zizek vota em trump

1. hegelianismo: seria a vitória de trump para zizek uma guerra do peloponeso? e se sim, quem será o tucidides yanke, a revelar os desdobramentos do espírito?

2. porque, em primeira instância, parece um argumento típico de engels: se piorar mais, mais chance de melhorar. é preciso contraste; um decaimento lento nos acostuma a um esquema cada vez pior.

3. mas é esse o caso? (a contraposição não é a de um “aumento de contradições internas ao sistema”). em que medida “acordar de sobressalto de um pesadelo” é melhor que “acordar incomodado de um sonho ruim”, se em seguida voltamos a dormir (ou, se temos que tomar café da manhã às pressas para pegar o ônibus no horário correto).

4. e se na verdade, o verdadeiro mal (= hilary) for também efetivamente a pior opção?

5. mas tal como optar por nenhum dos males, essa posição seria possível no caso de um sujeito mexicano, por exemplo? há tanto um horror teórico quanto um horror prático; não são o mesmo horror.

6. e se não faria diferença para a minoria alvo das vociferações de trump, como supostamente não faria aparentemente para a china (“ele não é trouxa de fazer o que fala”), então porque faria em termos de efeito nas bases?


postado em 7 de novembro de 2016, categoria comentários : , , , , ,

estupro como instituição

prólogo: nesses dias em que há as marchas das vadias, também há acusações de estupro em ações da polícia militar durante manifestações; também há a bancada evangélica fazendo pressão contra hospitais atenderem vítimas de estupro (em virtude de sua posição contrabortista). bem, posto aqui sobre o estupro, com algumas semanas de espera. é um assunto que me incomoda um tanto, e confesso que ao final do documentário citado abaixo estava bastante consternado. mas, tal como outras coisas que passam indiscutidas, sinto que precisamos cavocar mais a ferida. quantas pessoas estupradas conhecemos? eu mesmo, conheço algumas.

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1. militares… sempre dando um jeito de estuprar durante ações estratégicas por aí… (exemplo, casos durante a pacificação do morro do alemão, pinheirinho etc.) bom, nos eua parece que uma das táticas é manter a coisa “interna”. o documentário invisible war (2012), de kirby dick parece dizer que sim. (um trecho aqui)

2. abaixo, cinismo mtvesco.

2.1 não sei como ser traída pode ser melhor que ser estuprada.

2.2 mesmo sendo uma pessoa dada, na hora do sexo é bom poder escolher os parceiros.

corolário1: pelos 41 minutos do documentário começa a haver menção de casos de estupros de homens também. // corolário 2: o sistema militar obviamente dificulta todo tipo de ação contra militares. com certas diferenças, é válido também para o brasil. veja alguns dos argumentos em http://youtu.be/QlgTo45W-Vs?t=8m40s e http://youtu.be/QlgTo45W-Vs?t=24m0s.

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3. no japão, há inúmeras animações (hentais) tematizando estupros. me parece que há um esquema preponderante, que circunda a produção: “a garota não quer fazer sexo. ela é forçada a fazer sexo. ela sofre, mas começa a gostar. ela gosta de sexo. ela nasceu pra isso”. claro que como o tema é anunciado, o que acontece é que a garota só precisa de um evento para desvelar sua verdadeira natureza, naturalmente, sexualmente selvagem. então quando uma personagem começa a sofrer, ou é drogada para gostar de sexo, o público já sabe de antemão que aquela é apenas uma etapa rumo a um maior autoconhecimento por parte da personagem.

4. há um documentário el império dos sin-sexo, de pierre caule, mostrando japoneses como parte de uma sociedade em que há cada vez uma maior separação entre sexo e relacionamentos, no sentido de supressão dos relacionamentos. uma prostituta é uma prestadora de serviços, uma boneca ou um tubo-vagina são produtos; não estão sujeitas à lógica do estupro. pode ser visto aqui.

4.1 há um artigo sensacionalista fazendo uma reflexão interessante sobre o documentário (com algumas informações equivocadas, mas que ainda assim levanta questões).

4.2 reinterpretar 3 a partir de 4.

coroloário 3: segundo uma estatística de 2010, a porcentagem de estupros registrados por cem mil habitantes no estados unidos é cerca de 25 vezes maior nesse ano, do que os do japão. obviamente, há o problema do registro: apenas uma menor parte das ocorrências é registrada; ademais, há pequenas diferenças na definição legal do que seja a ação. os dados usados são das nações unidas. o brasil consta como “não forneceu dados”.


postado em 27 de julho de 2013, categoria crônicas, música : , , , , , , , , , , , , , ,