deve-se aprender a ler em alemão, mas de modo algum, a falar ou ouvir.
A palavra, enquanto sonora, desaparece no tempo; este assim se mostra na palavra como negatividade abstrata, isto é, apenas aniquilante. Mas a negatividade verdadeira, concreta do signo linguístico é a inteligência, porque, por ela, o signo linguístico é mudado de algo exterior em algo interior, e conservado nessa forma modificada.
melhor seria, mas há controvérsias (o próprio hegel, em sua enciclopédia, reclama da multiplicidade de significados dos ideogramas), adquirir a versão das obras completas em chinês, e em seguida aprender japonês para a leitura.
existe um problema em textos sobre deleuze. é que deleuze gosta de separar polos e quase sempre acaba por valorizar um lado em detrimento do outro – nômades contra sedentários, por exemplo. existe um aristocracismo grande aí. e quando se é tomado de paixão por deleuze, pelo seu pensamento, como é o caso do livro de regina schöpke (por uma filosofia da diferença: gilles deleuze, o pensador nômade, edusp, 2004), mesmo assim ocorre que, ao explicar, ao clarificar deleuze, não se está de fato criando conceitos, rasgando o caos, fazendo máquinas de guerra. é o estado – a academia, criando especialistas em deleuze – deleuzianos – todos eles do lado dos operários da filosofia, reforçando a canonização desse enorme pensador, trabalhando para a territorialização do seu pensamento, para uma maior significação de seus conceitos.
não que isso seja ruim. qual o problema, afinal, de deleuze ser o hegel da segunda metade do XX?
se deleuze, seus textos, são uma força de fora a impulsionar o pensamento, uma pequena máquina a incitar paixões, nem por isso abordagens explicativas podem isentar-se da acusação que tão bem explicitam. porque se fosse diferente, o título do livro específico citado seria “por filosofias da diferença: gilles deleuze, um pensador nômade”.
lemos de tudo mas não hegel. aliás: how to fake your way through hegel [acho bem difícil de traduzir: “como falsear seu caminho através de hegel” seria literal demais; “como fingir ser um conhecedor de hegel”].
ps: devo essa postagem a j.-p. caron, que me indicou os conteúdos.
segundo gx jupitter larsen: “uma xylowave ocorre sempre quando um efeito não tem uma causa, ou uma causa não tem um efeito”.
[uma onda de madeira?]: na antiga sede do ibrasotope, em são paulo, mário del nunzio estava a utilizar seu superxylowavepoder, ao esquentar, com suas mãos, a água que estava dentro da panela sob o fogo. jean-pierre caron, sentado na escada, ficava entrando e saindo da atitude natural, e reduzindo objetos ao redor de fenerich. quando menos esperavam, eu mesmo fiquei invisível (mas só consigo quando estou envolto em escuridão total).