praia: antes… quadros
postado em 26 de fevereiro de 2013, categoria Uncategorized : alter do chão, duas ilhas, julia salaroli, kandyê medina, praia, praia: antes..., vídeodança
encontrei esse rapaz em cima do morro da ilha do amor, em alter do chão, no dia 19 de setembro de 2012. ele começou a falar com julia salaroli, e pude gravar parte (menos que a metade) dessa conversação obtusa.
na época da festa do sairé, costumam colocar uma estrutura metálica no topo desse morro. o rapaz tinha preso uma rede de dormir a 3 metros do chão, nessa estrutura. mas ventava.
01: mercado de santarém; 02: fusca da kandyê, guarda grutas; 03: peixe na brasa, no jardim; 04: muitas acerolas a colher; 05: tarubá, fermentado de mandioca; 06: famosa tapioca com abacate; 07: nhoque de cará roxo (por kandyê e julia); 08: açaí com mel; 09: tijuca, a mais carioca das paraenses; 10: a calcinha da turca (que eu não conheci).
a esperar o vôo para santarém, das 0h30 às 4h30 no aeroporto de manaus, depois de um vôo de 9h (de são paulo a manaus, com escalas em fortaleza e belém). uma das piores logísticas de todos os tempos: de belém a manaus justamente não se passa por cima de santarém?! de qualquer forma, para contornar o sono, cansaço e calor (o ar condicionado estava “em conserto”), resolvi conferir se minha mala não seria colocada por engano na esteira errada.
na casa de kandyê medina. ela me hospedou numa casa confortável, com alguns probleminhas, mas ainda assim, confortável. no vídeo, participação involuntária e especial de julia salaroli, que aliás, fez questão de não desmentir o fato de que eu teria de dormir em uma rede (havia uma cama para mim, na realidade).
fomos à parte religiosa e tradicional do sairé, que se deu de manhã. mais interessados nos detalhes, filmei esse fogo, com o qual esquentavam o tarubá, bebida fermentada de mandioca.
após um ensaio aberto com julia e kandyê, no espaço alter do chão, morcegos e mosquitos beira rio. lembrei de conversa com marcelo muniz, na praia de ipanema, da quinzena anterior. meu projeto de igualar o estatuto da visão (que vê luzes e fixa imagens visuais) e o da audição (que ouve sons e fixa imagens sonoras) passaria supostamente por entender como o morcego fixa o mundo através das reflexões sonoras.
1. ando 45 minutos no sol escaldante, com tânia, fenerich e valério. chegando à praia, na ilha do marajó, duas caixas de som tocando reggae, viradas para o mar. uma cabana vendendo cerveja, sem clientes.
2. aparelhagens são equipamentos: dois ou mais paredões de caixas de som, uma nave da xuxa no meio, um show de luzes e telões projetando imagens tipo karaokê. a música é o tecno-brega, eventualmente recedendo ao brega, ou vacilando ao funk-carioca. tum tá tá, só que na intensidade de uma turbina de avião encostada na sua orelha.
3. aparentemente (e sei que isso é parcialmente injusto) a festa do sairé é uma espécie de desculpa para uma orda de playboys, agroboys e playssons invadirem alter do chão e tocarem interminavelmente e repetidamente uma única dúzia de músicas em altíssimo volume. o fazem dos seus carros, enquanto xingam uns aos outros nas piscinas das casas de veraneio, das 13h às 4h da matina, de quinta à segunda. “vou te trair, pode chorar”, “vou te pegar”, “180 180 360” e “periguete” configuram um terço do repertório, que vai do sertanejo universitário ao forró universitário, mas sem que se perceba diferenciação alguma entre ambos.
parece que eu queria porque queria ir à altamira. o fato do pouso final ser em santarém quase passou desapercebido. finalmente, quando eu estava já bem acomodado em uma casa confortável em alter do chão, me ocorreu que eu não iria à altamira. que altamira era apenas a vontade de ir a um local hostil. que a partir da confusão que normalmente permeia minha comunicação com kandyê medina, eu dormiria em uma cama, e não em rede. que havia internet e ventiladores (a despeito de júlia, a divertir-se com táticas de desinformação), que alter do chão era o caribe do pará.