sr. ninguém

o que o filme mostra mas não assume é: uma vida projetada com base em relacionamentos se desdobra como uma infantilização da imaginação, em realizações insatisfatórias: mortes de todo o tipo, uma deprimida que ama um fantasma, um homem bem sucedido que vai do blasé ao ausente e finalmente ao suicida, um reencontro em que o apego ao porvir é mais forte que o encontro presente.

nesse sentido, ao contrário da ambiguidade com a qual o filme trata da aparição final de ana como o mundo mais perfeito (na figura do círculo contra a série de fibonacci), tal como sextus, nos parágrafos finais da teodiceia de leibniz, o caminho do meio, ou da recusa das decisões, possivelmente lhe trará uma existência medíocre, mas humana, de alguém.

{mr. nobody, 2009. dir. jacob van dormael, com jared leto}


postado em 9 de fevereiro de 2017, categoria resenhas : , , , , , ,

3 e 8, 2 e 1

matthew watkins, em uma entrevista (prime evolution, collapse i, urbanomic 2006), menciona um escrito de marie-louise von franz sobre uma história tradicional chinesa envolvendo 11 generais. enfrentando uma difícil situação militar, deveriam decidir se atacavam o inimigo ou então se batiam em retirada. em votação, oito optaram por recuar, e apenas três por atacar. eles então atacaram, e venceram a batalha.

em filhos do paraíso (bacheha-ye aseman, de majid majidi, 1997), ali, o jovem iraniano que perdeu os sapatos da irmã, fica triste ao ser anunciado vencedor da corrida. a disputa acirrada ao final tornara arriscado demais maneirar, e então o segundo prêmio lhe escapou.


postado em 21 de junho de 2015, categoria comentários : , , , , , , , , , ,