ladainha

a escrita é a tecnologia que impede o pensamento de ficar se repetindo de novo e de novo. nesse sentido a ladainha é um monumento à oralidade. que algo dela invada a escrita, como nos parágrafos repetidos e temas recorrentes dos textos de gx jupitter-larsen, nos causa uma estranha sensação de amnésia, obsessão, absurdo e mistério (não deveríamos estar progredindo?). que ela seja reduzida a um loop solitário, como em gertrude stein, é para que, interrompendo a linearidade do pensamento que deveria ir em frente, ao invés de circular, acabe por deslocar e invisibilizar o círculo: veem-se as palavras, ouvem-se os sons.

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1. já em eugène ionesco, no livro repetido macbett, o método da repetição literal é empregado, nos discursos de ambos os generais macbett e bando.

2. quanto à stein, ao contrário do que alguns teimam em perceber, trata-se de uma maquininha bem ajustada, a substituir o maquinário desengonçado do cotidiano.


postado em 15 de abril de 2016, categoria aforismos, comentários : , , , ,

ladainha do nome de deus

deus não tem nome. deus não é o nome de deus. deus é como o nome de deus é chamado. o nome do nome de deus é deus, porque é como o nome de deus é chamado. não há nome possível para o nome de deus. o nome de deus não é o nome de deus. o nome do nome de deus não nomeia deus, nem o nome nome de deus.


postado em 15 de maio de 2015, categoria prosa / poesia : , , , ,