o perigo da arte
estávamos discutindo o papel político da arte em virtude de uma banca que participei, ano passado (adorno e música de protesto) – o melhor texto que li sobre (não que tenha lido muitos) é do danto: dangerous art. fazendo um bliztkrieg noise com a flávia goa, um sujeito tentou tacar cerveja no gerador de energia à gasolina. tudo fora de cena, como convém (imaginem a confusão que foi a edição com henrique correia, no bar da rita, que começou com uma briga a socos, separada por felipe lopes, e seguiu com o próprio responsável pelo bar puxando o amplificador do henrique da tomada… – cortei a cena da porradaria, obviamente). de todo modo, no caso do evento da flávia, não sei o que aconteceria se o tal sujeito – um músico bêbado revoltado por ter sua paz perturbada por “barulho” – conseguisse. os perigos da combustão são muito diferentes daqueles da intervenção pública. mas há algo de disturbatório (pra usar uma expressão do danto) na arte que realiza um ativismo do sensível. o problema no entanto, só afeta aqueles que têm a dupla sensibilidade de entender que aquilo é de alguma forma arte e que aquilo não é como a arte deveria ser.
quanto mais peso damos ao dever-ser de uma arte, mais ela se mostra potente para rompê-lo e assim estabelecer seus perigos.
postado em 13 de fevereiro de 2025, categoria aforismos : arte, arte política, arthur danto, blitzkrieg noise, flávia goa, henrique correa