o tempo da sua vida

recentemente, (2010) a banda black eyed peas lançou outra “canção de trabalho”, the time (dirty beat/bit), usando o refrão (i’ve had) the time of my life (1987), canção interpretada por  bill medley & jennifer warnes, para o filme dirty dancing.

a releitura tem suas curiosidades. o hedonismo supremo do grupo e sua aceitação de tudo que é “tecnológico e militaresco” são (para mim) uma estetização da idéia de que os estado unidenses devem demonstrar “sintomas da decadência de um império”: esbanjar, gastar despreocupadamente, agir irresponsavelmente, enquanto o “inimigo” se alastra e domina suas terras. é como alguém que diz para si mesmo: é… enquanto estavamos vivendo “a boa vida”, eles estavam perniciosamente agindo.

bom, a utilização apenas do refrão “eu vivi os melhores tempos da minha vida”, partindo para o ambiente de dança de um clube de dança, “onde todos dançam”, elimina justamente o perigo de duas idéias presentes na versão antiga, quais sejam:

1. de que é necessário esforço para atingir a perfeição, de que o caminho é árduo e por isso temos de focar, aprimorar, ir em frente, para conquistar um objetivo.

2. de que existe conjuntamente com esse esforço, uma entrega amorosa, apaixonada, que envolve comprometimento, concentração emocional.

(formas de dança sensuais, …, polainas, ação humana, sendo substítuidas por batidas sensuais, …, representações pixeladas, ação maquínica-digital)

“e eu devo isso tudo a você”. notem como em bep a conotação de par amoroso é obnubilada pela repetição “tecnológica” da palavra “you” (você), remetendo que “os melhores tempos da vida” seriam pura curtição, possível graças à mediação tecnológica, o DJ, os equipamentos de som que animam a pista, as tecno-drogas (anfetaminas), etc…


postado em 3 de abril de 2011, categoria Uncategorized : , , , , , ,