No fim de semana extendido deste início de setembro, fui até Belo Horizonte, fato comentado no meu outro blog, no posterous. Continuei com meu projeto de microshows, realizando mais 8 destes, de modo similar aos shows realizados em das Überland.
Aqui, cabe já uma microreflexão: embora o instrumentário e a curta duração contribuam para uma atitude próxima ao “brincar”, como o brincar de uma criança com seus brinquedos – parece sempre existir uma atmosfera de confrontamento, como se a coabitação com os sons da cidade só pudesse se estabelecer através do atrito; sons cuja existência é proposital, forçosamente dialogando com sons que são mais como que um subproduto de outras ações: comunicativas e instrumentais.
006. 2011-09-01 Camanducaia, Fernão Dias, posto Euronav, 10h27.
007. 2011-09-01 Belo Horizonte, Artur Alvim 354, 17h24.
008. 2011-09-01 Belo Horizonte, Artur Alvim 354, 12h06.
resolvi ir a belo horizonte, ver o fad performance e o fad galeria, no museu inimá de paula, ler livros (the yes man, bauman, licht, landy) e artigos (fabbrini, jameson), visitar o café casa bonomi, beber cerveja, encontrar amigos (mas apenas marco scarassatti me deu bola), fazer microshows.
dois trípticos com alexandre fenerich, primeiro utilizando o capacete sonoro, de marco scarassatti; depois, com a mão cortada (esqueceu de colocar luva ao tocar uma “chapa quente” (de zinco), no referido fad.
Um filme leve, quase despretensioso: o homem de ciência se dá mal, o mundo acaba (grande coisa, não chega a ser uma perda dramática), tristão e isolda se encontram na morte, harmonias, melodias – pastiches de si mesmo, os rituais são todos esvaziamentos; mais eis que surge uma dúvida, eles serão de fato renovados? penso que a criança da caverna mágica (demasiado humana) invoca Nietzsche:
“Alguns degraus para trás – Um dos degraus, certamente muito alto, da cultura, é alcançado quando o homem ultrapassa conceitos e medos supersticiosos e religiosos e, por exemplo, não acredita mais nos caros anjinhos ou no pecado hereditário, e até mesmo da salvação das almas desaprendeu de falar: nesse grau de libertação, ele ainda precisa, com suprema tensão de sua lucidez, superar a metafísica. Mas em seguida é necessário um movimento de retrocesso: ele tem de compreender a legitimação histórica, assim como a psicológica, de tais representações, tem de reconhecer como a máxima promoção da humanidade veio de lá e como, sem esse movimento de retrocesso, nos privaríamos dos melhores resultados conseguidos pela humanidade até agora. – No tocante à metafísica filosófica, vejo agora um número cada vez maior daqueles que chegaram ao alvo negativo (que toda metafísica positiva é erro), mas ainda são poucos os que descem alguns degraus para trás; ou seja, devemos, decerto, olhar para além dos últimos degraus da escada, mas não querer ficar sobre eles. Os mais ilustrados só vão até o ponto de libertar-se da metafísica e lançar-lhe, para trás, um olhar de superioridade: e no entanto, também aqui, como no hipódromo, é preciso dobrar o final da pista.”
Melancholia. Dinamarca, Suécia, França, Alemanha, 2011. Escrito e dirigido por Lars von Trier. Com Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg e Kiefer Sutherland. Production House.
Durante os dias 22 a 26 de agosto de 2011 estive em Uberlândia (Das Über Land, terra de cima), onde realizei os primeiro cinco eventos dessa minha nova série: os Microshows. A idéia consiste em realizar pequenos eventos musicais de caráter lúdico, com duração máxima de 10 minutos, em locais diversos, com ou sem público; esses eventos são documentados e depois veiculados na Internet, com uma ou duas fotos e um excerto de 1 minuto de vídeo. Todos os shows são também georreferenciados, permitindo traçar um diagrama de atuação (no futuro).
O instrumentário utilizado na ocasião consistiu em um amplificador marshall mini, piezo, uma minitábua amplificada, brinquedos eletrônicos, objetos cotidianos e algum elemento local. Embora bastante intuitivamente (e de forma incipiente), procurei tentar articular alguns sons ambientes; a idéia é tentar estabelecer um sentido musical para esses eventos, para além da intervenção performática que eles promovem.
001. 2011-08-23 Uberlândia, UFU bloco 3Q, 11h23.
002A. 2011-08-24 Uberlândia, João Balbino 662, 15h00.
002B. 2011-08-24 Uberlândia, João Balbino 662, 15h15.
003. 2011-08-24 Uberlândia, UFU em frente à Biblioteca, 20h04.
acordado, semi-dormindo, indo ao banheiro para urinar de 20 em 20 minutos, das 0h às 4h, e esse princípio me atormentando: era preciso repeti-lo, para lembra-lo, para guarda-lo, um homem com insonia, mas também: com um princípio claro, cristalino.
(obscuro)
“é possível compreender a fenomenologia, em sua extensão, analisando a expansão do jacaré (o crocodilo, repito, é um mito, não existe). um jacaré, assim exposto, com 1 metro, expandindo, não apenas em comprimento, mas principalmente, acizentado.”
“‘Variação’ é o termo formal para uma composição musical baseada em uma outra obra musical anterior, e muitos dos métodos tradicionais (mudança de tonalidade, métrica, ritmo, harmonias ou andamento) são utilizados, hoje em dia, da mesma forma por músicos sampleadores [amostradores]. Mas a prática do amostramento é mais do que a simples modernização ou expansão do número de opções válidas para aqueles que buscam inspiração no refinamento de uma composição prévia. A história dessa música remonta ao advento da gravação, e a sua emergência e desenvolvimento espelha a crescente consciência da relação entre a sociedade e experiência músical. Começando com os precendentes alcançados por Charles Ives e John Cage, VARIATIONS irá apresentar um panorama dos maiores marcos do sampleamento em música, mostrando exemplos de composições do século vinte, arte folclórica e a mídia comercial, até o encontro dessas três tendências nos dias presentes.
O professor Eric Faden da Universidade de Bucknell criou essa humorada – e informativa – apresentação dos princípios de direito autoral, conduzida pelos mesmos personagens que motivaram a expansão quase perpétua dos termos desse direito (dos Estados Unidos para o mundo). Acessem também: http://cyberlaw.stanford.edu/documentary-film-program/film/a-fair-y-use-tale
seria a seleta a cachaça do terceiro reich mineiro? e a partir do poema de lewis carrol, comparem a canção one vision (emi / capitol, 1985), do queen:
com geburt einer nation (mute, 1987), do laibach:
a letra foi apenas traduzida para o alemão (com exceção ao “fried chicken”, que foi omitido). em português:
“eu tive um sonho / quando eu era jovem / um sonho de doce ilusão / um lampejo de esperança e unidade / e visões de uma doce união / mas um vento gélido sopra / e uma chuva negra cai / e no meu coração me mostra / olhe o que fizeram com meus sonhos
então dêem me suas mãos / dêem me seus corações / estou pronto / só há uma direção / um mundo uma nação / sim, uma visão”