de 2016, categoria publicitade : , , , , , ,

suicídio e panelaço

dorothé depeauw gentilmente me contou a história do técnico do teatro que, no dia seguinte à apresentação de o brasil não chega às oitavas em belo horizonte, comentou com ela:

“ontem foi muito doido, né? a peça do panelaço. primeiro eu achei que não ia aguentar, mas fui ficando. foi me dando um sentimento de morte, como se a morte habitasse. e fiquei até o final, com vontade de morrer. eu gostei muito.”

e nesse momento ele estava ajustando a iluminação para a dança de dorothé e ela começou a ficar preocupada porque ele estava a pelo menos 6 metros do chão.

 


postado em 25 de setembro de 2015, categoria crônicas : , , , , ,