lance de dados
o mundo já havia acabado. naquela mesa o lance de dados sempre obedecia a uma progressão aritmética. naquela velha mesa, tiras de madeira gastas, esburacadas, naquela casa, naquela praça, naquele quarteirão, ruas de asfalto gasto, esburacadas. progressões aritméticas. das árvores na rua, dos cestos de lixo na rua, dos postes na rua, das ruas no quarteirão, dos quarteirões no bairro. foi passeando e notando que desde então, desde o fim do mundo, tudo sempre obedecia a alguma progressão aritmética. foi passeando e notando que ele vislumbrou a possibilidade da grande morte. da morte que encerraria tudo. encerraria a sequência de todas as sequências. e que todas as sequências encerradas, seriam aritméticas.
[dias sem dia di dis do undo]
[dos rascunhos, fevereiro de 2014]
postado em 9 de dezembro de 2024, categoria prosa / poesia : aritmética, lance de dados, undo