duas ilhas
1. maya deren, at land (1944).
2. excerto de “causas e razões das ilhas desertas”, de gilles deleuze, trad. de luiz b. l. orlandi. em: a ilha deserta e outros textos: textos e entrevistas (1953-1974). são paulo, iluminuras, 2010.
sonhar ilhas, com angústia ou alegria, pouco importa, é sonhar que se está separando, ou que já se está separado, longe dos continentes, que se está só ou perdido; ou então, é sonhar que se parte de zero, que se recria, que se recomeça. havia ilhas derivadas, mas a ilha é também aquilo em direção ao que se deriva; e havia ilhas originárias, mas a ilha é também a origem, a origem radical e absoluta.
(…) já não é a ilha que se separou do continente, é o homem que, estando sobre a ilha, encontra-se separado do mundo. Já não é a ilha que se cria do fundo da terra através das águas, é o homem que recria o mundo a partir da ilha e sobre as águas. então, por sua conta, o homem retoma um e outro dos movimentos da ilha e o assume sobre uma ilha que, justamente, não tem esse movimento: pode-se derivar em direção a uma ilha original, e criar numa ilha tão-somente derivada.
ela é origem, mas origem segunda. a partir dela tudo recomeça. a ilha é o mínimo necessário para esse recomeço, o material sobrevivente da primeira origem, o núcleo (…) que deve bastar para re-produzir tudo.
postado em 23 de setembro de 2012, categoria Uncategorized : a ilha deserta, at land, duas ilhas, gilles deleuze, ilha deserta, ilhas, maya deren, origem
as duas indicações foram de kandyê medina e julia salaroli.