a partir de lyotard, a condição pós-moderna (1979) direi: a bomba atômica abala crença na legitimação (narrativa) da ciência como o progresso do herói da liberdade rumo à libertação do espírito.
e ele disse: você gosta de jogos, eu gosto de jogar; enquanto você quer regras das quais possa analisar a situação, estabelecer estratagemas e definir estados, eu quero fazer lances, sob o fundo do mal sabido.
Por ocasião do Eimas 2011, fui a Juiz de Fora, tocar e apresentar uma palestra com Marcelo Muniz.
Marcelo insistiu para pegarmos avião e lá fomos, ônibus no Shopping Eldorado até Campinas-Viracopos; cervejas e primeiro microshow, dois pães de queijo exorbitantes ($) e Azul, voando ao lado da turbina (eu filmogravei, quando tiver tempo posto). Chegando, mais ônibus, da Zona da Mata até a cidade, e o resultado disso foi que nosso equipamento foi danificado, apesar de razoavelmente embalado, e eram tábuas amplificadas novinhas, feitas por Marcelo com esmero, malditos azulentos, ou seja, tacam suas malas escrito frágil violentamente quando podem.
014. 2011-09-13 Campinas, Aeroporto de Viracopos: Umrry American Bar, Rua Viracopos 2, 11h13. Participação especial desdenhosa de Marcelo Muniz.
015. 2011-09-14 Juiz de Fora, UFJF Restaurante Universitário, Vila Local, 13h30.
016. 2011-09-14 Juiz de Fora, UFJF Instituto de Artes e Design, Vila Local, 16h44.
017. 2011-09-16 Juiz de Fora, UFJF, Rua José Lourenço Kelmer s/n, 14h55. Participação especial e caminhada (subida braba): Flávio Lazarino AKA Bomanoia.
018. 2011-09-16 Juiz de Fora, UFJF Instituto de Artes e Design, Vila Local, 15h32.
não que ingrid jonker fosse uma poeta eminentemente política; especialmente sensível, fez de sua fragilidade força, enquanto pôde.
black butterflies. holanda, alemanha, áfrica do sul, 2011. dirigido por paula van der oest, roteiro de greg latter, com rutger hauer, carice van Houten e liam cunningham.
já é a segunda vez que me aparece em sonho, com a mesma ocupação, a filologia. tem um ar calmo, sereno, vestido creme, entre o branco e o creme, o sorriso e o piercing; mas onde a memória cria, o sonho cria também, esses males da distância, a filologia (é professora, estudou filosofia).
ministrada por leigh landy, na eca/usp, programa de pós-graduação em música, setembro de 2011. nesse curso, tivemos como tarefa diária preparar uma composição para o dia seguinte, além de uma para a semana inteira.
2011-09-20: vida e arte, relações entre música e a vida cotidiana. coletânea editada dos microshows juiz de fora (a serem postados em: microshows).
2011-09-21: something to hold on to – música que ofereça algo para que o ouvinte se apoie, durante a escuta. nesse caso, o nome: bola de ping pong e peões; atentem ao reconhecimento dessas duas fontes sonoras.
2011-09-22: para um público específico. no caso, os fans do álbum thriller do michael jackson. não coloco por ser parte das minhas coleções de áudio, que eu não disponibilizo para ninguém.
2011-09-23: para ser apresentada em um meio específico. deve-se ouvir essa peça em fones de ouvido, para ter a sensação dos espaços absolutamente não realísticos (isso não funciona direito se tocado em caixas de som).
2011-09-24: trabalho final do curso, música comunicativa. as coisas caem quando eu empurro, a gravidade ajuda, com a queda há sons, mas com o cair há a expectativa de som (é possível que eu não entenda bem essa questão do “comunicativo”).
projeto desenvolvido durante a disciplina “aspectos tecnológicos na música atual”, ministrada por fernando iazzetta, na usp; realizado entre agosto e dezembro de 2009, por henrique iwao & marcelo muniz + thayane oliveira. parado (abandonado?) desde então. os escritos abaixo foram feitos na época e, tal qual o bolo de noiva, não foram recauchutados.
um dos gestos que me perseguem: mãos nos extremos do piano, movimentos quase ou totalmente cromáticos, das extremidades para o centro; melodia martelo, basicamente cromatismos, ao centro. depois: uma pontuação rítmica pulsando, suingue atravessando a grade.
tentem imaginar quando tenho que tocar no piano com a cabeça e com o pé direito: se voltar ao projeto de ser um “compositor sério”, quem sabe não trabalho anotadamente uma versão de 15 minutos desse tipo de coisa, mas aí: escritura-partitura.
11h20 entro no tapas clube, dia 10 de setembro de 2011. escolho pagar R$ 15,00 de entrada. dou meu nome e telefone, sou devidamente revistado. vou ao banheiro, espero, e não há sabão para higienizar a mão. vão buscar para mim. lavo as mãos, depois vejo o que há para beber. peço chop eisenbahn escuro, mas não há, desisto. como helena marc, minha amiga, não está resolvo sair do tapas, dar uma volta. pago, devolvo a comanda que recebi na entrada e recebo dois papéis: recibo do cartão e de pagamento. abrem uma porta especial para eu sair, agora 11h35. o segurança abre e logo fecha a saída, são dois seguranças. ele me diz: me dê a comanda. eu digo que entreguei no caixa. ele diz, você não pode sair sem entregar a comanda, eu digo que já entreguei e que por isso posso sair (tento sair mas ele me barra). eu digo que ele não pode ficar assim usando a força física, que eu tenho o direito de sair e que se há algum problema, que eles verifiquem o que deu de errado. ele diz que eu que tenho de resolver, voltar lá dentro, etc. como eu não vou, ele me empurra a força e me leva lá dentro, onde a moça me explica que o recibo = comanda.
entrego a comanda e saio. 40 minutos depois volto, pois recebi um vale entrada vip. dou de novo meu telefone e nome, e recebo outra comanda. quando vou adentrar, o segurança diz para eu esperar, e um negro alto e grande, com uma postura intimidadora me empurra e diz, me dá sua comanda agora, fica me empurrando eu dou a comanda, ele me empurra pra fora do estabelecimento, isso por 0h15 do dia 11 de setembro.
ou seja, ficaram com meus R$ 15! e me forneceram um vale entrada mas pegaram ele de mim e me impediram de entrar. e nada de helena, fotos e show de “rock”.
A frustração trazida pela compreensão enfim do que é o plano de imanência em Deleuze: sua filosofia é de fato um sistema de pensamento. Ao plano do puro potencial já foram traçados os planos de consistência e organização, o grau zero do corpo sem orgãos é um imaterial, um abstrato, nossos orgãos já se desenvolveram, se funcionalizaram, traçaram planos próprios, individualizaram nossas percepções: como diria William Blake, a unidade foi perdida.
E esses órgãos, individualizados, traçam no máximo planos homogeinizados por uma qualidade (física, perceptiva ou de afeto), mas impedem o contínuo do físico ao afetivo, a aglutinação impensável de um sentido em outro. É como se tudo pudesse ser de outra forma, mas não é. Entre o grande Destino e o estar aberto ao Caos, apenas um modo de dizer.
E no entanto, como discordar, como não dizer que as leis da natureza são apenas hábitos enraizados?