assim falou zaratustra
o livro começa de fato, como o próprio nietzsche descreveu, em ecce homo, como o maior presente já dado à humanidade. desse começo fabuloso, deslocador, provocador, instigador, no livro 1, entretanto, assistimos uma queda no livro 2 que decai ainda mais no livro 3. pouco se acrescenta, muito se retoma, e os momentos geniais vão ficando mais esparsos, uns diálogos forçados e o medo do eterno retorno, uma encenação de baixa qualidade [ao contrário do que heidegger supôs, nietzsche apenas fingiu não entender seu “pensamento dos pensamentos”, talvez por excesso de escrúpulo literário]. o livro 4 retoma o bom caminho e reinstaura a aura de genialidade ao todo. a cena do asno é maravilhosa. como um todo, quanto a assim falou zaratustra é feliz que o dispensável esteja no meio e o inesquecível nas pontas (enquanto que na música de strauss, o memorável é apenas o começo, como uma música de pura idealidade – uma vez que a ideia foi apresentada, todo o resto é preenchimento).
[dos rascunhos, outubro de 2014]
postado em 6 de fevereiro de 2025, categoria livros : asno, assim falou zaratustra, deus, friedrich nietzsche, zaratustra