se um artista faz algo muito bem então temos vontade de também fazer aquilo. a isso dá-se o nome de influência. se um artista faz algo muito bem e é agraciado pelos deuses (use a expressão equivalente que quiser – por exemplo, se a música dele é um acontecimento), então a vontade de também fazer aquilo é esmagada pela sensação de que ali já chegamos ao extremo, que não dá pra fazer melhor.
isso equivale a dizer que as obras primas na verdade fecham portas, ao invés de abri-las. fechar portas é o que justamente caracteriza algo como obra prima. (ou então: finalmente descobrimos um beco sem saída).
eu gostaria de comparar esta ideia com a de uma pergunta e sua resposta final. mas a resposta final é aquela que torna a pergunta inútil e a subsume. logo, presenciamos uma resposta ostensiva, sem pergunta.
[dos rascunhos, agosto de 2014]
postado em 14 de abril de 2025, categoria aforismos : arte, ideia, influência, obra prima
chamo de ideinha algo que poderia ser bom mas é ruim (e sempre será).
postado em 13 de junho de 2019, categoria comentários : atual-virtual, conceito, fracasso, ideia, possibilidade
1. nos faz prometer muito mais do que é possível cumprir.
2. nos faz lembrar que não nos esquecemos.
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o homem é um projeto? se não, é preciso ter a fotografia mas não a foto. e deixar fluirem as ideias até que o rastro seja tênue ressonância.
postado em 11 de dezembro de 2017, categoria aforismos : ação, dissolução, documentação, fotografia, ideia, memória, poder, projeto, promessa
nem sempre o que eu chamo de sonho é um fenômeno propriamente ligado ao sono. às vezes, chamo de sonho o que david lynch chama de ideia. mas, se a ideia é mais do que um problema, mas sim um campo problemático específico, onde há a amarração de vários problemas, um fio de ariadne ou uma teia destes, ou combinações possíveis entre esses dois modelos – então para mim o sonho não é nada senão a apresentação sinóptica de uma ideia que, no entanto, se mostra cognitivamente inapreensível em sua totalidade.
nesse sentido, quase a totalidade dos sonhos interessantes que tenho ocorrem enquanto eu estou acordado. parece que quando durmo, minha disponibilidade criativa decai muito, resultando num frustrante mar de clichês.
postado em 27 de junho de 2015, categoria comentários : clichês, criatividade, david lynch, em águas profundas, ideia, problema, sonho
a angústia que eu sinto quando componho uma nova obra musical é diferente da que sinto quando escrevo um texto acadêmico. a primeira é uma espécie de pânico do tipo como?. a segunda é uma agitação que pergunta por que.
nos piores momentos da primeira, sinto-me incapaz. nos piores momentos da segunda, sou um frouxo.
mesmo agora a pouco, tive de retirar da minha dissertação uma frase similar a: “a percepção a partir da ideia de uma ideia que permeia várias de suas aparições”.
postado em 29 de julho de 2012, categoria Uncategorized : academia, angústia, como, composição, escritura, frouxo, ideia, incapaz, por que