éter 2

2014-12-13 cartaz lançamento éter 2

no dia 13 de dezembro será lançado meu álbum éter 2, pela seminal records, no seguinte endereço: www.seminalrecords.bandcamp.com/album/eter2. abaixo, um dos textos do encarte.

Comecemos pela possibilidade de colocar um objeto nu (4’33”, de John Cage). Depois, de usá-lo, dizendo: é preciso escutar. E então ampliar esse ato disciplinado de atenção (0’00”). Esfumaçar as fronteiras entremundos. Ou estabelecer e habitar fronteiras: Mieko Shiomi pedindo o som mais sutil. Muito tempo depois, o grupo Wandelweiser.

Brincar com a possibilidade de indiscerníveis. Dizer: a ocorrência no tempo diferencia as partes, as músicas. Ou ainda, o toca-CDs é um relógio de quatro minutos (70’00″/17, de Jarrod Fowler). Dizer: a duração e a autoridade diferenciam as partes, as músicas: o convite de Guilherme Darisbo para coletânea DADA do selo Plataforma Records.

Querer, como Cage, silenciar um pouco a presença humana (Silent Prayer), seus sons, suas imagens. No estilo o melhor da internet, usuários postam uma, cinco ou dez horas de nada e/ou de “absolutamente” nada. Zen for Film (Nam June Paik) ampliado, planificado. Se a conexão é estável, muito pouco ruído. ‘Se seu computador dormir, acordará sem pedir a senha. Desculpe-me não estar em qualidade HD’ (SpritePix). Alguns desses vídeos usam tela branca. Mas o transparente não deveria aparecer como preto, em um vídeo para internet? Erro conceitual? – Uso expressivo do branco/fala em Hurlements en Faveur de Sade, de Guy Debord.

Seguindo Raquel Stolf (Assonâncias de Silêncios), é possível empilhar silêncios? E se pensarmos em termos de mascaramento: não estariam os sons mascarando um silêncio subjacente? Um negativo de substância, vazios e nadas permeando. Ou então: soterrados. Tal qual a noção de espaço, quando lhe tiramos todos os objetos. Que inexistência e omnipresença sejam homoefetivas não garante que suas ideias correspondentes também sejam.

 


postado em 11 de dezembro de 2014, categoria obras, textos : , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,
  1. henrique iwao disse às 12:19 em 29 de dezembro de 2014:

    José Maria Da Silveira
    15 de dezembro às 17:03 ·
    Cenas de um mundo dentro do mundo: Passamos por um bar na Juscelino. Djavan, Jorge Vercillo… No dia anterior, soava James Brown em um espaço de eventos em Campinas. Tão longe das lutas sociais do Alabama, tão perto do kitsch dançante.
    Dia seguinte: Espaço Ibrasotope.
    Três maiores como dizem os espanhóis e uma moçada incrível, atenta e .referenciada. Gente que vai a um teatro em uma casa para participar com atenção das 7 apresentações de “música” experimental, composições contemporâneas. Primeiro grupo, 4 moças brincando com vozes e dança. Interessante. Mas um pouco fora de lugar. Em seguida, Henrique Iwao propõe uma hora de quase silêncio, como se silêncio fosse possível na cidade dentro da cidade. Helicópteros e aviões passando tornaram o gestual silencioso em exercício de abstração e protesto surdo..Os gestos silenciosos sugerem ascetismo e disciplina, mas reflexão sobre o que é possível fazer é quase agressiva. Segue-se um roqueiro transloucado pós Sepultura e uma espiral que nos fazem pensar como tudo rapidamente se torna conhecido e convencional. Só perdi o grupo final pois tinha que chegar em casa em Campinas antes da meia noite.
    Proponho um dito: não confie em ninguém que vá a apresentações com mais de 30 pessoas. Velhos ouvindo Back to USRR me dão profunda tristeza.