quando estudava na unicamp, andava muito com lucas araujo e mário del nunzio. inventamos, na época, uma tabela de conversões monetárias com duas unidades apenas: (1) salário do neymar (SN); (2) cachê do chico buarque (CB). assim, quando fosse pedir uma coxinha com suco na cantina, poderia, ao invés de dizer: “tá aqui, 5 reais”, você poderia dizer, “estou a pagar 625 dez-milhonavos de cachês do chico buarque por este lanche” (0.0000625 cbs). o que seria, obviamente, muito mais unidades do que se a conversão se desse em SNs.
[dos rascunhos, junho de 2014]
postado em 24 de novembro de 2024, categoria comentários : chico buarque, desigualdade social, dinheiro, neymar, salário
para todos aqueles que não conseguem fazer as tarefas colocando nelas aquele mínimo de paixão que permite a alguém adoecer por elas e angustiar-se, o dinheiro serve como método compensatório: aqui, ali, aposto também minha vida, um pedaço dela.
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na minha adolescência,essa tese vinha acompanhada da característica colocação aristocrática-juvenil da superioridade de tudo que não envolvesse ganhos. porque as pessoas ignorantes, pensava eu, invertiam a questão: “para que se arriscar se aquilo gerará perdas?” – o contra-senso era: o dinheiro já era a nostalgia do risco. é claro que essa posição era sustentada por um desconhecimento tanto da vida daqueles que não tem dinheiro algum, quanto daqueles que têm sobrando.
postado em 8 de março de 2018, categoria aforismos : aristocracia, comprometimento, dinheiro, juventude, risco
nas contenções ao populacho, que tal adotarmos uma atitude liberal e armarmos a polícia militar com bombas de dinheiro? uma bomba de R$800 de cédulas de R$2 espalha rapidamente 400 notas em uma área de 100m². uma bomba do tipo disputa pode ser lançada à mão e ao cair abre como um kinder ovo, deixando rolar quatro notas de R$ 100 nos quatro pontos cardeais. um disparo de escopeta tem a vantagem de poder até mesmo cegar um vândalo ou jornalista desprecavido enquanto espalha moedas de R$1 pelo chão das principais avenidas. um morteiro de mil moedas de R$0,5 é sempre bonito de se ver, o metal mal reluzindo enquanto ricocheteia. as minas direcionáveis em notas crescentes, acionadas em retaguarda: por ela, como não peticionar junto a avaaz e pp que a casa da moeda confeccione espécies intermediárias e superiores, com a possibilidade da substituição da sequência 1, 2, 2+1, 2+2, 5, etc, 20, 20+10, …, 100, 100+10, 100+20, 100+100 pela mais pura 1, 2, 3, 4, 5…, 20, 30, …, 100, 110, 120, …, 200. por uma nota de duzentos, que manifestante não caminharia rumo às forças tarefas? e o mito de que o encontro seria coroado com uma surra de verdinhas? na operação beija-flor-de-peito-azul viu-se um grande canhão de vento cuspir inumeráveis cédulas, afastando tanto a aglomeração quanto o mito de que valor real e de face difeririam. pois é preciso colocar ordem na casa e nas coisas.
postado em 19 de maio de 2017, categoria comentários, proposições : avaaz, bomba de gás, casa da moeda, cédula, dinheiro, gastos militares, manifestações, pm, polícia militar, pp, repressão, surra de verdinha
1. tem apenas um ítem de cada, daqueles que precisa para trabalhar. se eles falham, para.
2. como ter ítens dobrados é um luxo que não pode permitir-se, tem três opções, para lidar com suas economias: i. guardar dinheiro para readiquirir ítens que quebram e consertar os que falham; ii. adiquirir novos ítens que possam eventualmente transformar-se em ítens essenciais; iii. comprar ítens não-essenciais que possam melhorar um pouco seu trabalho.
3. tem medo de ser roubado, o que poderia favorecer a opção i. entretanto, o tempo urge, e se sua música é também lustrosa, sua exigência por melhorias de equipamento e anexos é maior. deixar o parco dinheiro guardado vs investir: esperança é o que há sempre, e quem sabe um trabalho mais lustrado leve a um maior ganho, e a possibilidade de, com ii. e iii., ainda garantir i.
4. tem amigos na mesma situação. a irmandade lhe dá alguma segurança. emprestar e pegar emprestado.
postado em 16 de junho de 2013, categoria aforismos : dinheiro, economia, ítens, músico, tecnocracia