no texto que é uma função, frege embarca em uma explicação digna de nota sobre a impossibilidade de um número variar (página 197 da trad. de paulo alcoforado).
Que é uma função? — Se dizermos “Há meia hora, o número que dava o comprimento desta barra em milímetros era um cubo; agora o número que dá o comprimento desta barra em milímetros não é um cubo”, não temos, em ambos os casos, o mesmo sujeito do enunciado. O número 1000 é o mesmo que o número 1001, apenas com outro aspecto? Se algo varia, temos sucessivamente diferentes propriedades e estados de um mesmo objeto. Se tal objeto não fosse o mesmo, não teríamos sujeito algum do qual pudéssemos predicar a variação. Uma barra se dilata quando aquecida. Enquanto isto se dá, ela permanece a mesma. Se, em vez disso, a barra fosse retirada e substituída por outra mais comprida, não poderíamos dizer que ela crescera. Um homem envelhece, mas se, no entanto, não pudéssemos reconhecê-lo como o mesmo, não teríamos nada de que pudéssemos predicar o envelhecer. Apliquemos isto ao número. Quando um número varia, o que permanece o mesmo? Nada.
postado em 20 de junho de 2022, categoria citações : função, gottlob frege, número
duas citações muito instrutivas de uma entrevista com matthew watkins, autor da trilogia secrets of creation (prime evolution, collapse i, urbanomic 2006).
[160] We’re taught to construct the number line starting with one and then using the Peano axioms, you know, there’s an axiom that basically says, whatever number you arrive at you can always add another one to it. And I thought, hold on, where does this come from, this idea that you can always add another one, and I started to question that as something that might not be as obvious as it first seems. There’s some hidden assumption ther about order, time or something, I felt.
And I thought, well, there’s an alternate approach we could adopt here, we could start with an infinite alphabet of meaningless symbols, an infinite alphabet of meaningless yet distinct symbols, and then create the dictionary of all possible words of finite lenght out of that alphabet. [161] This alphabet of symbols would correspond to the prime numbers. By combinig the symbols in all finite possible combinations, you generate the set of words in your infinitely-long dictionary – this corresponds to the fact that if you combine the primes in all finite multiplicative combinations, you get the set of positive integers. Except now there’s no sense of order: Because we’re not starting with the positive integers, we don’t need to think one prime number as being ‘greater than’ another. The primes are not embedded in the positive integers yet, they’re just these free-floating abstract symbols.
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[183] This last idea, that number is a bridge between psyche and matter, comes quite close to something Jung was exploring in his later career. He left a lot of incomplete work when he died, and I believe he left von Franz to look at number archetypes. He’d looked at individual integers, the first few integers and their various associations. But later, more importantly, he’d come up with the idea that, not individual numbers with their associations, but the set of positive integers as a single entity is in itself an archetype, the archetype of order.
postado em 5 de julho de 2015, categoria excertos : arquétipos, carl gustav jung, inteiros, matthew watkins, número, ordem, primos
matthew watkins, em uma entrevista (prime evolution, collapse i, urbanomic 2006), menciona um escrito de marie-louise von franz sobre uma história tradicional chinesa envolvendo 11 generais. enfrentando uma difícil situação militar, deveriam decidir se atacavam o inimigo ou então se batiam em retirada. em votação, oito optaram por recuar, e apenas três por atacar. eles então atacaram, e venceram a batalha.
em filhos do paraíso (bacheha-ye aseman, de majid majidi, 1997), ali, o jovem iraniano que perdeu os sapatos da irmã, fica triste ao ser anunciado vencedor da corrida. a disputa acirrada ao final tornara arriscado demais maneirar, e então o segundo prêmio lhe escapou.
postado em 21 de junho de 2015, categoria comentários : ali, bacheha-ye aseman, china, filhos do paraíso, filmes, irã, majid majidi, marie-louise von franz, matemática, matthew watkins, número
Secretamente, alimentando premonições de matanças,
Gêmeo Superior enterrou Absoluto atrás de um espelho.
Seu Número não é Um.
Se Deus não existe então não há nada que o impeça de acontecer.
Pois para qualquer coisa que possa aparecer quando quer, o melhor lugar para se esconder é a não-existência.
postado em 17 de abril de 2014, categoria prosa / poesia : absoluto, deus, espelho, fanged noumena, nick land, número, poema-plágio, poemas, verossimilhança do espelho
os planos de combinação e permutação das letras, com a intensidade, sem a cardinalidade numérica, mas em números, sem um domínio de significação, e em diagonais, traçados em diagramas.
postado em , categoria aforismos : diagramas, fanged noumena, letras, lexicografia, mechanomics, nick land, numerantes, número
1.
sacrifício pela nulidade que ele sabia ser a fundação de sua arte
ser chance, fazer-se infinito, difuso ao leitor como uma eucaristia mental
2.
pois se o número é de fato gerado pelo lance e infinitizado pela incerteza no código, então deve ter retroagido nas suas condições iniciais. e essa retroação precisa consistir na indecidibilidade quanto ao jogar dos dados – na impossibilidade de saber se o lance tomou ou não lugar.
{quentin melliassoux, the number and the siren: a decipherment of mallarme’s coup de dés, urbanomic, 2012 – selecionado depois traduzido com algumas alterações da tradução do francês para o inglês de robin mackay, p. 125, 127+152; 155+156}
postado em 9 de fevereiro de 2014, categoria citações, prosa / poesia : chace, código, dados, eucaristia, indeterminação, infinito, número, quentin melliassoux, sacrifício, stéphane mallarmé, the number and the siren