contraponto
sobre o contraponto, ludwig wittgenstein escreve (cultura e valor. lisboa: edições 70, 2000 [anotação datada de 1941]):
“o contraponto pode ser um problema extraordinariamente difícil para um compositor; nomeadamente, o problema: que atitude deverei adoptar, dadas as minhas inclinações, relativamente ao contraponto? ele pode ter descoberto uma atitude convencionalmente aceitável e, contudo, sentir ainda que esta não é, propriamente a sua. que não é claro o que o contraponto devia para ele significar. (estava a pensar, a esse respeito, em schubert; no facto de ele querer ter lições de contraponto já perto do fim da sua vida. penso que a sua intenção pode ter sido, não tanto aprender apenas mais um contraponto, mas determinar as suas relações com ele.)”
brahms, que tomou como modelo muito do que beethoven edificou, o fez tendo em mente seus últimos trabalhos. mas, enquanto no contraponto do beethoven final há um sentido de conflito, de destino (resgate, inadequação, futuro), em brahms as coisas soam mais resolvidas, atenuadas. o excesso da quarta sinfonia pode ser tomado como um excesso do contraponto, mas o uso em si não é um uso desbravador. foi preciso o quarto movimento, para resgatar esse sentido, patente no final da nona sinfonia de beethoven, uma mistura de arcaísmo, destinação e .
postado em 19 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : contraponto, franz schubert, johannes brahms, ludwig van beethoven, ludwig wittgenstein