como por exemplo, saber qual o recheio do salgado. de fato, é preciso primeiro não saber para poder cutucá-lo com a espátula. observá-lo com desdém, como se este não respondesse por capricho. e só então virar preguiçosamente e perguntar a outrem, com a boca quase fechada, como quem sente-se obrigado a perder tempo.
como por exemplo, fotocopiar um livro. pois o livro em questão é um livro mesmo, isto é, um objeto físico, com páginas físicas, páginas que são efetivamente folhas. e fotocopiar não é simplesmente imprimir. e é quase impensável que se tenha de fotocopiar e também procurar preservar o livro. não que se pense assim, de modo teórico, mas afinal, não se pode depois baixar um pdf desse livro e pronto? se não for para dobrar apertadinho um lado contra o outro, então não vou nem tentar. e a dona da papelaria olha compreensivamente pra jovem e diz, deixa que eu faço.
postado em 19 de dezembro de 2022, categoria crônicas : bairro, padaria, papelaria, salgado, xerox
sonhei que ia à padaria. acordei. fui à padaria.
no sonho estava em porto alegre. lamentava não ter acesso a uma bicicleta. ele havia saído com a única. eu fui a pé. a padaria era uma conveniência sem funcionários, pegue e pague. num saco havia duas pequenas baguetes de nozes, com uma etiqueta amassada dizendo cinco e pouco. em belo horizonte, procurei um pão semelhante. tinha o dobro do tamanho e aproximadamente o dobro do preço. também comprei biscoitos de polvilho e queijo.
postado em 30 de julho de 2017, categoria sonhos : baguete, belo horizonte, biscoito de polvilho, conveniência, padaria, porto alegre
a medicina ocidental de consultório, dita “de tradição científica”, deveria ser logo chamada de MT, tal o uso de expressões tais quais:
você está com dor de cabeça porque tem uma encefalite.
você chegou aqui de carro porque veio de automóvel.
ficou mais quente porque a temperatura subiu.
se whitehead está certo no seu combate contra a noção de tautologia, então as proposições da MT devem ser caracterizadas pelo processo de construção do estado de autoridade médica através da manutenção e reforço de equivalências linguísticas e termos que confundem causalidade e definição.
era muito comum em são paulo nas padarias pedir um pão na chapa e receber um chapado; pedir um minas quente e receber um mineiro; pedir uma baguete e receber uma canoa. se pedisse um chapado, receberia um francês na chapa.
postado em 20 de dezembro de 2014, categoria comentários : alfred north whitehead, consultório, medicina, minas quente, padaria, pão na chapa, paulista, tautologia
1. ah eu podia estar em berlin, mas estou em behagá, pelo menos é o mesmo número de letras (de número).
2. essa semana eu estive com um ótimo humor. a única causa razoável que tenho pra isso foi o pó de café que comprei em são paulo, e as cafeteiras. como algo tão pequeno faz a vida de um homem melhorar tanto! se aproveitando disso é que, pelo amor à desigualdade, a il barista fixou o preço a 60 reais o quilo.
3. 07 de agosto estou a comprar pão de queijo na padaria. um sujeito entra e pede um maço de cigarros e entrega uma nota de 50. a moça olha, e não tem, nem 25 centavos pera lá. o sujeito diz que tem e como a moça está matreira ele rodeia algo pra em seguida poder perguntar do maridão. ela diz: “meu marido chama fulano de tal da cruz, aquele chifrudo”. e dá risadas…
postado em 16 de agosto de 2013, categoria crônicas : belo horizonte, berlin, café, il barista, padaria