christian wolff dizia sobre tocar notas que não importava o que você fizesse, acaba soando como uma melodia. nas reviravoltas da história e nas intrigas políticas sempre queremos enxergar um plano, vislumbrar uma estratégia, e as coisas sempre acabam tendo um motivo (pense nas fases do espírito). ademais, dada uma sequência de números qualquer, um padrão é inevitável. isto é, o padrão é a forma da nossa apreensão de uma sequência. da mesma forma, não importa o quão reprodutível, despersonalizada e genérica uma obra artística seja: acaba tendo aura. essa sombra monadológica.
postado em 10 de junho de 2017, categoria aforismos : aura, christian wolff, história, melodia, mônada, motivo, padrão, walter benjamin
em inferno, da banda efeito gruen, insisti para que a cerveja usada chamasse noumena (talvez algum dia o edson fernando possa produzer alguma variedade com esse nome). no clipe, aproveitei pra divulgar a camiseta competition, de hugleikur dagsson, e o livro the thirst of anihilation, de nick land.
pós-escrito: gosto muito desse quadrinho, a alegorizar a teoria da harmonização da mente e corpo, de leibniz.
postado em 1 de janeiro de 2015, categoria comentários, fotografia, performances : cerveja, competition, efeito gruen, gottfried wilhelm leibniz, hugleikur dagsson, inferno, maria objetiva, mel, mônada, nick land, noumena, rapadura, the thirst of anihilation
uma proposição de guilherme darisbo (para uma coletânea dada da plataforma recs) me fez fazer uma música conceitual e pouco experiênciável. afinal, segundo Ray Brassier, a experiência é um mito (ler artigo genre is obsolete). a peça é uma proposição envolvendo um texto, incluso abaixo, um arquivo .pd (um gerador da própria peça, que precisa do software pure data para funcionar) e um arquivo .wav de curtíssima duração. pode ser baixada aqui.
Henrique Iwao – §6.4311 (Outubro de 2014)
Um arquivo wav de áudio com uma duração quase nula ou nula para produzir silêncio. Uma imagem png transparente muito pequena.
No Tractatus Logico-Philosophicus, Ludwig Wittgenstein escreve: “A morte não é um evento da vida. A morte não se vive. Se por eternidade não se entende a duração temporal infinita, mas a atemporalidade, então vive eternamente quem vive no presente. Nossa vida é sem fim, como nosso campo visual é sem limite.” (Edusp, 2001, Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos, p.277)
1. Seria esse parágrafo uma confrontação com a doutrina do eterno retorno, exposta no Assim Falou Zaratustra, de Nietzsche?
2. Em um sentido, o instante não pode ser parte desse presente, porque é justamente o que, apesar de infinitesimal, já passou. (contra Wittgenstein).
3. Eu poderia dar a entender que tender a zero não ajuda em nada. Mas tender a zero nesse caso é tentar eliminar a possibilidade da experiência (fenômeno), para dar lugar ao conceito.
4. A experiência do conceito pode ser então vivida, assim como a de morte (do conceito de morte).
5. Isso de modo algum resolve a crítica esboçada por Brassier (ou melhor – chutada em “Genre is obsolete”) (a alma/o eu não é uma mônada, mas também um composto, ou então, um resíduo).
6. A peça, entretanto, existe. Se há uma tentativa de autoanulação enquanto fenômeno é porque a peça é também essa tentativa (ela nem exemplifica bem o aforismo nem o comenta bem, mas caminha junto a ele).
postado em 9 de outubro de 2014, categoria excertos, obras : alma, assim falou zaratustra, eternidade, eterno retorno, eu, friedrich nietzsche, genre is obsolete, ludwig wittgenstein, mônada, morte, plataforma recs, ray brassier, tractatus logico-philosophicus