não necessariamente simples

a arte sonora e a arte conceitual não precisam ser simples. a simplicidade não é exigência para consistência artística nem para existência conceitual. você pode ter de explicar a ideia de algo conceitual em várias páginas, ao invés de em um breve parágrafo. pode haver uma constelação conceitual, um arquipélago, ao invés de uma unidade isolada. e não é por que há uma relação de elementos intrincados que algo deixa de ser arte sonora e vira música. “a partir daqui, me perco, então só escuto”. talvez por esse efeito, em que o inteligível dá lugar à experiência estética, ao recusar o enigma, tenha-se buscado o pontual, sóbrio, o anedótico, o criptografado, o abstêmio, íntegro, elementar… contra isso, uma arte de detetive, e que usa os sentidos como tema para as elaborações da ideia e vice versa. então, contra meramente fornecer uma chave que bastaria para resolver a interpretação e uma limpidez que resolveria a fruição, movendo do estético e em parte o anulando, em direção ao conceitual.


postado em 17 de junho de 2019, categoria comentários : , , ,

nendu

rui chaves está fazendo um compilado de arte sonora em terrenos brasileiros chamado nendu. na minha entrada, consta uma segunda tentativa, depois desta, de realizar um texto no formato “artist statement”.

Trabalho com música experimental, desenvolvendo

(1) Trabalho como improvisador dentro do gênero improvisação livre. Toco objetos do cotidiano, uma tábua amplificada que eu mesmo criei, brinquedos e eletrônica. Tenho grande preocupação na criação de articulações formais diversas e procuro equilibrar arcos gestuais intensos e texturas mais estáticas. Ademais, há muito de humor no modo de tocar.

(2) Trabalho em música eletrônica, realizando (a) música eletroacústica explorando maneiras não usuais de utilização de síntese sonora e (b) colagens musicais, explorando a possibilidade de edição de som intrincada, seja em coleções digitais a partir de objetos sonoros característicos ou muito marcantes na produção de certo artista-provedor-dematerial ou em outras propostas como normalização de trechos silenciosos, empilhamento de várias músicas para resultar em ruídos densos.

(3) Trabalhos diversos específicos, influenciados por algum fator extra-musical ou consideração filosófica: um solo envolvendo panelaço e projeção de jogos de futebol; um álbum de silêncio abordando indiscerníveis e performances quase completamente silenciosas de longa duração; trabalho com amplificação de hums da corrente elétrica e sistemas de luz; gravações de som diversas, em que o som ambiente se aproxima do de ruído branco.

(4) Vontade de abarcar o mundo: colaborando com diversas pessoas para desenvolver trabalhos específicos e variados de fotografia, escultura, video, texto, prosódia musical, performance, instalação multimídia e interpretação de jogos musicais e música aberta/indeterminada.

(5) Ações que visam fortalecer a comunidade estabelecida a partir de afinidades com a música experimental; organização de eventos de música experimental. Curadoria dentro desse âmbito e escrita de artigos sobre o assunto. Também gosto de praticar Contato Improvisação e tomar um bom café.


postado em 3 de novembro de 2016, categoria reblog : , , , , ,

vespa f(x^2)

realizei os registros sonoros do segundo encontro internacional de performance vespa f(x^2), ocorrido nos dias 20 de maio de 2016 (galpão paraíso 44) e 21 (ocupação funarte-mg), em belo horizonte. pude contar no dia 20 com apoio do estúdio concatena e dois assistentes, luigi buzele e clara metzker. pode-se ouvir abaixo ou acessar por aqui. a programação inteira do festival foi essa.


postado em 31 de maio de 2016, categoria gravações : , , ,

esteira guarulhos

gravado com um sony pcm100 no dia 02 de junho de 2015, por volta das 23 horas. esteira de recolhimento de bagagens do desembarque doméstico do aeroporto de guarulhos.


postado em 7 de junho de 2015, categoria gravações : , , , , ,

eimas 2013

eu mesmo não entendi o eimas, encontro internacional de música e arte sonora, sediado pela universidade federal de juiz de fora, da primeira vez que fui. há nele algo, mesmo antes com daniel quaranta, pedro bittencourt e luiz eduardo castelões, e neste último, com quaranta e alexandre fenerich, que se mantém, edição após edição: o dissenso.

acostumamo-nos tanto ao malfalado horizonte de consenso que por vezes esquecemos do dissenso. sim, é um encontro entre artistas e intelectuais da música contemporânea e da arte sonora, mas o que isso quer dizer não é um isso. há uma cisão, e simplificadamente, ao menos dois gêneros com partidários dissênticos. um diferendo. a música eletroacústica e contemporânea ligada a certa tradição (mais institucional, festivais internacionais) e a música experimental ruidosa (mais caseira, ligada a pequenas cenas) podem de fato ser reunidas sobre um único guarda chuva?

sim, podem, mas desde que se respeite um certo desprezo de praticantes de um gênero em relação à produção do outro.

de resto, esse espaço importante de reunião, de trocas seletivas, de (re)encontros, de pinga e pizzas.


postado em 11 de outubro de 2013, categoria comentários, shows / eventos : , , , , , ,