1. a vida e obra. escolher compor ou não compor: ‘seria melhor não compor uma obra’. a violência do nascimento, tanto quanto da morte; da criação, tanto quanto da destruição. porque eu deveria preferir produzir a não produzir?
2. jogos mortais: “A morte por gás e morte nuclear são maneiras de fazer que o horrível da morte seja coisa nossa, esteja, de alguma maneira, sob nosso controle. É possível imaginar alegria mais intensa que do controle da morte? Pareceria como se o projeto, consciente ou inconsciente, do homem fosse fazer deste mundo um mundo socialmente horrível, para não perceber que ele é horrível.” [88]
3. camiseta com os dizeres ‘PELA APOLOGIA ACRÍTICA DA VIDA’; outra, menos efetiva, com ‘PELA MORTE {suicídio, abstenção, aborto}’.
4. para serem consistentes as éticas afirmativas não poderiam ser afirmativas. contra nietzsche e sua gritaria em pról da vida, cabrera indica o caminho de uma ética negativa e autodestrutiva. (um cristianismo ético-crítico, deve abarcar a possibilidade do suicídio, da abstenção, e eventualmente dos pequenos assassinatos)
5. “O suicida seria perdoado se ele partisse com algum rumo. Mas o que o suicida radical quer é, simplesmente, sair daqui. / O suicida é um viajante kafkaniano.” [57]
{cabrera, julio. a ética e suas negações. rocco, 2011}
postado em 29 de abril de 2014, categoria resenhas : a ética e suas negações, aborto, abstenção, cristianismo, ética negativa, filosofia, franz kafka, jogos mortais, julio cabrera, nascimento, suicídio, violência
por quentin melliassoux, the number and the siren: a decipherment of mallarme’s coup de dés (urbanomic, 2012, p. 221-2):
Thus, modernity triumphed and we did not know it. The passionate energy expended, throughout the nineteenth century, upon extracting messianism from its Christian matrix, reinventing a civic religion delivered from dogma, an emancipatory politics beyond the old Salvation; this unprecedent effort, on the part of poets (Lamartine, Vigny, Hugo, Nerval), historians (Michelet, Quinet), philosophers (Fichte, Schelling, Hegel, Saint-Simon, Comte), novelists (Hugo again, Zola) and he who we have never known how to classify, Karl Marx, once more to vectorize the subject with a meaning, with a direction freed from ancient eschatology; all that our masters have instructed us to regard as outmoded par excellence – those dead Grand Narratives, at best obsolete when fermented by solitary researchers, at worst criminal when clothed in the statist finery of Progress or Revolution; all this would nevertheless have succedeed in making one breakthrough up to our times, one only, and at a precise point – a unique Poem that would traverse the twentieth century like a hidden gem, finally to reveal itself, in the following century, as the strangely successful defense of an epoch we had buried under our disenchantments.
Mallarmé would have taught us that modernity had indeed produced a prophet, but an effaced one; a messiah, but a hypothetical one; a Christ, but a constellatory one. He would have architected a fabulous crystal of inconsistency containing, at its heart, visible across its transparency, the gesture of the siren, impossible and vivid, who had engendered it, and engenders it always. In this way the poet would have diffused the ‘consecration’ of his own Fiction among all the readers who agree to nourish themselves on the mental host of his fragmented Pages. And all according to an exacting atheism, for which the divine is nothing more than the Self, articulated with Chance itself.
The Coup de dés as christic crystallization of Chance.
As Christal of Nothingness.
As that which makes no longer being, but the perhaps, the first task – the task to come – of thinkers and poets.
postado em 28 de janeiro de 2014, categoria excertos : absoluto, chance, cristianismo, filosofia, modernismo, quentin melliassoux, stéphane mallarmé, the number and the siren
Em Reconhecimento de Padrões, de William Gibson, Parkaboy manda um e-mail para CayceP (p.107, Aleph, 2011).
(…) Sabia que o Papa é um fã do filme? Bom, talvez não o Papa, mas tem alguém no Vaticano que está exibindo os segmentos. Acontece que lá no Brasil, onde as pessoas não fazem muita distinção entre TV, Internet e outras coisas, existe uma espécie de culto ao filme. Ou não exatamente um culto, mas um desejo de queimá-lo, já que aquele pessoal analfabeto mas que consome vídeo em quantidades industriais acredita que o nosso autor é o Diabo em pessoa. Muito estranho, e aparentemente foi emitida uma declaração, para esses brasileiros, de Roma, dizendo que cabe ao Vaticano e ninguém mais dizer quais trabalhos são os trabalhos de Satã, que a questão do filme está sendo examinada, e nesse meio-tempo não mexam com a franquia. (…)
postado em 18 de janeiro de 2014, categoria excertos : brasil, cristianismo, inquisição, reconhecimento de padrões, satanismo, vaticano, william gibson